A publicação da instrução Ecclesiae Sponsae Imago, que disciplina a Ordem das Virgens, está provocando polêmica na Igreja Católica. Trata-se do primeiro documento com orientações para esse grupo de mulheres, que não são freiras nem vivem em conventos, mas juram castidade e consagram a virgindade, sendo conhecidas como esposas de Cristo. Entretanto, uma parte do texto provocou surpresa ao dar a entender que a virgindade literal não é requisito para a ordem.
O documento de 39 páginas apresenta normas detalhadas, incluindo a preparação de dois anos antes da consagração. As virgens consagradas, diz o texto, são a imagem da Igreja como Esposas de Cristo, que é demonstrada da forma única na vida daquelas mulheres que, com amor conjugal, são dedicadas ao Senhor Jesus na virgindade. Elas experimentam a fertilidade espiritual de um relacionamento íntimo com ele e oferecem os frutos deste relacionamento à Igreja e ao mundo.
Entretanto, numa das normas que trata dos requerimentos para a consagração, a condição de virgindade é apresentada a partir do rico simbolismo de seus fundamentos bíblicos, no marco de uma visão antropológica solidamente fundamentada na Revelação Cristã. Nesta base, as diferentes dimensões, física, psicológica e espiritual, são integradas e consideradas em sua conexão dinâmica com a história de vida da pessoa.
Neste contexto, deve-se ter em mente que o chamado para dar o testemunho do amor virginal, conjugal e frutífero por Cristo não é redutível ao símbolo da integridade física, coloca o documento. Assim, ter conservado o corpo em perfeita continência ou ter praticado a virtude da castidade, embora de grande importância, não são pré-requisitos essenciais.
Em comunicado, a Associação Americana das Virgens Consagradas, que reúne 235 virgens consagradas espalhadas pelos EUA, afirma que a tão esperada instrução sobre a Ordem das Virgens é profundamente decepcionante em sua negação da virgindade integral como fundação essencial e natural da vocação da virgindade consagrada.
É chocante ouvir da Igreja Mãe que a virgindade física talvez não seja mais considerada um pré-requisito essencial para a consagração para uma vida de virgindade, diz o comunicado. A tradição da Igreja assegura de forma firme que uma mulher deve ter recebido o presente da virgindade que é tanto material e formal para receber a consagração das virgens.
Diferente das freiras, as esposas de Cristo não vivem em conventos, nem usam roupas especiais. Elas trabalham, têm uma vida fora da Igreja, mas não são casadas e oferecem a virgindade como presente para Jesus Cristo. A estimativa é que a Ordem das Virgens reúna cerca de 5 mil mulheres espalhadas pelo mundo.
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