Sala de cinema
Sala de cinema. Crédito: Divulgação

Na TV. no computador ou no smartphone: cinema ainda é melhor no cinema

Se cada vez temos menos motivos para ir às ruas, vamos acabar presos por mais tempo em nossas gaiolas, por medo da violência urbana ou simplesmente por preguiça ou economia

Publicado em 08/02/2020 às 13h00
Atualizado em 08/02/2020 às 13h00
  • Luiz Tadeu Teixeira

    É jornalista, ator e diretor de cinema e teatro

O pessoal do Globo de Ouro deu a dica e isso pode ser seguido pela turma do Oscar: valorizar as produções feitas para o cinema e deixar de lado aquelas que usam o cinema como meio de promoção, especialmente com o acesso ao Oscar e suas badalações.

Com isso, filmes produzidos para a Netflix, como O Irlandês, naturalmente merecedores de muitas estatuetas, podem sair novamente de mãos abanando da cerimônia deste domingo à noite em Los Angeles. Essa turma está comigo. Cinema é pra ser visto no cinema. E eventualmente em casa também, claro. Mas não troco ver um bom filme numa sala de exibição. Deixo para fazer isso em casa só como segunda opção. E se cada vez temos menos motivos para ir às ruas vamos acabar presos por mais tempo em nossas gaiolas, por medo da violência urbana ou simplesmente por preguiça ou economia.

Se saímos de casa para fazer coisas chatas, ir ao cinema é um bom motivo para levantar a carcaça e transformar um prazer solitário ou mais restrito numa degustação coletiva, capaz de interromper nossas vidas e nos obrigar a sair da rotina doméstica por algumas horas para embarcarmos numa viagem que no mínimo nos levará a lugares que fogem do nosso dia a dia. Isso é um prazer muito especial.

Chorar numa cena dramática em casa eu acho bem mais triste... Mas quando a gente percebe os olhinhos brilhando do cidadão desconhecido que está perto da gente o prazer é maior e até nos conforta.

Filme "O Irlandês", da Netflix, chegou a ser exibido em algumas salas de cinema. Crédito: Netflix/Divulgação
Filme "O Irlandês", da Netflix, chegou a ser exibido em algumas salas de cinema. Crédito: Netflix/Divulgação

E quando se trata de comédia? Nada se compara a uma explosão de gargalhada numa sala cheia, mesmo que se saiba ser o riso contagiante (por isso o uso da claque nos programas de TV). A risada coletiva é quase um orgasmo para o ator quando ele está no palco, trabalhou suas pausas, recebeu a deixa e mandou ver, fazendo a sua parte na cena.

Para o ator, melhor que buscar o riso ou o choro do espectador, só receber de volta aquele ato de agradecimento expresso nos olhinhos que a lágrima faz brilhar com o reflexo dos refletores ou na gargalhada que explode na sala como reação a uma piada verbal ou a uma gag silenciosa. Esse prazer só o ator de teatro tem.

Uai, mas por que estou falando nisso se o papo aqui é cinema, os filmes do Oscar? Ora, porque um assunto leva a outro, e a ligação entre eles fica a critério de quem estimula (o ator) e de quem recebe o estímulo e reage (o público). É o feedback imediato, sem intermediário, que faz da arte do ator e do teatro em si uma experiência tão fascinante para quem a exerce e, por que não?, para quem a degusta.

Cinema é no cinema, mas também pode ser na TV, no computador ou no smartphone. Mas no cinema será mais cinema. Com certeza.

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