Festa junina
Festa junina. Crédito: Pixabay

Conheça a história das festas juninas, que estão dando uma pausa este ano

As festividades presenciais foram suspensas para impedir aglomerações e conter o avanço do coronavírus no país

Publicado em 13/06/2020 às 11h00
Atualizado em 13/06/2020 às 11h00
  • Manoel Goes

    É presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Vila Velha e diretor no IHGES

Os festejos juninos são celebrados no Brasil desde pelo menos o século XVII. Constituem a segunda maior comemoração realizada pelos brasileiros, ficando atrás apenas do carnaval. De acordo com os historiadores, a festa tem origem no culto aos deuses pagãos, mas sofreu influências do catolicismo e hoje há forte associação com os santos católicos, como Santo Antônio, São João e São Pedro. Festejos vindos com os colonizadores portugueses.

Conheçamos um pouco sobre esses três grandes santos da Igreja Católica: Santo Antônio nasceu em Lisboa (Portugal), em 1195. Faleceu em Pádua (Itália), no dia 13 de junho de 1231. Foi primeiramente religioso agostiniano e, depois, tornou-se franciscano. Chegou a conhecer São Francisco de Assis e com ele conviveu por um tempo. É chamado de Santo dos Pobres, e também muito procurado como santo casamenteiro, por ter ajudado moças pobres a conseguirem os dotes para o casamento.

São João Batista, cujo nome João significa ‘Deus dá a graça’, foi o precursor de Jesus. Ele se alegrou com a chegada do Messias, ainda no ventre de sua mãe, Isabel, quando esta recebeu a visita de Maria em sua casa. Ele foi o único profeta a anunciar a chegada do Messias e a mostrá-lo no meio do povo. Ele batizou no Rio Jordão o próprio autor do batismo. No dia 24 de junho, celebramos seu nascimento.

São Pedro foi o primeiro a ser chamado por Jesus, com seu irmão André. Jesus o convidou para deixar o barco na praia, ir caminhar com Ele, pois o faria pescador de homens. Pedro prontamente deixou tudo e passou a caminhar com Jesus. Foi o primeiro a professar a fé no Cristo, festejamos o seu dia em 29 de junho.

Com a popularização das festas juninas no Brasil, a difusão dos elementos ligados a elas tornou-se cada vez mais comum. As comidas típicas são um exemplo disso. Em todas as regiões, o produto utilizado para preparar as guloseimas da festa é basicamente o mesmo: o milho. Pipoca, canjica, pamonha, bolo de milho e curau são algumas das iguarias servidas. Há também outras comidas com nomes bem peculiares, como mané pelado, pé de moleque, maçã do amor e cachorro-quente. Nesse universo, destaca-se também o quentão, uma espécie de chá feito com gengibre, canela e pinga.

A decoração de festa junina feita com bandeirolas e balões, a fogueira e os fogos de artifício são itens que caracterizam o ambiente da festa junina. Existem ainda algumas brincadeiras e práticas às quais os convidados são submetidos: pau-de-sebo, lavagem dos santos, correio elegante, casamento caipira e outros. Nesse período de festas, alguns supersticiosos aproveitam para realizar simpatias de Festa Junina. Existem rituais para pedir namorado, para afastar a inveja e até para se livrar de verrugas.

FESTAS JUNINAS TRADICIONAIS NO BRASIL

A cidade paraibana de Campina Grande, dona de uma das principais festas do país, adiou o evento para outubro, ao invés de cancelá-lo, como ocorreu em outros municípios que tradicionalmente realizam festejos em junho. As festividades foram suspensas para impedir aglomerações e conter o avanço do coronavírus no país.

É muito difícil sob todos os aspectos. O Nordeste vive e respira São João, mas a pandemia é maior que toda essa tradição. O nordestino acredita que as suas vidas mudarão daqui pra frente, o mundo está mudando e os festejos juninos vão ter que mudar também. Celebrações presenciais de São João não estão previstas neste mês, mas pode preparar o bolo de milho e o quentão, porque a animação está garantida na quarentena, com muita música e diversão das lives com atrações locais.

Já Caruaru (PE), por sua vez, não fará live musical em junho, mas, sim, uma ação solidária. O São João movimenta a economia e a vida de muita gente, como artistas locais que esperam o ano inteiro por este momento. A festa reúne cerca de 3 milhões de pessoas todo ano e tem entre as tradições o desfile dos bacamarteiros (homenagem aos brasileiros que lutaram na Guerra do Paraguai, no século 19) e as comidas gigantes.

Campanhas nas redes sociais em Campina Grande e Caruaru, estão abertas para arrecadação de doações de alimentos e produtos de higiene para os trabalhadores que este ano não terão a renda da festa, que garante cerca de 6 mil empregos diretos e 12 mil indiretos. É um momento de reunião, de celebrar a colheita do milho, de forró. Cancelar neste momento é fundamental para preservar vidas e resguardar a saúde de todos, garantindo uma festa ainda mais linda no futuro, mesmo que de forma digital.

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