Publicado em 17 de julho de 2018 às 19:07
Após ser duramente criticado pela classe política americana por suas declarações numa visita oficial a Moscou na segunda-feira (16), o presidente dos EUA, Donald Trump, voltou atrás no tom que havia adotado ao lado do presidente russo, Vladimir Putin, e disse que tem total confiança na Inteligência americana e que aceita a conclusão das investigações sobre a interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016.>
O chefe da Casa Branca disse ter se expressado mal na entrevista coletiva da véspera, em que disse que Putin havia sido "forte e convincente" ao negar qualquer envolvimento russo na votação de dois anos atrás, mas voltou a amenizar o impacto da campanha cibernética supostamente conduzida por agentes russos para influenciar o resultado do pleito que o elegeu.>
De volta a Washington, o presidente americano disse que seu governo trabalharia intensamente para proteger as eleições de membros do Congresso em novembro deste ano.>
"Eu tenho total confiança nas nossas agências de Inteligência", afirmou Trump a repórteres no Salão Oval da Casa Branca.>
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Na segunda-feira (16), Trump e Putin disseram ter dedicado "um longo tempo" da conversa privada de duas horas que tiveram à suposta interferência russa na campanha presidencial de 2016. Na coletiva de 46 minutos após o encontro a portas fechadas em Helsinque, o presidente americano pareceu preocupado sobretudo em defender a legitimidade de sua eleição.>
Questionou a investigação sobre o tema, que chamou de desastre para o país; disse que derrotou a democrata Hillary Clinton numa campanha limpa; e que é uma vergonha que possa haver mesmo uma pequena nuvem de dúvida a respeito.>
"Eu tenho grande confiança no meu pessoal da Inteligência, mas digo a vocês que o presidente Putin foi muito firme e convincente ao negar tudo hoje", declarou Trump na segunda-feira. "Eu venci Hillary Clinton facilmente e ganhamos aquela disputa. É uma vergonha que possa haver alguma dúvida sobre isso. Não houve nenhum conluio, e isso (as acusações da Inteligência americana) teve um impacto negativo nas relações entre as duas maiores potências nucleares do mundo. É ridículo o que está acontecendo. Eu não conhecia o presidente (Putin) e não havia ninguém de quem ser cúmplice".>
Por sua vez, na entrevista coletiva ao lado de Trump, Putin desafiou um repórter a citar "um único fato" capaz de provar que houve ingerência russa no processo eleitoral americano. Segundo ele, "o Estado russo nunca interferiu e nunca vai interferir" em eleições de outros países. O presidente russo defendeu-se ainda dizendo que "é necessário que sejamos guiados por fatos e não rumores", acrescentando que a própria Rússia poderia interrogar estes agentes acusados, caso requisitada pela equipe do procurador Mueller, no marco de um acordo de 1999 que permite a extradição entre os dois países.>
Na sexta-feira (20), o procurador especial americano que investiga a chamada trama russa, Robert Mueller, acusara pela primeira vez funcionários do governo russo de envolvimento no caso. Segundo a acusação, 12 agentes da espionagem militar russa foram responsáveis por ciberataques a computadores ligados à campanha da democrata Hillary Clinton, com o roubo e a disseminação de informações para prejudicar a rival de Trump na disputa.>
Anteriormente, a equipe já apresentara em fevereiro mais de 100 acusações criminais contra 32 pessoas e três empresas, incluindo 13 russos que trabalhariam em "fábricas de trolls" (perfis falsos no espaço virtual). Esses russos, usando falsas identidades americanas, teriam orquestrado uma campanha nas redes sociais contra a candidatura de Hillary. Além disso, teriam viajado aos EUA para coletar informações e participado de comícios políticos como se fossem eleitores americanos.>
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