Publicado em 19 de maio de 2025 às 19:38
O depoimento de Freire Gomes, ex-comandante do Exército e general da reserva, ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (19/05) foi marcado por momentos de tensão entre o militar e o ministro Alexandre de Moraes, que conduziu a audiência das testemunhas em processo sobre uma suposta trama golpista. >
Em determinado momento, Moraes chegou a advertir Freire Gomes sobre a necessidade de ele dizer a verdade em seu depoimento.>
A advertência aconteceu quando o procurador-geral da República, Paulo Gonet, perguntou a Freire Gomes sobre qual teria sido a reação do almirante Almir Garnier, ex-comandante militar da Marinha, durante a apresentação da minuta de um decreto que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), continha medidas golpistas. >
Em sua resposta, Freire Gomes disse não ter visto "conluio" entre Garnier e o ex-presidente Jair Bolsonaro — ambos réus no processo.>
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"Expus a ele a importância de avaliar todas as condicionantes, inclusive o dia seguinte de uma tomada de decisão que fosse... Eu estava focado na minha lealdade de ser franco ao presidente do que nós pensavamos", afirmou Freire Gomes.>
"O brigadeiro Baptista Jr. foi contrário a qualquer coisa naquele momento (...) Que eu me lembre, o que o ministro da Defesa fez foi ficar calado. E o almirante Garnier tomou a postura dele, eu acho que ele também foi surpreendido por aquilo tudo ali e que não tinha opinião efetiva naquele momento. (...) Apenas demonstrou, vamos dizer assim, o respeito ao comandante em chefe das Forças Armadas. Não interpretei como qualquer tipo de conluio", afirmou o general.>
Em seguida, Moraes tomou a palavra e advertiu Freire Gomes sobre a necessidade de o general falar a verdade em seu depoimento.>
Moraes citou o depoimento dado por Freire Gomes à Polícia Federal em que o ex-comandante do Exército disse que Garnier teria se colocado "à disposição" do presidente.>
"Ou o senhor falseou a verdade na polícia ou está falseando a verdade aqui", disse Moraes.>
Ao retomar a palavra, Freire Gomes negou que estivesse mentindo.>
"Com 50 anos de Exército, eu jamais mentiria. O que eu quis relatar aqui foi o que eu relatei agora... Que eu e o brigadeiro Baptista Jr. nos colocamos contrários ao assunto (...) Que eu não me recordo efetivamente da posição do ministro da Defesa, e que o almirante Garnier tomou essa postura de ficar com o presidente." >
"Eu não posso inferir o que ele [Garnier] quis dizer com estar com o presidente.">
"Não omiti o dado. Eu sei plenamente o que eu falei (…) Agora a intenção do que ele [Garnier] quis dizer com isso não me cabe", disse o militar.>
A audiência com Freire Gomes foi a primeira em uma série de depoimentos que o STF colherá no processo sobre o chamado núcleo 1 de uma suposta trama golpista — que foi denunciada pela PGR e, após ser aceita pela Primeira Turma do STF, tornou-se um processo.>
Esse é considerado o núcleo crucial, de onde teriam partido as principais decisões e ações da suposta trama. Nele, estão Bolsonaro e mais sete réus.>
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