> >
Capixaba ensina lições do budismo para enfrentar o isolamento

Capixaba ensina lições do budismo para enfrentar o isolamento

A jornalista Carminha Corrêa, que passou duas temporadas no  Nepal, diz que é fundamental cuidar da mente e ter generosidade durante a pandemia. E ensina o passo a passo de técnicas de meditação. Aprenda!

Publicado em 28 de maio de 2020 às 10:12

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Carminha Correa no templo Lumbini, no Nepal
Carminha Correa no templo Lumbini, no Nepal. (Divulgação)

Viajar sempre foi uma paixão para a jornalista Carminha Corrêa. Depois de quatro décadas de trabalho, em 2018 ela resolveu se aventurar numa 'missão' de um mês pelo Nepal. Estudiosa do budismo, era a oportunidade de se aprofundar na religião. "Um amigo francês me apresentou a um monge do Nepal, que me convidou para conhecer e passear pelo país. Fiquei num templo, onde ele vivia, para estudar mais sobre o budismo e receber orientações sobre meditação e relaxamento", cota.

Em maio de 2019 ela voltou ao país  para ficar 5 meses no mosteiro aprendendo a meditar. A capixaba não imaginava, mas aquele confinamento voluntário foi uma preparação para enfrentar o isolamento social imposto pelo coronavírus. E ela tem compartilhado com amigos e até desconhecidos, através de sua rede social, alguns ensinamentos. "A gente vive dentro de uma sociedade tensa. Tenho as preocupações normais, mas tenho sofrido menos. Não deixo que a preocupação da pandemia me absorva".

Mente calma e generosidade

Carminha conta que o budismo tem ensinamentos valiosos para aguentar um tempo tão perverso, como aprender a ficar em silêncio, a gostar da própria companhia, além de cuidar do corpo, da saúde e da alimentação. "As pessoas estão desorientadas porque tinham hábitos que não eram saudáveis. É preciso aproveitar esse momento para estar consigo mesmo, para perceber o companheiro, as crianças... A Covid-19 está fazendo a gente descobrir a bondade que existe dentro de nós. Percebemos o quanto somos generosos".

Ela, que medita todos os dias às 4 horas da manhã, diz que é fundamental cuidar da mente. "É preciso nos acalmar e perceber que não temos o controle de resolver o problema do vírus. Vamos cuidar da mente e ser generoso, conosco e com o outro. É preciso saber que somos seres humanos e não máquinas. Aprender a ter calma e tranquilidade. Aproveitar que estamos com tempo e ligar para amigos, por exemplo".

Experiência no Nepal

A primeira vez que esteve no Nepal foi uma experiência preparatória para o confinamento atual. Lá, embora não fosse obrigada a ficar dentro do templo, optou por sair pouco e se dedicar aos estudos. "Foi uma experiência fantástica porque vivi mais tempo comigo mesma, analisando o meu interior. O budismo nos ensina a nos conhecer. Passei a me conhecer melhor, a estar mais atenta, a controlar as emoções. Fui aprendendo a controlar a mente com meditação e entoando mantras. O budismo ensina que dor e sofrimento são duas sensações e emoções que todos vamos passar", fala. 

Em Lumbini no dia de celebração pelo Buda Shakyamuni.(Divulgação)

Já na segunda vez, quando ficou 5 meses, foi um período mais difícil. "Foi um momento de adaptação. Estava rompendo meu laços, deixando para trás casa, vida, trabalho. Para conseguir o que desejava precisava soltar os laços,  um momento de desapego", relata. Foi nesse período que aprendeu a tirar as impurezas do corpo e acalmar a mente contra sentimentos que fazem mal, como inveja, ganância e raiva. Atualmente ela tem usado o Instagram para compartilhar mensagens, fazer lives de meditação e ajudar outras pessoas. "A Covid-19 tirou a liberdade de ir e vir, que é algo importante para nós, ocidentais. A gente sempre teve uma vida cheia de programação, agitada e, de repente, a gente precisa parar. Como fazer esse processo que nunca fizemos? É preciso conhecer a mente e o próprio corpo, e eliminar aquilo que faz mal". Abaixo ela lista o passo-a-passo para aprender a meditar. 

Aprenda a meditar em casa ou no trabalho

1 - Escolha o local de sua preferência;

2- Sente-se num sofá, numa cadeira, numa almofada, no recosto da cama;

3- Mantenha uma postura ereta, coluna reta (para não causar danos às costas);

4- Relaxe pescoço, ombros, braços;

5- Pratique a respiração: inspire e expire lentamente – umas 10 vezes;

6- Repouse os olhos e os direcione para baixo, 45 graus, ou para a ponta do nariz;

7- Pouse os braços sobre as pernas, ou entrelace os dedos, sendo a mão esquerda sobre a direita;

8- Coloque a língua no céu da boca e pouse os lábios um sobre o outro; (para não produzir saliva e ter que engolir, desconcentrando-se);

9- Comece a meditação: respire e inspire lentamente, até ficar normal;

10- Relaxe a mente e não pense em nada; se um pensamento surgir deixe que ele vai partir como as nuvens navegando pelo céu;

11 – Abstenha-se de focar a mente em um pensamento... não foque em nada. MENTE VAZIA é o segredo da meditação.

12 – Não se mova! Corpo ereto, respiração lenta, olhos pousados e relaxados;

13 – Fique na posição pelo tempo que lhe for confortável e relaxante; prolongue o tempo que quiser (não tem contraindicação)

14 – Foque a mente no vazio e não preste atenção aos sons do entorno, perceba os barulhos apenas;

15 – Quando sentir necessidade ou desejar retorne, interrompendo a meditação calmamente, abrindo os olhos, soltando as mãos e se posicionando para se levantar;

16 – Faça meditação quando se sentir bem ou quando tiver uma dor de cabeça, uma tensão, uma angústia, uma dor qualquer que você sabe estar ligada ao emocional à mente agitada.

17 – Duração: pelo menos 20 minutos duas vezes ao dia ou durante o tempo que se sentir bem na postura.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais