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Coronavírus: voluntários oferecem companhia a idosos através de videochamada

Coronavírus: voluntários oferecem companhia a idosos através de videochamada

A capixaba Arielle Sagrillo criou o Projeto Doa Tempo, no qual pessoas de todo país entram em contato com casas de repouso para conversar com idosos. Além do bate-papo,  dá pra recitar poesia, contar história, tocar música e até promover bingo on-line

Publicado em 12 de maio de 2020 às 18:43

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idosa olhando pela janela
Idosa olhando pela janela. (Shutterstock)

Há cerca de 40 dias a psicóloga capixaba Arielle Sagrillo, que mora em São Paulo, resolveu criar o Projeto Doa Tempo. Através dele é possível conectar as pessoas com idosos que vivem em casa de repouso. "Ele foi criado para conectar pessoas. Principalmente dar atenção a uma parcela da população que já vive isolada e, nesse momento, tem o agravante de não poder receber as visitas, o que faz diferença na saúde dessas pessoas", explica. 

A plataforma tem o cadastro de 12 casas de repouso, sendo duas aqui no Estado. Uma em Vila Velha e outra em Aracruz. "Criamos uma ponte entre as instituições e o voluntário. Ele entra e escolhe a instituição que quer ajudar". Ajuda que, nesse caso, é traduzida em afeto. Além de videochamada, a pessoa pode recitar poesias, contar histórias e até promover bingo on-line com os idosos. Basta usar a criatividade e combinar com os responsáveis do local. "É um jeito de as pessoas ajudarem as outras e que não envolve recursos financeiros. É doar o tempo mesmo", conta Arielle. 

O analista judiciário Mauricio Bobra Arakaki, 45 anos, é um desses voluntários. Morador de Sorocaba (SP), ele conheceu a plataforma por indicação da esposa. "Senti que tinha algo para doar,  que a música poderia ser útil nesses momentos mais difíceis". Não deu outra. Ele, que toca ukulele, doou músicas para os velhinhos. "Não conheço nada da intimidade dessas pessoas, portanto tento partir de uma necessidade comum a todos e a cada um de nós, diante das dificuldades que enfrentamos. São mensagens de encorajamento, otimismo e perseverança".

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Mauricio diz que gostaria de conseguir fazer 'visitas' com mais frequência. "Mas sempre que surge uma oportunidade ou tomo conhecimento de um evento, tento fazer o possível para participar e contribuir de alguma forma. Em razão da quarentena, passou a ser uma questão de organizar o tempo e colaborar de forma um pouco mais ativa", ressalta. Com essa atitude ele se sente grato e revigorado. "Grato, porque vejo a generosidade com que eles ouvem a minha música atentamente. Alguns batem palmas no ritmo, outros se põem a cantar juntos, outros parecem que apreciam o momento no seu silêncio. Revigorado, pois intimamente tenho a sensação de estar fazendo a coisa certa e isso me impulsiona a seguir adiante com novos desafios pessoais e projetos. No final, essa interação faz um bem incrível para mim e para eles".

Conversa por videochamada

A bacharela em Direito, Tauana Jadna Ribeiro, 23 anos, também doa seu tempo. Do Maranhão, ela gosta de conversar com os idosos de várias partes do país. "Penso que eles que estão doando o tempo para mim e considero isso uma grande honra. Poder conversar com pessoas com histórias de vida é maravilhoso, uma oportunidade de aprender muito. Considero um privilégio estar com eles, mesmo à distância".

Tauana Jadna, do Maranhão, doa seu tempo para conversar por videochamada com os idosos.
Tauana Jadna, do Maranhão, doa seu tempo para conversar por videochamada com os idosos. "Me sinto uma pessoa melhor depois de cada conversa", diz. (Divulgação)

As conversas acontecem por videochamadas. Tauana conta que são bate-papos agradáveis e edificantes. "Gosto de saber sobre eles, sobre a vida, como usam o tempo, o que gostam de fazer e também sobre os mais diversos assuntos, como espiritualidade, música, família e pessoas". A jovem se sente feliz com a ação. "Sinto como se tivesse acabado de sair de uma sala de aula sobre a vida, em que os professores são os idosos. Me sinto uma pessoa melhor depois de cada conversa", garante. 

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Para Arielle, idealizadora da plataforma, a ideia é que o projeto continue com outras ações. "Percebemos que também é necessário prestar assistência aos funcionários das instituições. Não adianta o acolhimento com os idosos se não olharmos para a equipe composta de pessoas que também estão expostas ao vírus, longe de seus familiares e muita vezes passando por necessidade".

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