O bebê começa a dar os primeiros passos e logo caminha na ponta dos pés. Já viu essa situação? De 80% a 90% dos casos, esse comportamento é considerado normal, e, depois de um certo tempo, desaparece. Mas, em algumas situações, é preciso investigar para saber se o andar na ponta dos pés, associado a outros fatores, pode indicar um transtorno de desenvolvimento.
A pediatra neonatologista Kátia Cristine Carvalho Pereira, que coordena o ambulatório de prematuros do Hospital das Clínicas (Hucam), explica que a marcha em ponta dos pés ocorre em crianças saudáveis. O que temos que avaliar é se essa marcha é de origem desconhecida, que se caracteriza por ser evidente desde inicio da marcha, sempre nos dois pés e não é progressiva; ou se é uma marcha em ponta associada a alguma doença.
Segundo a médica, esse modo de andar é considerado uma fase de desenvolvimento normal da criança e transitória, desaparece de três a seis meses após o inicio da marcha ou pelos 7 anos de idade. "Converse sempre com o seu pediatra para avaliar a necessidade de um tratamento que deve ter como objetivo a mínima intervenção", diz a pediatra.
PREMATUROS
A marcha na ponta dos pés, de acordo com a médica, é uma queixa frequente no consultório de pediatria geral e, principalmente, no ambulatório de prematuros. Nesses casos, pode sugerir um sinal de paralisia cerebral. Mas não quer dizer que toda criança prematura que anda assim terá uma paralisia cerebral, reforça a especialista.
O QUE OBSERVAR
Uma dica aos pais é observar se a marcha em ponta dos pés é coordenada e eficiente, com bom equilíbrio, com boa capacidade de corrida, marcha para frente e para trás sem dificuldade e se tem uma capacidade de marcha em calcanhares por alguns períodos. Essas informações indicam que a fase irá passar, sem grandes consequências.
AUTISMO
Nem todo caso de andar na ponta dos pés tem relação com autismo. Por isso, não é necessário alarde entre os pais. Mas, de acordo com o neurologista infantil Thiago Gusmão, é uma das queixas importantes na neuropediatria que o andar na ponta dos pés pode ser um sinal do espectro autista.
"Porém o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista não está somente baseado no andar na ponta dos pés, como forma isolada, mas sim quando associado ao atraso da fala, comportamento antissocial da criança. Aí sim temos uma grande e importante investigação para o espectro autista", afirma.
O médico faz questão de reforçar:
ENCURTAMENTO DE TENDÃO
De acordo com o neurologista, caso esse modo de andar não tenha melhora depois dos 5, 6 anos de idade, naturalmente ou mesmo com fisioterapia e correção postural, pode ser um quadro de possível encurtamento do tendão, chamado tendão de Aquiles, sendo uma causa ortopédica e merece, muitas vezes, intervenção cirúrgica para não comprometer o andar do paciente na vida futura.
"O diagnóstico é clinico, não há necessidade de exames para evidenciar o encurtamento de tendão e o mais correto é o encaminhamento ao ortopedista para que, se houver necessidade de intervenção cirúrgica, essa tem um sucesso e melhora importante do encurtamento do tendão", orienta Gusmão.
Segundo o o fisioterapeuta Gustavo Pilon, nem sempre o tendão de Aquiles é diagnosticado ao nascimento e, às vezes, é evolutivo.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta