Publicado em 21 de junho de 2019 às 18:52
A chefe do Alto Comissariado da ONU para direitos humanos, Michelle Bachelet, está impulsionando a libertação de "presos políticos" na Venezuela, disse nesta sexta-feira (21) o líder opositor Juan Guaidó, depois de se encontrar com a ex-presidente chilena em Caracas.>
"Ela nos disse que está insistindo na libertação dos presos políticos", afirmou Guaidó, reconhecido por mais de 50 países como presidente interino autoproclamado da Venezuela.>
De acordo com Guaidó, dois membros da equipe de Bachelet permanecerão na Venezuela para investigar questões relacionadas à escassez de alimentos e remédios, assim como acusações de abusos dos direitos humanos por parte da ditadura de Nicolás Maduro na repressão a opositores.>
Bachelet, que está em visita de três dias ao país, deve se reunir ainda nesta sexta com Maduro.>
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A ONG Foro Penal estima em 687 o número de pessoas detidas por motivos políticos, embora o ditador Nicolás Maduro negue que estas sejam as razões.>
Bachelet realizou uma reunião na quinta-feira (20) com alguns parentes de detidos. Muitos dos presos são acusados de conspirar para a derrubada do regime de Maduro. Ela teria ficado "muito emocionada" com o encontro, segundo Guaidó.>
Ela também recebeu parentes de pessoas mortas durante os protestos contra o governo ONGs de direitos humanos estimam em 200 as vidas perdidas desde 2014.>
Guaidó afirmou também ter conversado com Bachelet sobre a "perseguição" sofrida pelo Legislativo. Vários deputados estão presos, exilados, refugiados em embaixadas ou escondidos.>
Um dos casos mais recentes foi o vice-presidente da câmara, Edgar Zambrano, preso sob a acusação de apoiar uma insurreição militar fracassada contra Maduro, liderada por Guaidó em 30 de abril. Outros 14 legisladores enfrentam a mesma acusação em liberdade.>
A visita de Bachelet "fala da importância da situação, da crise, do reconhecimento, de uma emergência humanitária complexa que está à beira de se tornar uma catástrofe", disse Guaidó. Ele participa nesta sexta de um protesto para denunciar a crise.>
Na quinta, Bachelet se encontrou com altos funcionários do regime chavista: o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino López, peça-chave na sustentação da ditadura de Nicolás Maduro; e o procurador-geral, Tarek William Saab, fiel ao ditador.>
Na capital venezuelana, centenas de pessoas se concentraram em diversos pontos para advertir Bachelet sobre o colapso na área de saúde e sobre a existência de presos políticos, entre outras denúncias.>
Sob o regime de Maduro, a escassez de produtos básicos se agravou, e o FMI projeta uma inflação acima de 10.000.000% em 2019.>
Segundo a ONU, um quarto da população venezuelana, o equivalente a 7 milhões de pessoas, requer ajuda humanitária urgente. Outros 4 milhões, aproximadamente, deixaram o país desde 2015.>
Bachelet disse que a recusa do regime em reconhecer os problemas dificulta a tomada de medidas para aliviar a situação dos venezuelanos. Na quarta (19), Maduro disse estar aberto a escutar "recomendações" da diplomata. O chanceler, Jorge Arreaza, após recebê-la, afirmou que o regime está disposto a "corrigir" o que for apontado pela ONU.>
A ex-presidente chilena é crítica das sanções impostas pelos EUA para asfixiar Maduro e em apoio a Guaidó. Ela teme que a proibição de vender petróleo venezuelano no mercado americano agrave a situação de penúria da Venezuela.>
Bachelet deve fazer uma única declaração na noite desta sexta, com a qual encerrará sua visita iniciada na quarta-feira (20).>
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