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Heroínas anônimas: elas resgatam pets abandonados das ruas

Heroínas anônimas: elas resgatam pets abandonados das ruas

Graças a vários projetos, sem fins lucrativos, essas mulheres resgatam muitos cães e gatos. Debilitados, eles são tratados, castrados e ficam em abrigos até ganharem uma família

Publicado em 9 de julho de 2020 às 17:55

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Ida Luiza Finamore Ferraz, fundadora do projeto Vira Lata Vira Luxo
Ida Luiza Finamore Ferraz, fundadora do projeto Vira Lata Vira Luxo. (divulgação)

Cuidar de nossa cidade ou Estado cabe não só a cada um de nós, cidadãos, mas principalmente ao Poder Público. E dentro desse compromisso também está o de zelar pelos animais abandonados nas ruas, não só por uma questão de saúde pública, mas porque os pets sentem fome, frio e medo. Isso sem falar em todos os tipos de maus tratos a que estão sujeitos.

E quem atua nessa causa, principalmente as Ongs e os protetores, sabe da luta diária que é para retirar cães e gatos abandonados das ruas. Porque não basta retirar, eles precisam de cuidados veterinários e, consequentemente, medicações (na maioria das vezes de internação), castração, abrigo ou lar temporário, para, só depois, serem disponibilizados à adoção. Só que para tudo isso é necessário recursos, que no caso dessas pessoas, vêm por doações feitas, em grande parte, por uma rede de voluntários sensibilizados com a situação. Portanto, da própria sociedade.

É bom lembrar que o Poder Público só retira animais das ruas no caso de eles estarem representando algum risco às pessoas ou por uma questão de saúde pública. Enfim, são poucas as ações direcionadas para diminuir com castração, por exemplo, o aumento populacional de cães e gatos abandonados. Isso sem falar de outras ações importantes. O problema é que pouco – ou quase nada - do orçamento estadual ou municipal é disponibilizado para essa questão. Então, essa luta, sem dúvida, é definitivamente das ongs e dos protetores e, de certa forma, da população sensibilizada que faz doações para ajudar a causa.

Ajuda vem até dos Estados Unidos

E às vezes essa ajuda vem de longe, como é o caso de Ida Luiza Finamore Ferraz, fundadora do projeto Vira Lata Vira Luxo, que mora nos Estados Unidos. “Em 2005 fui visitar minha família em Vitória e, passeando na Praia do Canto, vi um cachorrinho na coleira com o dono e brinquei com ele. Três dias depois o encontrei sozinho. Ele tinha sido abandonado e foi devastador ver as condições em que ele se encontrava, depois de apenas três dias vagando pelas ruas. Era um filhotinho de cerca de cinco meses. Fui até em casa tentar convencer minha mãe a ficar com ele provisoriamente, mas quando voltei não o encontrei mais. Isso partiu meu coração”.

Foi a partir disso que Ida começou a se envolver com a causa, resgatando cachorros abandonados, pagando lar temporário e tudo o que fosse necessário para restabelecer a saúde dos animais, mesmo morando nos Estados Unidos. Até que um dia conheceu Jussara Monjardim e assim nasceu o abrigo Vira Lata Vira Luxo.

“Não é fácil manter um abrigo que precisa de 350 quilos de ração mensalmente, isso sem falar das castrações, medicações e internações necessárias. A conta é alta e gira em torno de R$ 12 mil por mês. Claro, contamos com uma rede importante de voluntários, mas muitas vezes sai mesmo do nosso bolso”, explica.

Hoje, o Vira Lata Vira Luxo conta com 52 cães resgatados. “Mas abrigo é casa de passagem, nosso objetivo é sempre conseguir uma adoção para o animal, mas sempre com muita responsabilidade. Porque não existe coisa pior para um pet do que ser abandonado duas, três vezes, pois as devoluções acontecem”.

Ida conta que com o isolamento social devido à Covid-19 houve um aumento significativo nas adoções. “A gente se reinventou e realizamos duas feiras virtuais, na primeira foram 13 cachorros adotados e na segunda, seis. O bom é que mesmo após o término, ela vai continuar online, por isso ainda estamos com alguns processos em andamento. Tivemos uma devolução e 16 resgates nesse período”, conta.

Helena Fabris, voluntário do Patinhas Carentes
Helena Fabris, voluntário do Patinhas Carentes. (divulgação)

Doe, mesmo que seja R$ 1

O projeto Patinhas Carentes também está comemorando o aumento de adoções nesta pandemia. Foram 11 cachorros e 29 gatos que ganharam uma família. De resgates, foram 11 cachorros e 30 gatos. E, infelizmente, foram devolvidos quatro felinos. “Em relação às adoções foi bem positivo”, explica a voluntária e membro do abrigo, Helena Fabris. “Mas ainda estamos com 70 gatos e 30 cães abrigados”.

O Patinhas Carentes  foi formado em 2008, quando algumas universitárias começaram a se engajar na causa animal. Começaram ajudando animais por intermédio de outros grupos de proteção, até que sentiram que era hora de partir para algo maior e criaram um local específico para abrigá-los. O projeto também conta com voluntários e doações de pessoas simpatizantes à causa.

Helena conta que em 2015 participou de um evento do projeto, se encantou, e começou a participar. Sua dedicação foi tão grande que passou de voluntária a membro também. “Participo da organização”.

“Quando ajudo esses animais abandonados me sinto útil, fazendo uma coisa boa para eles e pela humanidade. Me sinto fortalecida quando estou lá no meio dos pets resgatados. Só quem visita um abrigo é capaz de entender a dimensão do sofrimento pelo qual eles passaram até chegar ali”.

Não é fácil conseguir as doações necessárias para mantê-los mensalmente, só de ração para cachorros são 350 quilos, e para os gatos, 250 quilos. “Nunca, felizmente, faltou nada para nenhum dos animais. Mas é uma luta dura e diária. Nós temos mais de 38 mil seguidores no nosso instagram. Se cada um se comprometesse a doar R$ 1 por mês, teríamos R$ 38 mil mensalmente. Se isso acontecesse, acho que não teríamos animais abandonados pelas ruas”.

Já existe até a campanha doe R$ 1 real. “Mas acho que as pessoas ficam com vergonha de doar tão pouco. Então, quero deixar um recado: não fiquem! Qualquer valor é sempre bem-vindo, o importante é doar”, conclui.

Huandra Seibel, presidente da ONG Pra Mia
Huandra Seibel, presidente da ONG Pra Mia. (divulgação)

Tampinhas de plástico ajudam na castração

Na Ong Pra Mia, presidida por Huandra Seibel, no período da pandemia foram adotados 15 pets, mas dois, infelizmente, foram devolvidos. “Mesmo assim, o saldo foi bem positivo”.

Segundo Huandra, tudo começou, em 2016, com um gatinho que sempre visitava a sua casa, a quem deu o nome de Mia. “Um dia, reparei que ele estava com a patinha quebrada. O abriguei e o veterinário me indicou um remédio. Lembro que uma noite, ao chegar na minha residência, vi que seus olhos estavam sem brilho. Resolvi levá-lo a uma clínica, mas ele, infelizmente, não resistiu e virou estrelinha. Digo, sempre, que Mia foi a sementinha, que ao ser plantada no meu coração, me fez perceber o sofrimento de tantos animais abandonados nas ruas e, assim, começar a ajudá-los”.

O projeto não tem abrigo, trabalha com lares temporários. “Temos voluntários que oferecem suas casas para abrigar os animais resgatados, mas nós arcamos com tudo até ele ser adotado. Não é fácil”.

Ela explica que, hoje, a Ong trabalha com um bazar no Shopping Praia da Costa (eles disponibilizam a loja) que está passando por uma reformulação. “A loja, no segundo andar, continua como ponto de coleta de doações de roupas, entre outras coisas. A novidade é que, além do atendimento presencial, que no momento não está acontecendo, agora fazemos também entrega na casa das pessoas. É só ir no nosso instagram, escolher a peça, e pronto”.

E outra fonte de recurso é o projeto de castração social por meio da reciclagem de tampas plásticas. “É fácil, é só juntar tampinhas de propileno e, depois, deixar em um de nossos pontos de coleta. Já estamos com meia tonelada desde o começo da iniciativa. Toda renda será revertida para a castração de animais resgatados. É importante ressaltar que além da solidariedade, essa ação tem ainda o objetivo de ajudar na preservação do meio ambiente”, lembra.

Adotar um animal é um ato de amor

Abrigo Vira Lata Vira Luxo

Bolt, cachorro pra adoção
Bolt, cachorro pra adoção. (divulgação)

Bolt

Tenho cerca de 4 anos e sou porte grande. Sou muito dócil, adoro os humanos. Sou mestre em fazer dentinho sorrindo e amo receber carinho. Fui resgatado em estado lastimável, mas agora estou fortão e esperando um lar, doce lar.

Jane, cachorra pra adoção
Jane, cachorra pra adoção. (divulgação)

Jane

Fui resgatada em meio à pandemia. Tenho cinco meses e vou ficar porte médio. Sou um doce! Ainda não estou castrada, mas já estou vacinada e vermifugada.

Luck, cachorro pra adoção
Luck, cachorro pra adoção. (divulgação)

Luck

Sou porte grande, vacinado e castrado. Sabe, fui adotado, e apesar de ter sido um bom “menino, fui devolvido. Sou carinhoso e brincalhão, mas não me dou bem com outros cachorros machos. Ah! E sou bem ativo! Vem me buscar, vai!

Patinhas Carentes

gatinhas para adoção
gatinhas para adoção. (Leona e Penélope)

Leona e Penélope

Somos irmãs Fomos resgatadas com nossa mamãe e irmãos, estávamos embaixo do carro de uma das tias do abrigo, acho que sentimos que ela cuidava dos animais. Éramos bem miudinhas quando chegamos, agora já estamos fortes e independentes. Temos três meses, já fomos vermifugadas e somos negativas para FIV e FELV. Queremos uma família!

Áquila, gato pra adoção
Áquila, gato pra adoção. (divulgação)

Áquila

Sou uma gatinha muito tranquila. Fui resgatada junto com minha mamãe e meu irmãozinho, ele já conseguiu uma família, mas até hoje estou esperando a minha. Será que você pode me ajudar a encontrá-la? Sou castrada, vacinada, vermifugada e negativa para FIV e FELV.

Maria, cachorra pra adoção
Maria, cachorra pra adoção. (divulgação)

Maria

Fui resgatada junto com meu irmão, o João. Estávamos perambulando pelas ruas da Serra, correndo muitos riscos, até que me buscaram e garantiram os cuidados, carinho, segurança e todo amor do mundo. Sou muito fofinha, carinhosa, gosto de brincar e receber um denguinho na barriga. Meu porte é médio, tenho aproximadamente quatro meses e procuro um lar com muito amor pra me adotar.

Serviço:

Como ajudar e adotar um animal

Vira Lata Vira Luxo: [email protected] ou (27) 99944-9521

Patinhas Carentes: [email protected]

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Ong Pra Mia: [email protected]

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