Publicado em 5 de maio de 2019 às 22:23
Totalmente cego desde os 18 anos, Carlos se vira muito bem. Consegue escolher suas roupas, trocar mensagens de WhatsApp, ler correspondências, e-mails e até cardápios de restaurantes. Pode pegar um ônibus para ir aonde quiser, como às compras, por exemplo. Isso tudo sozinho. Quer dizer, sozinho não, pois ele tem a companhia inseparável do celular.>
A tecnologia vem possibilitando uma vida praticamente normal a pessoas que não têm visão nenhuma ou enxergam pouco. Como Carlos, que vive conectado e usa diversos aplicativos na sua rotina diária.>
A tecnologia é essencial no meu dia a dia e me permite ter uma autonomia de 100%. Acesso redes sociais, pago minhas contas e navego pela Internet, conta Carlos Alexandre Nunes dos Santos, 32 anos, que de tão interessado na área acabou se tornando um consultor em tecnologia para acessibilidade.>
Ele já nasceu cego de um olho, mas uma infecção a um colírio para tratar glaucoma acabou afetando a visão do outro olho quando tinha 18 anos. Desde então, a ajuda para realizar coisas básicas está na palma da mão dele.>
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Na hora de pegar um ônibus, por exemplo. Uso um aplicativo chamado Moovit que tem muitas funções bacanas. Posso preparar a rota e deixar o fone no ouvido. Três pontos antes do destino, ele começa a avisar. E quando estou a um ponto de distância, já pede que eu dê o sinal para descer, cita Carlos.>
Um outro aplicativo reproduz em voz alta tudo o que há na tela do celular, como mensagens, uma página na Internet, e-mails recebidos... É uma voz sintetizada. Há vários modelos de vozes, das similares a seres humanos às mais robotizados, diz ele.>
SEM LUPA>
Elizabeth Mutz também usa esse recurso. Ela, que tem baixa visão, concorda que a vida se tornou mais fácil com o avanço da tecnologia. Antes, eu precisava carregar uma lupa no bolso. Agora, levo o celular e consigo fazer muita coisa, como contar dinheiro, procurar documentos, comenta ela, que é a atual presidente do Instituto Braile, em Vitória.>
O auxílio pode estar em outra pessoa do outro lado da tela. Alguém sem problemas de vista pode emprestar seus olhos para um cego identificar a cor de uma camisa no armário, por exemplo.>
O Be my eyes existe desde 2012 e já tem uma rede com milhares de voluntários cadastrados prontos para dar essa ajuda por meio de uma simples videochamada.>
Uso bastante. Por exemplo, quando recebo uma correspondência e não há ninguém próximo para ler para mim. Recorro ao aplicativo, e uma pessoa atende e me ajuda. O número de usuários ainda é menor do que o de voluntários por falta de informação mesmo, observa Carlos.>
OS APPS>
TalkBack e Voice Over>
O TalkBack é um software leitor de tela para celulares Android, um recurso de acessibilidade que ajuda pessoas com deficiência visual a selecionarem as opções presentes em menus do smartphone. O suporte de voz fala em voz alta quais são as alternativas na tela. A versão para iOS é o Voice Over. >
Zing>
Também disponível para aparelhos Android, esse app permite que pessoas cegas ou com baixa visão reconheçam cédulas de dinheiro. E mais: faz a leitura de cardápios ou cartazes. >
Moovit>
O app, disponível para iOS e Android, facilita o acesso dos cegos ao transporte público, permitindo que eles planejem o itinerário, com alertas que avisam quando chegam ao destino. >
Be my eyes>
O app permite que pessoas que enxergam ajudem cegos a resolver problemas pontuais, como ler um rótulo, uma conta ou escolher uma camisa, tudo por uma videochamada. >
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