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Paixão pelo meio ambiente move família do produtor João Martins

Paixão pelo meio ambiente move família do produtor João Martins

Autor do livro "O bosque que fala" e vencedor do Prêmio Biguá de 2018, João Martins conserva uma floresta de mata nativa no interior de Rio Novo do Sul

Publicado em 2 de junho de 2020 às 14:47- Atualizado há 4 anos

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Segundo o produtor e escritor, João Martins, o livro
Segundo o produtor e escritor, João Martins, o livro "O bosque que fala" foi inspirado nos cuidados que o pai dele tinha com as árvores. (Matheus Martins)

Quando a palavra sustentabilidade quase não era conhecida, seu João Baptista Martins, de 85 anos, já colocava em prática tudo que ela representa. Aprendeu com o pai a importância de cuidar do meio ambiente e sabe que com a preservação é possível ter água, vida e o mais importante: futuro.

O produtor rural, do interior de Rio Novo do Sul, é exemplo para milhares de pessoas. Sua propriedade tem seis hectares - equivalente a seis campos de futebol - de mata nativa. Uma pequena floresta densa, com árvores de mais de 90 anos. Mas quando o pai adquiriu a propriedade, nada disso existia.

Aspas de citação

Meu pai não tinha estudo. Não via esse cuidado como uma questão ambiental. Gostava de plantas e das árvores. Naquela época, estava na contramão, enquanto todo mundo desmatava, ele plantava.

João Martins
Produtor rural
Aspas de citação

E o amor pela natureza, passado de pai para filho, foi reconhecido em 2018, quando João Martins ganhou o Prêmio Biguá de Sustentabilidade, na categoria Produtor Rural. O reconhecimento, na ocasião, rendeu algumas mudanças. A pequena floresta passou a receber mais visitas e a luta pela sustentabilidade ganhou força.

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A repercussão foi muito grande. Comecei a receber visitas de grupos de até 60 pessoas, políticos e outros produtores rurais. Com isso, a gente começa a perceber que muito mais pessoas estão preocupadas.

João Martins
Produtor rural
Aspas de citação

Segundo João Martins, o pai dele, seu Marcelino Martins, tinha o dom de conversar com as árvores. “Ele falava que iria deixar elas crescerem e elas respondiam dizendo que no futuro iriam contribuir fazendo com que as nascentes voltassem a jorrar água. E hoje, temos muita água em nossa propriedade”, relembra.

Água de nascentes fazem parte da rotina na propriedade do produtor João Martins
Água de nascentes fazem parte da rotina na propriedade do produtor João Martins. (Matheus Martins)

O bosque que fala

Foi justamente esse dom de conversar com as árvores que inspirou João Martins a escrever o livro "O bosque que fala".

"No Silêncio da Natureza reside toda sabedoria, as árvores não falam a língua dos homens, mas elas são testemunhas do tempo". Essa é a frase de abertura da obra, que imortalizou em palavras um trabalho de mais de 100 anos de história. A produção traz desde quando tudo era lavoura, até formar o bosque, passando pelos principais parceiros que contribuíram para o trabalho.

“Lancei o livro no ano passado e tem tido muito sucesso. Conto um pouco da história da pequena floresta, e também de todo mundo que ajudou como o projeto Biguá de Sustentabilidade, o Jornal do Campo e a TV Gazeta, entre outros”, explica João Martins.

Placas alertam sobre a importância das árvores na propriedade de João Martins
Placas alertam sobre a importância das árvores na propriedade de João Martins. (Matheus Martins)

No livro, o produtor fala das mais de 10 mil árvores plantadas, sendo que algumas receberam o nome de pessoas que fizeram parte da história do local. Agora, ele pensa em escrever mais um. “Percebo que os jovens e as crianças estão preocupados com a preservação ambiental e quem sabe não escrevo um livro para eles?”, destaca João Martins.

Ainda de acordo com ele, quando se pensa no passado, é uma forma de pensar no futuro. Se ações como a da família de João Martins não continuarem sendo feitas, não existirá mais história para ser contada. “Eu ainda continuo plantando árvores para que daqui a 100 anos, elas possam continuar falando com outras pessoas”, finaliza.

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