Publicado em 25 de maio de 2025 às 09:38
"O tsunami diplomático se aproxima, à medida que a Europa começa a agir contra a 'loucura completa' de Israel em Gaza", disse uma das manchetes do jornal liberal israelense Ha'aretz na última semana.>
O título escolhido pelo periódico se refere à condenação internacional conjunta das ações de Israel em Gaza, que aconteceu na mesma semana do chocante assassinato de dois jovens funcionários da embaixada israelense em Washington.>
Por tudo isso, essa foi, para dizer o mínimo, uma semana tumultuada para o Estado judeu.>
As ondas do 'tsunami' começaram a cair nas costas de Israel na noite de segunda-feira (19/5), quando Reino Unido, França e Canadá emitiram uma declaração conjunta condenando suas ações "flagrantes" em Gaza.>
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Todos os três países alertaram sobre a possibilidade de "novas ações concretas" se Israel continuar sua nova ofensiva militar e não suspender as restrições à ajuda humanitária.>
Eles também ameaçaram "sanções específicas" em resposta à atividade de assentamentos de Israel na Cisjordânia ocupada.>
Logo depois, 24 nações doadoras emitiram uma declaração condenando o novo modelo adotado por Israel para distribuir ajuda humanitária em Gaza.>
Mas isso foi só o começo.>
Na terça-feira, o Reino Unido suspendeu as negociações para um acordo de livre-comércio com Israel e afirmou que um roteiro de cooperação estratégica anunciado em 2023 seria revisto.>
Uma nova rodada de sanções foi imposta contra colonos judeus, incluindo Daniela Weiss, uma figura proeminente que apareceu no recente documentário de Louis Theroux, The Settlers.>
A embaixadora de Israel em Londres, Tzipi Hotovely, foi convocada para prestar esclarecimentos ao Ministério das Relações Exteriores britânico, uma medida geralmente reservada aos representantes de países como Rússia e Irã.>
Para piorar a situação de Israel, a chefe de política externa da UE, Kaja Kallas, disse que a "grande maioria" dos membros do bloco é a favor da revisão do Acordo de Associação com Israel, de 25 anos.>
As razões para essa enxurrada de condenações diplomáticas pareciam suficientemente claras.>
As evidências de que Gaza está mais perto da fome em massa do que em qualquer outro momento desde o início da guerra, após o ataque do Hamas em outubro de 2023, causaram choque em todo o mundo.>
A ofensiva militar de Israel e a retórica em torno dela sugeriam que as condições no território atingido estavam prestes a se deteriorar mais uma vez.>
Dirigindo-se ao Parlamento na terça-feira, o secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, destacou as palavras do linha-dura ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, que falou em "limpar" Gaza, "destruir o que resta" e realocar a população civil para terceiros países.>
"Devemos chamar isso do que é", disse Lammy. "É extremismo. Isso é perigoso. É repelente. É monstruoso. E eu o condeno nos termos mais fortes possíveis.">
Smotrich não é um tomador de decisões quando se trata da condução da guerra em Gaza. Até agora, seus comentários incendiários poderiam ter sido postos de lado.>
Mas esses dias parecem ter acabado. Certo ou errado, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, é visto como escravo de seus colegas de direita radical. Críticos o acusam de perseguir incansavelmente uma guerra, sem levar em conta a vida de civis palestinos ou os reféns israelenses restantes que ainda estão detidos em Gaza.>
Países que há muito apoiam o direito de Israel de se defender estão começando a dizer "basta".>
Esta semana foi claramente um momento significativo para o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, um defensor ferrenho de Israel, que enfrentou fortes críticas de dentro do Partido Trabalhista por sua relutância no ano passado em pedir um cessar-fogo em Gaza.>
Na terça-feira, Starmer disse que o sofrimento de crianças inocentes em Gaza era "totalmente intolerável".>
Diante dessa ação extraordinariamente combinada de alguns dos aliados mais fortes de seu país, Netanyahu reagiu furiosamente, sugerindo que o Reino Unido, a França e o Canadá eram culpados de apoiar o Hamas.>
"Quando assassinos em massa, estupradores, assassinos de bebês e sequestradores agradecem, você está do lado errado da justiça", ele postou no X.>
"Você está do lado errado da humanidade e está do lado errado da história.">
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa'ar, foi mais longe, sugerindo que havia uma "linha direta" entre os críticos de Israel, incluindo Starmer, e o assassinato de Yaron Lischinsky e Sarah Lynn Milgrim, os dois funcionários da embaixada israelense mortos a tiros em frente ao Museu Judaico em Washington.>
Mas, apesar das demonstrações de apoio recebidas após o ataque, o governo israelense parece cada vez mais isolado, com aliados ocidentais e membros proeminentes da diáspora judaica expressando raiva — e angústia — pela guerra em Gaza.>
Lord Levy, ex-enviado para o Oriente Médio e conselheiro do ex-premiê britânico Tony Blair, disse que endossou as críticas do atual governo, até mesmo sugerindo que elas poderiam ter chegado "um pouco tarde".>
"Tem que haver uma posição, não apenas nossa neste país, mas internacionalmente, contra o que está acontecendo em Gaza", disse ele ao programa The World at One, da BBC Radio 4, descrevendo-se como "um judeu muito orgulhoso... que se preocupa apaixonadamente por Israel".>
Mas apesar de tudo isso, o único homem que poderia, se quisesse, parar a guerra, permanece em silêncio.>
No final de sua recente turnê pelo Golfo, Donald Trump disse que "muitas pessoas estão morrendo de fome".>
Autoridades da Casa Branca indicaram que o presidente dos EUA estava frustrado com a guerra e queria que o governo israelense "a encerrasse".>
Mas enquanto outros líderes ocidentais expressam sua indignação publicamente, Trump faz poucos comentários sobre o tema.>
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