Enquanto os europeus tentam arranjar maneiras de preservar seus interesses econômicos no Irã diante do risco de sanções dos EUA, a União Econômica Euroasiática, uma aliança liderada por Moscou e integrada por várias ex-repúblicas soviéticas, assinou um acordo preliminar para a criação de uma zona de livre comércio com o Irã, anunciou o ministério da Economia do Cazaquistão. O acordo foi assinado em Astana depois que o governo dos Estados Unidos anunciou o retorno das sanções contra Teerã. Washington abandonou no início do mês o acordo sobre o programa nuclear iraniano, assinado em julho de 2015.
O Irã se comprometeu em 2015 com o grupo de potências 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha) a suspender seu programa nuclear até 2025, em troca da suspensão das sanções internacionais. No entanto, o presidente americano Donald Trump decidiu abandonar o pacto por considerá-lo nada abrangente quanto ao arsenal bélico iraniano.
Além da saída do acordo, Trump reinstaurou sanções contra o Irã e ameaçou penalizar companhias que mantêm atividades no país, lançando um alerta aos europeus. Diante do cenário, Reino Unido, França e Alemanha têm liderado um movimento para tentar preservar o acordo e proteger seus interesses econômicos no Irã.
As empresas russas estão bem posicionadas para prosseguir com o comércio com o Irã, já que as empresas ocidentais dificilmente poderão prosseguir plenamente com suas atividades na República Islâmica diante da ameaça de sanções dos Estados Unidos, com quem mantêm fortes laços comerciais.
REDUÇÃO DE TARIFAS
Os Estados membros da União Econômica Euroasiática e o Irã alcançaram um "acordo sobre a redução das tarifas de importação nos negócios mútuos por um período de três anos", afirma o comunicado divulgado pelo ministério cazaque. Durante este período, "as partes examinarão a possibilidade de um acordo global sobre uma zona de livre comércio", completa a nota.
A Rússia condenou a decisão dos Estados Unidos de abandonar o acordo nuclear, assinado pelas grandes potências com o Irã, e busca agora salvar o pacto ao lado dos países europeus.
EUROPEUS AMEAÇAM SAIR
Algumas empresas europeias já começaram a falar sobre abandonar suas atividades no Irã, como a francesa Total e a finlandesa Outotec. A dinamarquesa Maersk Tankers foi a primeira a anunciar sua saída do país nesta quinta-feira.
O presidente francês Emmanuel Macron defendeu o esforço europeu para preservar as companhias do impacto das sanções americanas, mas reconheceu que as companhias deveriam fazer escolhas próprias, um dia após a petroleira francesa Total indicar que pode encerrar suas atividades no Irã.
Companhias internacionais com interesses em muitos países fazem suas próprias escolhas de acordo com seus interesses próprios. Elas devem continuar a ter essa liberdade disse ele ao chegar no segundo dia de uma reunião de líderes europeus na capital da Bulgária. Mas o que é mais importante é que companhias, especialmente de médio porte que talvez estejam menos expostas a outros mercados, americanos ou outros, possam fazer essa escolha livremente.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta