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Com improviso ou luxo, eles se montam para a folia

Com improviso ou luxo, eles se montam para a folia

Alguns homens gostam de investir em superproduções para desfilar no Carnaval. Outros preferem usar a criatividade e criar a própria fantasia

Publicado em 14 de fevereiro de 2020 às 18:35

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Laucemir Gonçalves e Weberton Gomes da Silva, que amam carnaval e desfilam todos os anos no Carnaval de Vitória com fantasias luxuosas - Editoria: Revista AG . (Vitor Jubini)

Para alguns, Carnaval lembra algo como bermuda, chinelo, colar havaiano, dedinhos subindo e descendo. Outros, mais animados e com poucos recursos, gostam de improvisar na fantasia. Como é de última hora, pode sair qualquer coisa dali. Daí que encontramos uns piratas bem fajutos, uns mascarados de assustar (no mau sentido). Uma tinta verde no rosto, lá vai um Shrek pro bloquinho. Tudo bem! O que vale é se divertir, né?

Ah, mas alguns homens se jogam de verdade na folia. Não economizam na criatividade e investem pesado no traje para arrasar no desfile da escola do coração. Há aqueles que pensam no look completo, caprichando até na maquiagem para curtir o baile carnavalesco badalado da cidade.

O Edu, por exemplo, gosta de inventar. Não tem nada de luxo, pelo contrário. Ele vai vestir basicamente algo que já tem em casa. Mas tem que ser algo engraçado. E, de preferência, original.

Ele sabe que nunca esbarraria com ninguém no carnaval vestido de melancia. Ou de ‘Seu Marreco’, o avô dele, como personagem. “Sempre achei que criar a própria fantasia é mais divertido do que alugar uma pronta. Quando mais jovem, gostava de pegar peças da minha avó, da minha mãe e inventar”, diz Eduardo Dâmaso de Souza Quadros, 29 anos, garçom e morador de Vila Velha.

Laucemir Gonçalves, dentista, sai como destaque na MUG: luxo na fantasia(Arquivo pessoal)

Foi com esse espírito que ele bolou a inusitada ideia de ir fantasiado daquela fruta. “Encontrei uma camisa com estampa de melancias. Como tinha adorado a peça, fui atrás de uma bermuda que combinasse e uma meia de melancias. Ainda pedi pra minha namorada, que é maquiadora, desenhar uma melancia no meu rosto. Ficou muito divertido”, conta.

No ano passado, ele resolveu homenagear o avô. “Peguei um pijama e um chapéu dele e fiz um bigode. Ficou bem legal!”.

Sim, essa paixão pela festa do Momo está no sangue, é de família. E marcou a infância dele para sempre. “Sou de São João Del Rei, em Minas Gerais. Lá, o Carnaval é famoso pela quantidade de blocos de rua. Cada dia é um com tema diferente. Então, eu já me vesti de mulher, de Luigi do Super Mário… Ia até trabalhar fantasiado. O bar onde eu trabalhava, aliás, tem um bloco que virou tradição. Eles distribuem turbantes para todo mundo”, relembra Edu.

Ele diz que quando se mudou para Vitória pela primeira vez, achou a festa de rua meio fraca. “Vim morar aqui entre 2009 e 2014. Depois, voltei para lá. E agora estou aqui de novo desde 2018. Vi muita diferença! Já está ficando mais animado. No ano passado, fui a um bloco de rua no Centro de Vitória, o Regional da Nair, e adorei!”.

Na folia deste ano, Edu quer se libertar um pouco mais. “Estou pensando em ir de Freddie Mercury, mas com o tema da música ‘I Want to Break Free’”, revela.

Imaginação

Para Kaiky Plaster, o Carnaval também tem esse gostinho de liberdade. “Gosto da folia desde criança. Se revirar meu baú de fotografias, vai me ver de pirata, índio… A vida toda curti muito porque amo entrar nesse universo lúdico e mágico, dar asas à imaginação! A gente pode deixar a seriedade de lado, virar criança de novo”, comenta o relações públicas e produtor de eventos de 33 anos.

Nesta época da folia, ele para tudo para curtir de verdade. É uma maratona intensa, que começa em eventos pré-carnavalescos, passando pelo Carnaval de Vitória, pelos bailes famosos de Vitória, depois por Salvador e terminando na festa carioca.

Kaiky Plaster fantasiado de Aquaman, numa maquiagem por Ricardo Silveira. O relações públicas e produtor de eventos gosta de investir no look no carnaval. (Carlos Alberto)

“O Carnaval de Vitória e o de Salvador eu aproveito no camarote mesmo. Tem nove anos que vou para a Bahia com amigos! Já passei da fase de blocos de rua!”, diz Kaiky.

Se ele samba? “Não passo vergonha, não! Sou festeiro. Minha família por parte de pai é baiana”.

Nos bailes, faz questão de uma produção de arrasar. “Gosto de me fantasiar. No ano passado, fui de grego. Aluguei o traje e mandei fazer uma cabeça especial toda dourada. Eu mesmo fiz a maquiagem”.

Este ano, Kaiky quer algo ainda mais elaborado. “Vou de Índio. Tenho um cocar bonito. Vou fazer uma make também, mas desta vez com um maquiador profissional. Adoro os bailes por isso! Pela energia! Eles caíram no gosto da galera. Vai todo mundo bem produzido, com fantasias caprichadas. Não é obrigação. O que vale é a brincadeira e todos entram no clima”.

Eles saem como destaques na MUG

Agora, para alguns foliões, essa produção toda não tem preço. Ou melhor: até tem, mas eles não gostam de divulgar. Como o casal Laucemir Gonçalves e Weberton Gomes da Silva, que saem ano sim e outro ano também como destaques no Carnaval de Vitória.

“Desfilamos na Mocidade Unida da Glória há cinco anos. Desta vez, vamos num tripé. O enredo está muito bonito, falando das lendas indígenas capixabas. Então, nossa fantasia vai ser de índio. Muito rica e bonita”, garante o dentista Laucemir, o Lau, de 43 anos.

Foi ele quem atraiu o companheiro para essa loucura que é o Carnaval. “Estamos juntos há sete anos. Eu o levei um dia para conhecer o Carnaval de Vitória, e ele se apaixonou. É igual uma cachaça, né? Você toma a primeira dose e não quer mais largar”, brinca Lau.

Ansiedade

O encantamento, segundo ele, começa antes de cruzar a avenida cheio de plumas e pedras preciosas. “Carnaval, pra gente, é muito esperado! Ficamos ansiosos até o carnavalesco entregar o figurino. E aí partimos para a confecção da fantasia. Levamos pro estilista, tiramos as medidas e vamos fazendo as provas. É muita alegria! Mas só quem gosta vai entender”, diz o dentista.

Para Weberton, participar dessa festa é reviver as melhores lembranças da infância. “Meus pais me levavam para brincar nas matinês e clubes de carnaval. Vestir a fantasia era um momento de extravasar sonhos. Sempre foi muito gostoso! Durante um tempo eu não vivi isso, vim estudar, me dediquei à minha profissão. Depois que conheci Laucemir, conheci o Carnaval de Vitória, pude sentir a energia da quadra da MUG, ajudar no pavilhão, nas obras sociais da escola”, comenta o médico de 45 anos.

Estar como destaque na escola do coração é uma realização, diz ele. “Este ano, não íamos desfilar. Mas de última hora decidimos ir. Toda a escola estava pronta, todos os destaques com lugares marcados. O presidente fez um espaço só para nós. Vamos fantasiados de ‘Índios guardiões da sabedoria’. Vai ser muito bonito! A cada ano é assim: o personagem que a gente representa, a gente encarna realmente!

Vestir todo aquele luxo não é fácil: “Tem uma hora, no desfile, que a gente fica um pouco cansado porque a fantasia é pesada. Mas quando olhamos o rostinho de cada pessoa das arquibancadas e dos camarotes, sentimos todo o incentivo delas. É tudo de bom!”

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