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Pets ‘contam’ suas histórias após serem resgatados das ruas

Pets ‘contam’ suas histórias após serem resgatados das ruas

Uma cachorra, dois cachorros e um gatinho “contam” como encontraram no amor o motivo que faltava para lutar pela vida

Publicado em 8 de novembro de 2019 às 20:18

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Huandra e Milo: superação e muito amor. (Divulgação)

Não me lembro bem como fui parar no Morro da Piedade, em Vitória. Mas sei que estava com a patinha dilacerada, não conseguia apoiar no chão e sentia muita, muita dor. As pessoas passavam por mim, mas não me davam muita bola. Às vezes tinha uma alma boa que me oferecia água e comida. Eu bem que abanava o rabinho para chamar a atenção, mas era só isso mesmo. Até que um dia alguém resolveu tirar uma foto minha. Não sabia exatamente o porquê, mas tratei de fazer uma pose bem bonita, mesmo tendo os ossos expostos da minha patinha. E foi a partir de então que minha vida começou a mudar.

Um belo dia estava eu quase desistindo de tudo quando apareceu uma moça linda na minha frente. No começo fiquei ressabiado, mas como sou um cachorrinho muito dócil, não foi difícil me conquistar. O anjo que veio atrás de mim, após ver minha foto nas redes sociais, se chama Huandra Siqueira Seibel, do Projeto Pra Mia, que realiza resgates de animais abandonados.

Conversando com a comunidade, ela descobriu que eu tinha sido atropelado, por isso minha patinha estava naquele estado deplorável. E esse também foi o motivo que levou meus antigos donos a me abandonarem. Como tudo isso foi muito dolorido, acho que acabei apagando de minha memória. É difícil entender os humanos... Mas a patinha não era o único problema, eu estava também cheio de carrapatos e com infecção. Então, minha cura se transformou em uma longa história de superação. Mas isso são águas passadas. O importante é saber que do Morro da Piedade fui para uma clínica veterinária. E a partir desse momento começaram a me chamar de Milo. Não foi fácil o tratamento. Sofri muito. Mas de longe era bem melhor do que estar nas ruas, sofrendo, muitas vezes, todos os tipos de maldade, passando frio e fome.

Passei uns dias lá e fui muito bem tratado. Até ir para a casa da Laura Vanin Navarro, que cuidou de mim com todo o carinho e fazia vários curativos na minha patinha. Todo dia essa minha nova “mãe” falava que eu teria que fazer uma cirurgia. Confesso que senti um pouco de medo, mesmo sem ter noção do que era. Mas era tanto amor que, quando chegou a hora, bateu uma tranquilidade... Me senti, finalmente, seguro.

Sabia que se eu estava voltando para a clínica, era por um bom motivo. Hoje, embora ainda não consiga apoiar totalmente a patinha no chão, já consigo correr para tudo quanto é canto, sempre ao lado dos cinco gatos e do bem-te-vi que moram com minha “mãe” Laura. E com a fisioterapia sei que logo, logo, vou ficar totalmente bom.

Eu acho que sofri muito na rua porque minha “mãe” conta que quando cheguei chorava muito e ela, com dó, me deixou dormir todos os dias na sua cama. E até hoje é assim. Mas eu sei que aqui é só um lar temporário, que estão à procura de uma adoção responsável para mim. Espero encontrar uma família linda. Quem sabe essa pessoa não é você, que está lendo essa matéria?

UM ANJO NA VIDA DE FILÓ

Luciane Mattedi, o marido, as filhas e Filó: a cachorrinha é a princesa da casa. (Vitor Jubini)

Eu também não me lembro bem como fui parar nas ruas do Bairro Areinha, em Viana. Mas sei que estava sofrendo muito, não tinha mais forças para nada, pois as larvas em minha boca não deixavam eu me alimentar. Por isso, estava com anemia. E ainda tinha carrapatos pelo corpo todo. E o pelo estava tão embolado que não dava nem para perceber o quanto eu sou linda. Sim, hoje minha autoestima é outra, me sinto uma linda cachorrinha, mas quando eu estava nas ruas, a realidade era outra.

O anjo que me resgatou, assim como o Milo, foi a Huandra. E assim que aconteceu o resgate fui apelidada de Filó. Até me recuperar, foi um longo caminho. Primeiro passei pela clínica veterinária, depois fui para um lar temporário. Recebi muito amor e foi isso que me fez acreditar que ainda tinha uma chance de ser feliz. Sofri muito na rua e confesso que já tinha desistido de tentar viver.

Eu estava muito feliz neste lar temporário, mas um dia uma moça muito doce, Luciane Mattedi, entrou em contato com o Projeto Pra Mia querendo me adotar. Na verdade, fazia tempo que ela procurava uma cachorrinha de porte pequeno para presentear as filhas, Júlia e Isabela. E quando conheceu minha história nas redes sociais, disse que foi amor à primeira vista.

Na entrevista, ela contou que fez um acordo com as filhas: a partir do momento que elas conseguissem cuidar mais de si mesmas, ganhariam o tão sonhado presente. E assim foi.

No Dia das Crianças de 2018 finalmente eu cheguei na minha nova casa. Fiquei em um quarto, onde tinha caminha, pote de ração, água e brinquedos. Além de um balão onde estava escrito: “Vocês querem ser minhas donas?”. Não entendi direito, mas fiquei lá, quietinha, com um pouquinho de medo, confesso, afinal estava em um lugar estranho.

Até que de repente, a porta se abriu, e duas meninas lindas entraram e, quando me viram, choraram de emoção. Me abraçaram com tanto, tanto amor, que compreendi que estava segura e tinha, finalmente, ganhado uma família! E este ano ganhei até bolo de presente de aniversário. Hoje sou muito feliz ao lado da Luciane, seu marido, Paulo, e suas filhas, Júlia e Isabela. E, precisa ver, sou a princesa da casa!

O GATINHO SORVETE

Alexandre e o gato Sorvete: uma relação que começou no abrigo Patinhas Carentes. (Carlos Alberto Silva)

Meu nome é Sorvete, sou um gatinho que teve a sorte de ser resgatado das ruas pela Patinhas Carentes, uma associação que tem como uma de suas coordenadoras a incansável e adorável Andressa Abdel Malek. Estava perdido em Vale Encantado, muito debilitado, ainda filhote. Quando me resgataram, tinha sarna e uma severa infecção nos olhos, e por isso, um deles teve que ser removido. Como podem ver, já nasci abandonado e sofri muito.

Por conta dessa infecção nos olhos, tive que usar por meses o colar elizabetano, e é horrível. Mas apesar de todo o sofrimento por conta do tratamento, eu sentia o amor que aquelas pessoas tinham por mim, e como elas queriam que eu superasse todos os problemas. E acho que isso me fez acreditar que ainda podia ser feliz.

Fiquei primeiro na clínica veterinária e depois fui para o abrigo, onde tive que ficar em uma gaiola, não só por conta dos tratamentos, mas porque também descobriram que sou positivo para FELV (leucemia felina) e FIV (aids felina), duas doenças que podem ser transmitidas para outros gatos, assim tive que ficar isolado.

Mas todos os dias recebia carinho dos voluntários do Patinhas Carentes. E foi justamente um deles, Alexandre de Souza Pinheiro, que frequentemente passava lá para me acariciar, que resolveu me adotar, mesmo sabendo que sofro dessas duas enfermidades, que não são transmitidas para os humanos, mas exigem cuidados especiais em relação ao animal acometido por elas, que é o meu caso. Acho que conquistei o coração do Alexandre porque sou muito tranquilo e adoro um carinho.

Quando cheguei na casa do meu novo “pai”, demorei muito para me adaptar. No início ficava no meu cantinho, mas agora já subo em tudo, só que sou malandro, não derrubo nada. Por enquanto, minha doença está controlada, só preciso aumentar minha imunidade, por isso minha ração é premium.

Meu “pai” e eu sabemos que uma hora minha doença vai se manifestar. Os veterinários dizem que eu posso levar uma vida normal até ela dar o sinal, e quando isso acontecer, a expectativa são dois anos de vida. É triste pensar nisso. Com certeza é. Mas nós, aqui em casa, decidimos viver um dia de cada vez, e que esse tempo seja infinito enquanto dure.

E antes de terminar, queria dar um recado, os gatinhos, como eu, com FIV e FELV raramente são adotados, mas gostaria de dizer que nada disso é impedimento para o amor que podemos oferecer e receber. Deixe o preconceito de lado e abra o seu coração. Ah, só mais uma coisa: estou lindão agora!

DE RUFUS A PANDEIRO

Aline, João Paulo e Pandeiro: ele adora sair pra passear com seus “pais” e correr nos parques e praças da cidade. (Fernando Madeira)

Eu sou um cachorro muito dócil que foi resgatado pela administradora do projeto Vira Lata, Vira Luxo, Jussara Monjardim Kennup. Eu estava em uma casa, em Jardim Limoeiro, na Serra, mas sem nenhum cuidado e muito doente. Não foi fácil convencer a pessoa que se dizia minha dona a me deixar ir embora.

Mas Jussara a convenceu e segui para o abrigo, onde fiz um longo tratamento e me deram o nome de Rufus. Demorou até eu superar os traumas, mas fui tão bem tratado lá que logo fiquei bom, fui castrado e colocado para adoção. E foi em um domingo que a minha vida começou a mudar, quando Aline De Martin viu no Instagram de uma amiga, voluntária do abrigo, eu tomando banho. Fico aqui imaginando a cena.

Diz minha “mãe” Aline que foi amor à primeira vista. Logo que me viu, ela enviou uma mensagem perguntando se eu estava disponível e escreveu que aquele era sem dúvida o cachorro que sempre procurou na vida. Fico aqui pensando com os meus “ossinhos” o que foi que ela viu em mim.

Depois de um longo questionário, que todos os abrigos fazem um antes de disponibilizar o animal para a adoção, finalmente arrumei um lar. Quando Aline chegou ao abrigo, estava agitado, acho que pressenti que alguma coisa boa estava por acontecer.

Minha “mãe” conta que um dia antes de me buscar, saiu com o marido, João Paulo Marçal, para comprar vários acessórios, tudo para mim, cama, pote de ração e água e alguns brinquedos. Então, quando cheguei na nova casa, já estava tudo arrumado, um cantinho especial.

Mas nem deu tempo de curti-lo, porque logo saímos para um pracão, ali perto de casa, onde ela me soltou e eu feliz da vida comecei a correr para todos os lados. Ah, e como sou muito sociável, logo me enturmei com os outros cachorros.

Olha que bom: ela nem precisou me ensinar a fazer as necessidades no jornal, sempre fui bem educado. E sabe o que é engraçado? Conquistei toda a família! Não tem um dia em que fico sozinho em casa, sempre tem alguém que vem me buscar para passear.

Minha “mãe” diz que não imagina mais sua vida sem a minha presença. E pensar que antes de eu chegar aqui ela entrou em contato com um canil para comprar um buldogue francês! Mas ainda bem que desistiu, até porque o local foi fechado durante uma inspeção do Instituto Luiza Mel, por maus-tratos aos animais. Por isso, vou deixar um alerta: isso acontece muito frequentemente. Todo cuidado é pouco. Antes de comprar um animalzinho, faça uma pesquisa minuciosa do lugar.

O melhor, como diz minha “mãe”, é adotar, afinal existem muitos animais, como eu, com histórias surpreendentes de superação à espera de uma chance, querendo encontrar uma família e prontos para dar muito amor. E eu garanto: você não vai se arrepender, vai ter um amigo para a vida toda. Ah! E agora meu nome agora é Pandeiro.

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