Publicado em 19 de fevereiro de 2019 às 17:29
A oposição venezuelana tentará liberar no próximo sábado, 23, a entrada de 900 toneladas de ajuda humanitária enviada pelos Estados Unidos ao país. O presidente Nicolás Maduro, rejeita a oferta e anunciou que receberá outras 300 toneladas enviadas pela Rússia. Mas afinal, o que é ajuda humanitária, quando ela pode ser solicitada e quais as implicações envolvidas para doadores e receptores?>
O que é ajuda humanitária?>
A maioria das entidades que atuam no alívio de crises humanitárias consideram o humanitarismo como a ação para salvar vidas e aliviar o sofrimento durante conflitos, turbulências sociais e desastres naturais . Ela deve ser pautada pelos princípios da imparcialidade, neutralidade e independência, para evitar ser manipulada politicamente ou militarmente. Não precisa ser necessariamente requisitada por um governo de turno, mas geralmente cria-se um consenso na comunidade internacional sobre sua necessidade.>
Geralmente, é executada por ONGs como os Médicos Sem Fronteira (MSF), o Comitê Internacional da Cruz Vermelha ( CIRC), entre outras, e por entidades ligadas às Nações Unidas, como o Comitê para Refugiados da ONU (Acnur), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização para Agricultura e Alimentos (FAO).>
>
Quando ela pode ser aplicada?>
Os casos mais comuns nos quais a ajuda humanitária é aplicada ocorrem em conflitos armados, quando uma ou mais partes envolvidas desrespeitam a Convenção de Genebra para proteção de civis, como ocorreu na Guerra Civil da Síria. Na ocasião, tanto tropas leais a Bashar Assad como rebeldes sunitas e militantes do Estado Islâmico chegaram a atacar comboios humanitários. O mesmo ocorreu no Iêmen, onde equipes do MSF foram alvos de ataques sauditas.>
Outros casos de destaque são desastres naturais, como furacões e terremotos. No Haiti, em 2010, por exemplo, o país precisou de milhões de dólares em ajuda humanitária para atender às vítimas do tremor.>
Por fim, crises provocadas pela pobreza indiscriminada, como em Darfur, no Sudão, no começo dos anos 2000, também são exemplos de casos onde essas entidades atuam para compensar a ausência do Estado. É nessa situação que se enquadra a Venezuela.>
Quais as implicações para um país que necessita dessa ajuda?>
Depende do motivo pelo qual essa ajuda está sendo concedida. Em conflitos armados, por exemplo, a ajuda humanitária frequentemente vem acompanhada de uma ação militar. Geralmente são operações multilaterais e aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU.>
Em casos de desastres naturais ou inação do Estado, muitas vezes cabe às entidades internacionais tentar gerir e promover a logística da entrada da ajuda, e impedir que ela seja manipulada políticamente.>
Essas condições, até o momento, não se encontram presentes na Venezuela, uma vez que nenhuma ONG internacional declarou publicamente que participará da entrega promovida pela oposição ou pelo governo.>
Quando a ajuda humanitária foi acompanhada de intervenção externa?>
Somália - 1992: com autorização da ONU, uma força multinacional liderada pelos Estados Unidos ocupou parte do sul do país para garantir a entrada de ajuda humanitária para amenizar casos severos de desnutrição.>
Ruanda - 1994: O genocídio de milhões de tutsis pela maioria hutu durante a Guerra Civil Ruandesa levou as Nações Unidas a intervir no país e criar uma Força Tarefa para garantir a estabilidade de Ruanda e garantir a entrada de ajuda humanitária aos refugiados.>
Kosovo - 1999: Com a aprovação da ONU, forças da Otan lideradas pelos Estados Unidos bombardearam a Sérvia para impedir ações militares contra albaneses étnicos no Kosovo e garantir o retorno de refugiados kosovares à província.>
Líbia - 2011: Na queda do líder líbio Muammar Kadafi, a Otan estabeleceu uma zona de exclusão aérea para impedir ataques à população civil em Benghazi, bem como a entrada de alimentos e remédios.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta