Um escritor deixa o o legado de suas ideias gravadas em papel, lançadas em páginas e páginas, que fixadas resultam no produto de um livro que transmitirá conhecimento a muitas gerações
Um escritor deixa o o legado de suas ideias gravadas em papel, lançadas em páginas e páginas, que fixadas resultam no produto de um livro que transmitirá conhecimento a muitas gerações. Crédito: Pixabay

Por todo o planeta, as homenagens a quem se dedica à palavra escrita

Naturalmente é necessário reconhecer que o papel aceita o que nele se imprime; daí existirem obras nas quais se identificam ideias disseminadoras de ódio e de preconceito. Mas neste registro estamos celebrando a boa luta

Tempo de leitura: 6min
Publicado em 12/02/2022 às 02h02
  • Ester Abreu

    É doutora em Letras Neolatinas e presidente da Academia Espírito-Santense de Letras

A importância da literatura, do livro, do escritor e de todas as pessoas envolvidas na divulgação das produções poéticas e ficcionais é reconhecida por grande parte da população, o que pode ser verificado nas diversas homenagens que se registram em diferentes locais.

No século XIX, em “O livro e a América", poema de Espuma Flutuante, Castro Alves cantou os benefícios que o livro oferece e valorizou quem escreve, ou melhor, quem dissemina a palavra escrita.

Bendito o que semeia/ Livros à mão cheia/ E manda o povo pensar!/ O livro, caindo n'alma/ É germe – que faz a palma,/ É chuva – que faz o mar!

Acontecem celebrações para tornar relevante a importância da leitura (“O livro caindo n´alma”), do resultado da leitura (“fazer o povo pensar”), de quem compõe uma obra ou um texto escrito.

Compreende-se que quem divulga, quem publica um livro, é o escritor. Assim sempre que vemos um livro, ou o tocamos, em nossa mente vem a pergunta: quem o escreveu? Essa é a razão de quando se quer homenageá-lo, pensar-se em um escritor que tenha deixado o legado de suas ideias gravadas em papel, lançadas em páginas e páginas, que fixadas resultam no produto de um livro que transmitirá conhecimento, enriquecerá as pessoas culturalmente, provocando-lhe a diversão, o relaxamento e quem sabe transformando-as em seres mais solidários e empáticos.

Naturalmente é necessário reconhecer que o papel aceita o que nele se imprime; daí existirem obras nas quais se identificam ideias disseminadoras de ódio e de preconceito contra determinados grupos. Mas neste registro estamos celebrando a boa luta e assim homenageando poetas, romancistas, contista e cronistas por seu trabalho de sensibilização dos indivíduos.

Consideramos justo e digno de aplauso o fato de se ter estabelecido o dia 13 de outubro, como o “Dia Mundial do Escritor”. Merecedora de aplauso é a lembrança ocorrida na Espanha, de se celebrar, na segunda-feira mais próxima de 15 de outubro, dia da festa de Santa Tereza de Jesus, o “Dia da Escritora”, com o objetivo de distinguir o trabalho, não reconhecido, das mulheres que escreveram ao longo da História.

As diversas formas de se dar relevância aos livros aos autores e autoras podem ser detectadas nos registros:

Livro
Livros são fonte de conhecimento. Crédito: Pixabay

O dia 31 de janeiro marca o “Dia Nacional da Poesia” em Costa Rica, para lembrar o nascimento de Jorge Delio Bravo Brenes, em 1938. Conhecido como Jorge Debravo, o poeta faleceu, aos 29 anos de idade, em 4 de agosto de 1967, vítima de um desastre de motocicleta, provocado por um condutor embriagado.

Debravo, poeta sensível e humano, tinha como arma a sua palavra poética que manifestava valendo-se de qualquer tema: amoroso, humanístico, patriótico ou universal, porque segundo ele “Todos los temas son buenos” para a poesia, e não há limite geográfico para o poeta.

Defendia ainda que a poesia é uma arma: “Yo estoy dispuesto a usarla en la lucha por la justicia, la fraternidad y el amor. Si no la usara, más me valdría suicidarme.”, “Detesto la poesía sin mensaje y sin contenidos humanos”. “Creo que todo poeta tiene mucho que decir a sus hermanos. Si no lo dice es un cobarde". Inicia, no poema “Nocturno sin patria” apresentando sua aversão pela violência e seu desejo pela liberdade:

​Yo no quiero un cuchillo en manos de la patria/ Ni un cuchillo ni un rifle para nadie:/ la tierra es para todos,/ como el aire.

O dia de nascimento de Debravo, 31 de janeiro, coincide com meu aniversário, não no ano, pois sou de 33, e ele de 38, mas a coincidência me deixa envaidecida, pois me fez lembrar a importância universal que tem aquele que utiliza palavra escrita em seus variados registros.

No Brasil, celebram-se dias de grupos especiais, tais como:

“Dia do Poeta”, em 20 de outubro em razão do Movimento Poético Nacional, que surgiu em 1976, nessa data, na casa de Paulo Menotti Del Picchia, poeta, jornalista, romancista, advogado e pintor brasileiro.

“Dia Nacional do Livro”, em 29 de outubro, decorrente de ser o dia em que, no Rio de Janeiro, foi fundada a Biblioteca Nacional do Brasil, quando a Real Biblioteca Portuguesa foi transferida para a colônia, em 1810. A Biblioteca Nacional é o maior responsável pela guarda do livro no Brasil.

“Dia Nacional do Escritor”, em 25 de julho, para prestar homenagem aos que se dedicam à palavra escrita, esteja ela nos textos científicos ou fictícios. A ideia de homenagear todos os escritores no dia 25 de julho surgiu a partir do I Festival do Escritor Brasileiro, organizado, na década de 1960, pela União Brasileira de Escritores, sob a presidência dos escritores João Peregrino Júnior e Jorge Amado.

Também se fazem celebrações em homenagem a escritoras e escritores, por seu dia de nascimento ou falecimento no Brasil e no mundo.

Seguem algumas datas significativas para se lembrar de quem escreve:

23 de abril, O “Dia Mundial do Livro e dos Direitos do Autor”, escolhido por ser a data da morte de três grandes escritores do século XVII, de diferentes países: William Shakespeare, inglês, Miguel de Cervantes, espanhol, e Inca Garcilaso de la Vega, peruano.

18 de abril, “Dia Nacional do Livro Infantil", por ser a data do nascimento do escritor Monteiro Lobato, editor e escritor e brasileiro pré-modernista, com predomínio de produção de histórias infantojuvenis, sendo sua obra mais conhecida O Sítio do Picapau Amarelo, composta de 23 volumes.

15 de abril, é o “Día del Poeta”, no Peru, para relembra o falecimento do poeta César Vallejo.

13 de junho, na Argentina, “Dia do Escritor” em homenagem ao nascimento de Leopoldo Lugones, poeta, contista, ensaísta e romancista.

13 de março, “Dia da Poetisa no Espírito Santo”, lei sancionada em 2020, por ser o dia do falecimento de Maria Antonieta Tatagiba, em 1928, e ser ela a poetisa capixaba que primeiro reuniu suas produções poéticas, em um livro que recebeu o título “Frauta Agreste”, que inicia com os versos: “Este sítio risonho entre montes aberto/ É a seara de Booz, onde a miséria humana/ Não entristece o olhar que vê o céu de perto, /Lindo e azul qual preciosa e antiga porcelana, /Quando raia a manhã cheirosa, pura e fria”

Antonieta publicou poemas e crônicas em jornais e revistas do Espírito Santo e também do Rio de Janeiro. Seu nome consta no quadro de “Honra ao Mérito - Intelectualidade Feminina Espírito-Santense” publicado na revista “Vida Capichaba” em 1928. Ela é patrona da Cadeira 32 na Academia Espírito-santense de Letras. Nasceu em São Pedro de Itabapoana, Mimoso do Sul, em 1895.

18 de janeiro, “Dia Nacional do Escritor Nicaraguense”, homenagem ao dia do nascimento de Félix Rubén García Sarmiento, conhecido como Rubén Darío, máximo representante do Modernismo literário em língua espanhola, que influenciou a produção poética do século XX no âmbito hispânico. É chamado de Príncipe de las Letras Castellanas. Esteve no Brasil em 1906 e 1912. Os 110 anos de sua estada no Brasil, no Rio de Janeiro e em São Paulo, serão lembrados com uma comemoração especial pela Academia Espírito-santense de Letras. Dessa forma, a academia cumprirá mais um dos seus papéis, dar a conhecer os autores, suas obras, seus livros.

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