Publicado em 17 de maio de 2025 às 22:39
Dizem que a cozinha é o coração de uma casa, afinal, é onde as famílias se reúnem e as refeições são preparadas.>
Mas qual é o ponto de partida de tudo isso? A geladeira. É nela que armazenamos, de forma segura, grande parte dos alimentos. E, à medida que a tecnologia avança, as geladeiras ficam mais inteligentes, sugerindo receitas e até mostrando notícias. >
Contudo, de todas as características desse eletrodoméstico, uma continua sendo a mais importante: a temperatura.>
Usamos a geladeira para manter os alimentos frescos, mas se a temperatura não estiver adequada, o efeito pode ser o oposto do esperado: a criação de um ambiente perfeito para a proliferação de bactérias. >
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Ao analisarmos milhares de casas, descobrimos que a temperatura média das geladeiras é de 5,3°C, um pouco acima da faixa recomendada, de 0 a 5 °C.>
Mais preocupante ainda é a frequência com que a temperatura das geladeiras muda. Muitos refrigeradores passam mais da metade do tempo acima do limite de temperatura considerado seguro. >
Alguns chegam a 15°C, o que, em algumas partes do Reino Unido, equivale a um dia quente de verão. >
Nessas condições, as bactérias se multiplicam com facilidade, o que aumenta o risco de deterioração dos alimentos e, pior, de contaminações que podem causar doenças. >
Mas onde está o problema? >
Parte do problema está no fato de muitas geladeiras não terem algum tipo de dispositivo para medir e controlar a temperatura interna de forma precisa e acessível. A maioria de nós nem sabe, por exemplo, o que significam os números do aparelho giratório que fica dentro do eletrodoméstico. >
Além disso, cada vez que abrimos a porta da geladeira, entra ar quente. E quanto mais tempo a porta permanece aberta — especialmente quando demoramos a escolher o que vamos pegar — mais a temperatura interna se aproxima da temperatura ambiente, criando condições propícias para a proliferação de bactérias. >
Algumas dicas simples para manter os alimentos frescos e seguros por mais tempo:>
Vale lembrar que a temperatura também varia dentro da geladeira. O ponto mais frio fica na parte de trás, enquanto o mais quente fica na porta. >
Por isso, o ideal é guardar produtos como leite e carne na parte de trás. Já a porta é o local perfeito para guardar produtos menos perecíveis como manteiga e refrigerantes. >
Embora muitas geladeiras modernas venham com sensores integrados, no geral, eles só medem a temperatura em um ponto específico. Além disso, em 68% das casas, a temperatura nunca é ajustada. >
Um conselho prático é colocar termômetros em diferentes partes da geladeira. Se algum superar os 5°C, é porque está na hora de ajustar a temperatura. Mas não se esqueça: os indicadores integrados no interior da geladeira nem sempre refletem a temperatura real de todo o interior. >
Além disso, evite encher a geladeira. Mantenha o refrigerador cheio em 75% da sua capacidade para que o ar frio circule corretamente. Uma forma de fazer isso é guardando frutas secas, tomates, pimentão, batatas e mel em um armário, já que esses produtos não precisam de refrigeração. >
Mas a temperatura não é a única preocupação. Mesmo uma geladeira que funciona bem pode conter patógenos, provavelmente levados por alimentos que já estavam contaminados antes de serem guardados. >
Apesar das temperaturas baixas impedirem o crescimento de muitas bactérias, algumas, como a Listeria monocytogenes, podem sobreviver e até mesmo se multiplicar em baixas temperaturas. >
A Listeria é especialmente perigosa para grávidas e adultos, e pode ser encontrada em queijos brancos, peixes crus (incluindo sushi), embutidos, verduras e sanduíches preparados. >
Para reduzir o risco de contaminação, as autoridades de segurança alimentar recomendam:>
Melhorar seus hábitos em relação aos cuidados com a geladeira pode não parecer tão empolgante, mas ajuda a manter os alimentos frescos por mais tempo, além de proteger sua saúde, que é o mais importante. >
Ah, e sobre aquele frango na geladeira, que sobrou no início da semana...é importante sentir o cheiro. Mas o fato de uma sobra cheirar bem não significa que seja seguro comê-la. Bactérias como a salmonela ou a listeria nem sempre tem um cheiro ruim.>
*Oleksii Omelchenko é microbiologista e pesquisador de Listeria e outros patógenos no Instituto Quadram, um centro de pesquisa em biociência e saúde em Norwich, Reino Unido. Judith Evans é professora de Engenharia Meânica na London South Bank University. >
Este artigo foi publicado originalmente no The Conversation e reproduzido sob licença da Creative Commons. Clique aqui para ler a versão original.>
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