Publicado em 28 de setembro de 2020 às 17:22
Você sabia que a maria-farinha (aquele crustáceo mais clarinho) também é conhecida como caranguejo-fantasma justamente por causa da sua cor pálida e de seus hábitos noturnos? E que a coruja-buraqueira tem uma visão 100 vezes mais aguçada que a do homem, um mirante poderoso sobre um pescoço capaz de girar até 270 graus? Ou então que a clúsia, a planta com folhas arredondadas vistas à beira-mar, é dioica, isto é, tem espécimes macho e fêmea? >
Talvez você nunca tenha ouvido falar sobre esses fatos curiosos, mas provavelmente já tenha feito uma visita (ou várias) ao lar dessas espécies, a restinga de Camburi, em Vitória. E ali, bem perto, no extremo norte da orla, próximo ao pontão rochoso e ao manguezal, é possível encontrar diversos crustáceos, répteis e pequenos mamíferos.>
A recuperação e a defesa da biodiversidade desses dois espaços na Capital estão contempladas em duas frentes. A primeira delas, na restinga, começou em agosto, e a segunda, na área norte de Camburi, passa a ser executada em outubro. São medidas que fazem parte de Termo de Compromisso Ambiental (TCA) assinado pela Vale com o Ministério Público Federal, o Ministério Público Estadual, a Prefeitura de Vitória (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Serviços Urbanos), o governo do Estado (Iema) e associações de moradores da orla.>
Na restinga, haverá plantio e manutenção de 25,5 mil mudas de plantas nativas com mais de 30 espécies exclusivas do bioma em 140 mil m², equivalentes a 14 campos de futebol. Tipos rasteiros, arbustos e árvores serão distribuídos ao longo da praia para estimular um círculo virtuoso entre fauna e flora. >
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Ao trabalharmos conjuntamente com esses elementos, otimizamos a recuperação da área. Em um primeiro momento, a fauna é beneficiada com a introdução de espécies frutíferas nativas que hoje não ocorrem na região. Com o aumento da oferta de alimentos, cresce também a presença de fauna, que, consequentemente, por meio dos mecanismos de dispersão de sementes e polinização, auxiliam no aumento da biodiversidade da flora, ajudando assim a preservação da restinga, explica o gerente de Meio Ambiente da Vale, Fernando Di Franco.>
Ele acrescenta que essa vegetação tem papel fundamental na estabilização da areia da praia, evitando a erosão causada pelo vento, e serve, ainda, de porto seguro inclusive para aves migratórias.>
A primeira fase do trabalho deve ser concluída no primeiro semestre de 2021 e abrange do Atlântica Parque até a altura da Avenida Adalberto Simão Nader. A segunda etapa, entre este último ponto e o Píer de Iemanjá, será feita em 2021 e entregue em julho de 2022. Durante esse período, a Vale ficará responsável pela manutenção da área, que depois será entregue à prefeitura. >
Para delimitar e proteger as áreas de vegetação recuperada, serão construídos cerca de 7 mil metros de cerca, além da manutenção de 3 mil metros de cercas já existentes.>
Já as obras de recuperação do extremo norte da Praia de Camburi devem começar em outubro. O trabalho abrange especificamente a faixa de areia que não é banhada pelo mar, conforme definido no projeto aprovado pelos órgãos ambientais, onde há sedimentos de minério de ferro oriundos das atividades da empresa no passado, nos anos 1970. >
Será retirada de uma camada de sedimentos de areia e minério de ferro com profundidade média de 50 cm e a recomposição com areia (17 mil m³) e argila (4 mil m³) em uma área de 43 mil m² (quatro campos de futebol). Haverá supressão vegetal, com retirada de espécies invasoras, e resgate da fauna. >
Durante as obras, que devem ir até abril de 2022, a área a ser recuperada, localizada ao Norte do Atlântica Parque no final da praia de Camburi, vai ser interditada por questões de segurança.>
O planejamento das intervenções está sendo acompanhado de perto pelos órgãos competentes de forma a garantir as melhores soluções e mais segurança para as pessoas e o meio ambiente. A recuperação da área e a construção de um segundo parque, ao lado do Atlântica Parque, que foi tão bem recebido pela comunidade, vai valorizar ainda mais a região, destaca Fernando Di Franco. >
VALE | As espécies da restinga
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