Publicado em 21 de maio de 2019 às 00:08
Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) sugere que adolescentes com sobrepeso têm risco aumentado de desenvolver doenças cardiovasculares tanto quanto jovens obesos.>
Testes de desempenho cardíaco feitos com voluntários entre 10 e 17 anos revelaram que os dois grupos sobrepeso e obesidade apresentam resultados muito parecidos.>
A pesquisa teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e foi publicada na revista Cardiology in the Young. Participaram do trabalho cientistas da Kennesaw State University, dos Estados Unidos, e da Faculdade de Juazeiro do Norte, no Ceará.>
Até recentemente, o sobrepeso na adolescência não era considerado um fator de risco tão importante para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como é a obesidade. Constatamos que os riscos em ambas as condições são parecidos, disse Vitor Engrácia Valenti, professor da Unesp de Marília e coordenador da pesquisa.>
>
GRUPOS>
Os pesquisadores dividiram 40 adolescentes em dois grupos, com meninos e meninas na mesma proporção e com diferentes valores de escore-z escala usada no diagnóstico nutricional de crianças e adolescentes baseada no número de desvios padrão acima ou abaixo da média da população na mesma idade.>
O primeiro grupo foi composto por adolescentes com sobrepeso, classificados pelo escore-z com um a dois desvios padrão acima da média (+ 1 e +2). O segundo grupo reuniu adolescentes obesos, identificados pelo escore-z com desvios padrão acima de dois.>
Os jovens foram submetidos a um protocolo de exercícios físicos moderados, que incluía caminhada de 20 minutos em uma esteira sem inclinação. O objetivo era alcançar 70% da frequência cardíaca máxima estimada para a faixa de idade.>
A variabilidade da frequência cardíaca dos adolescentes foi medida antes e depois do exercício, a fim de avaliar a velocidade de recuperação cardíaca autonômica na sequência da atividade física. Essa medida permite analisar o risco de uma pessoa apresentar uma complicação cardiovascular imediatamente após uma atividade física e também estimar o risco de vir a ter uma doença cardiovascular no futuro.>
REDUÇÃO>
Durante os primeiros segundos de um exercício físico, há uma redução da atividade do sistema nervoso parassimpático responsável por estimular ações que relaxam o corpo, como desacelerar os batimentos cardíacos.>
Já após os primeiros 50 a 60 segundos do esforço físico há um aumento da atividade do sistema nervoso simpático estimulando ações de resposta a situações de estresse, como a aceleração dos batimentos cardíacos, por meio dos efeitos da adrenalina.>
Estudos publicados nos últimos anos indicaram que, quanto maior é o tempo que esse sistema nervoso autônomo demora para se estabilizar após o exercício e recuperar a frequência cardíaca normal, maior também é a predisposição para doença cardiovascular ou metabólica, explicou Valenti.>
As análises da variabilidade da frequência cardíaca dos adolescentes com sobrepeso e obesos revelaram que não houve diferença significativa entre eles. Os resultados das análises estatísticas também indicaram que não houve diferença na variabilidade da frequência cardíaca das meninas em comparação com a dos meninos.>
Essas evidências sugerem que os adolescentes com sobrepeso têm a mesma predisposição, ou uma vulnerabilidade muito parecida com a de obesos, de desenvolver uma doença cardiovascular, como hipertensão e insuficiência cardíaca, além de distúrbios metabólicos, como diabetes, dislipidemia e alterações nos níveis de triglicérides e de colesterol, disse. (Agência Estado)>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta