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Guru indiano é declarado culpado por estupro de seguidora de 16 anos

Guru indiano é declarado culpado por estupro de seguidora de 16 anos

Asaram Bapu alegou que pretendia libertar a jovem de espíritos malignos

Publicado em 25 de abril de 2018 às 09:49

O guru espiritual indiano Asaram Bapu Crédito: Reprodução/Twitter

O guru espiritual indiano Asaram Bapu, de 77 anos, que se autoproclama um "semideus" foi declarado culpado, nesta quarta-feira, pelo de estupro de uma seguidora de 16 anos em 2016, no Rajastão, no Oeste da Índia, segundo informações de um advogado que acompanha o caso e da mídia local. Na época, ele teria alegado ter intenção de libertá-la de espíritos malignos. O tribunal ainda não anunciou a pena.

— Foi condenado por estupro (...) e será condenado a um mínimo de 10 anos de prisão — disse à "AFP" Utsav Bains, um advogado para a família da vítima, que embora não tenha comparecido à audiência, foi informada da decisão diretamente por seus colegas presentes na sala.

Entre os seguidores de Asaram Bapu estão ex-primeiros ministros e presidentes indianos. Condenações de personalidades político-espirituais são muito sensíveis na Índia, onde milhões de pessoas as seguem com grande devoção, o que fez com que o país se preparasse para episódios de violência. Como precaução, as autoridades colocaram várias regiões do país em alerta e desdobraram milhares de policiais por medo de brigas pelos seguidores de Asaram.

Apelidado de "Babuji", Asaram sempre negou ter estuprado a adolescente e denunciou os processos como uma conspiração política. O guru prega aos seus discípulos a renúncia dos desejos sexuais.

Mas este não é o único caso em que está envolvido. O guru também é acusado de outro estupro e envolvimento no assassinato de dois estudantes. Pelo menos dois de seus ex-colaboradores, que se voltaram contra ele e se tornaram testemunhas-chave nessas investigações, foram mortos em 2014 e 2015. Apesar disso, seus sermões atraíram multidões enormes e ele ainda mantém uma importante base de discípulos no Oeste da Índia. Sua organização é avaliada em centenas de milhões de dólares.

Em 2013, disse que uma vítima de estupro coletivo que foi morta após o crime teve tanta culpa pelo que aconteceu quanto seus agressores. Na época, uma estudante de 23 anos estava em um ônibus quando foi atacada e depois não resistiu aos ferimentos em um hospital da região. Para Asaram Bapu, a jovem deveria ter sido mais gentil. Os comentários geraram revolta entre políticos e internautas.

"Apenas cinco ou seis pessoas não são réus. A vítima é tão culpada quanto os seus estupradores. Ela deveria ter chamado os agressores de irmãos e ter implorado para que eles parassem. Isto teria salvado a sua dignidade e a sua vida. Uma mão pode aplaudir? Acho que não", disse Bapu, de acordo com a imprensa indiana.

Como Asaram, outros poderosos gurus indianos estão envolvidos em escândalos que misturam espiritualidade, dinheiro e poder. O último caso por estupro de outro guru eminente envolveu Gurmeet Ram Rahim Singh, que provocou revolta entre grupos de fiéis que deixou 38 mortos.

Muitos indianos consideram que os ensinamentos dos gurus abrem o caminho para um despertar espiritual. Mas para seus detratores, esses modernos "semideuses" nada mais são do que charlatões que usam a religião para obter poder, fama e riqueza.

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