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Papa Francisco compara as 'fake news' com a história de Adão e Eva

Papa Francisco compara as 'fake news' com a história de Adão e Eva

Pontífice frisou que jornalistas devem desmascarar as 'táticas de cobra' daqueles que produzem notícias falsas

Publicado em 24 de janeiro de 2018 às 14:46

Papa Francisco Crédito: Andrew Medichini

O Papa Francisco condenou nesta quarta-feira a perversidade das fake news (noticias falsas), frisando que jornalistas, assim como os usuários de redes sociais, devem evitar e desmascarar as "táticas de cobra" manipuladoras que, segundo o Pontífice, fomentam a desunião para servir interesses políticos e econômicos.

O Papa pediu que os profissionais da imprensa voltem a sua atenção para a busca da verdade em sua missão. Francisco assinalou que, de acordo com a Bíblia, a primeira notícia falsa remonta ao início dos tempos, quando Eva foi tentada a comer uma maçã no Jardim do Éden com informações enganosas dadas por uma a cobra.

"A estratégia desse inteligente 'pai da mentira' é a mímesis, uma sedução traiçoeira e perigosa que se abre no coração do homem com argumentos falsos e atraentes", disse Francisco.

Depois da recente viagem à América do Sul, o Papa transmitiu sua mensagem anual para a jornada mundial de comunicação, que discutiu as fake news sob o tema do "jornalismo da paz".

"Nós precisamos desmascarar o que pode ser chamado de 'táticas de cobra' usadas por aqueles (produtores das fake news) que usam disfarces para atacar a qualquer horar e local", disse.

O documento, denominado "A verdade vai te libertar - fake news e o jornalismo da paz" foi divulgado para a jornada mundial de comunicação da Igreja Católica no próximo 13 de maio. Ele foi produzido meses após um debate sobre o quanto as fake news podem ter influenciado a campanha presidencial dos Estados Unidos em 2016 e a eleição do presidente Donald Trump.

"Divulgar fake news pode servir para conquistar objetivos específicos, inluenciar decisões políticas, e servir para interesses econômicos", escreveu o Papa no documento, condenando "a manipulação nas redes sociais" e em outros meios de comunicação.

As mentiras, de acordo com Francisco, se espalham tão facilmente que nem mesmo as negativas oficiais das autoridades comumente não conseguem conter os danos causados, além de deixar muitas pessoas correrem o risco de serem "cúmplices indecentes na divulgação de ideias tendenciosas e sem fundamento".

"Essas notícias falsas, mas críveis são capciosas na medida em que alcançam a atenção das pessoas por apelarem para estereótipos e preconceitos sociais comuns, e explorarem emoções instantâneas como ansiedade, desprezo, raiva e frustração", disse Francisco.

O Papa também chamou atenção para a "educação pela verdade" que ajudaria as pessoas a terem discernimento, avaliarem e a entenderem as notícias para reconhecerem "a esperteza e perigosa forma de sedução que rasteja rumo ao coração delas com argumentos falsos e atraentes".

Diante disso, o Pontífice ressaltou que vê o papel do jornalismo como "uma missão". Para Francisco, os jornalistas têm a responsabilidade de eliminar as fake news. Ele afirmou ainda que o jornalismo deve estar "menos concentrado nas breaking news (notícias quentes) do que em explorar as causas subjacentes dos conflitos ... um jornalismo comprometido em apontar alternativas ao aumento de discussões e violência verbal".

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