Publicado em 3 de outubro de 2019 às 12:33
- Atualizado há 6 anos
A cachorrinha amarela estava em um caixote de feira, às margens da Represa do Guarapiranga, em São Paulo, suja, amedrontada e com fome. Era o ano de 2017. O ciclista Gabriel Rodrigo Pego estava com mais quatro amigos praticando sua maior paixão, o ciclismo. A ideia era passar o dia no local, curtindo a paisagem. >
E desde que chegaram lá, a cachorrinha, apelidada por seus amigos de Amarela, não abandonou os cinco por um minuto sequer. “Como eu não fiquei muito satisfeito com o nome, resolvi mudá-lo para Yellow. E todo muito adorou”, conta.>
Eles passaram o dia juntos. E ao anoitecer, na hora de ir embora, ninguém podia levá-la para casa. Como o pai de Gabriel não gostava de animais de estimação, ele ficou com receio de carregá-la. Então, foi obrigado a deixá-la para trás, mas de coração partido.>
“Naquele dia, estava fazendo um frio danado. No meio do caminho, me bateu um arrependimento sem tamanho e voltei para buscá-la. Como não tinha nenhuma outra forma de trazê-la comigo, a coloquei por dentro da minha camisa, E foi incrível, como ela curtiu o caminho! Veio com um sorriso lá na orelha. E desde então, esse sorriso me alegra todos os dias”, ressalta.>
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Infância humilde>
Gabriel conta que desde criança sempre quis ter um animal de estimação, mas, infelizmente, o pai sempre foi contra, pois achava que ele faria muita bagunça. “Um dia ganhei um coelho, tinha uns 10 anos, mas ele teve um fim trágico, o gato comeu. Foi muito triste. Depois disso, nunca mais tive nenhum, até a chegada da Yellow”.>
A sua relação com a bicicleta também começou na infância. Como a família não tinha condições, a mãe não podia lhe dar uma de presente. Mas um dia, a vizinha trocou a bicicleta do filho para uma com tamanho maior, e doou a antiga para o Gabriel. “O aro era 20, pequena para mim, mas meu amor por estar pedalando era maior que as dores nos joelhos quando batia no guidão”, lembra.>
Mas depois ficou impossível andar com aquela bicicleta. E a mãe de Gabriel, vendo a tristeza do filho, resolveu comprar uma de aro 24, a prazo no carnê (sim, ainda era época de carnê).>
“Depois de alguns anos, ela acabou ficando perdida na garagem, e não andei mais. Até os 17, quando redescobri o gosto de pedalar, usando a bicicleta da minha irmã. Nunca mais parei. Costumo dizer que esse esporte salvou a minha vida, pois onde não há lazer e atividades culturais, a violência vira espetáculo”.>
Mochila para pet>
Agora, os dois, Gabriel e Yellow, vivem juntos explorando vários lugares. “Logo que eu a adotei, notei que ela amava andar de bicicleta, então procurei algo na internet que possibilitasse levá-la em minhas pedaladas, mas não encontrei nada seguro, principalmente para o meu estilo, mountain bike. Foi aí que tive a ideia de colocá-la em uma mochila comum, mas nos passeios mais longos, machucava muito, afinal não era própria para transporte de pets”, lembra.>
Foi quando Gabriel resolveu levar a ideia para um designer de artefatos, para que ele confeccionasse uma mochila para carregar a Yellow. A primeira, conta ele, não deu muito certo. Foram dois meses de testes, até chegar ao modelo final, que é este que ele usa atualmente. “Mas, a grande verdade, é que ela nunca teve problema de adaptação, bastava pegar qualquer mochila, que era a maior festa. Mas, claro, com essa o conforto é muito maior, tanto para mim, quanto para Yellow”.>
50 mil seguidores>
Um dia, já em 2018, ele resolveu criar uma conta no instagram (@yellowciclista). O objetivo era mostrar as aventuras de uma cachorrinha ciclista e seu tutor e, paralelamente, inspirar pessoas a fazerem o mesmo, sair do sedentarismo e de quebra fazer a alegria do mascote. Hoje, são mais de 50 mil seguidores.>
“Eu acredito que o sucesso nas redes sociais é por conta da história de superação da Yellow e seu carisma nas fotografias, isso ajuda bastante também. Antes, ela era uma cachorrinha abandonada, agora é a primeira cachorra empreendedora que é dona da sua própria marca, a Yellow Pet, que além da mochila, vende outros acessórios”.>
A criação da mochila só aumentou a vontade dos dois de se aventurarem. Hoje, geralmente, eles percorrem em um final de semana de 80 a 130 quilômetros, em destinos variados, cachoeiras, cidades históricas, mirantes, entre outros. “E ela se comporta super bem”, enfatiza.>
Amor retribuído>
Segundo Gabriel, eles fazem pausas a cada hora, para a Yellow fazer as necessidades, comer e se hidratar. “Como ela gosta bastante de correr eu a solto em lugares tranquilos. Geralmente, dou ração e alguns petiscos. Já para se hidratar, é água ou é água ou coco, que ela adora”.>
A Yellow, explica, gosta de lugares que tenha bastante água e espaço para brincar, “Para mim, uma viagem inesquecível foi a que fizemos para o Rio de Janeiro, quando fomos ao programa da Fátima Bernardes. Foi a primeira vez que ela conheceu a praia”.>
Quando os dois saem juntos, o sucesso é garantido. “No trânsito, a gente distribui muitos adesivos. Mas o principal são as amizades que fazemos pelos caminhos”, conta.>
E o que ela mudou em sua vida Gabriel? “Tudo, de A a Z, tanto como companheira, quanto financeiramente falando. O ato de amor que foi adotá-la, ela me retribui tudo hoje. Não tenho nem palavras para expressar, só mesmo agradecer”.>
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