Publicado em 25 de março de 2020 às 09:31
Medidas de isolamento social -como fechar escolas e lojas e reduzir a circulação de pessoas- apressaram o controle do coronavírus em Wuhan, mostra estudo do Centro de Modelos Matemáticos de Doenças Infecciosas (CMMDI) feito com base na evolução da epidemia na cidade chinesa.>
Chamadas de "histeria" pelo presidente Jair Bolsonaro em pronunciamento na noite desta terça (24), as restrições podem reduzir em até 92% a gravidade que a epidemia teria em meados deste ano se nada houvesse sido feito, e em 24% a gravidade esperada para o final do ano, calculam os cientistas da London School of Hygiene and Tropical Medicine.>
No pronunciamento, Bolsonaro afirmou que a mídia estava exagerando a situação com base na situação da Itália, que é diferente do Brasil. Segundo o estudo, embora estimativas precisas variem de país para país, "as intervenções permitiram que Hubei e outros países asiáticos evitassem uma situação ainda mais grave".>
"Responsáveis por políticas públicas devem levar isso em conta para reduzir o impacto e a transmissão do coronavírus e o esgotamento de seus sistemas de saúde", alerta o estudo.>
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Epicentro da pandemia, Wuhan começa nesta quarta (26) a voltar à atividade normal, cerca de quatro meses depois do surgimento dos primeiros casos da doença.>
Desde que foi dado o alarme, governos local e nacional tomaram várias medidas de contenção. O exame de todos os passageiros que entravam foi seguido pela proibição total de viagens, em 23 de janeiro.>
A restrição foi estendida a toda a província de Hubei três dias depois, numa quarentena que incluiu o fechamento total de escolas e a extensão do feriado do Ano Novo chinês, para que os trabalhadores não voltassem ao trabalho.>
O governo proibiu eventos públicos e reuniões e determinou que as pessoas ficassem em casa.>
Essas medidas alteraram significativamente a interação entre diferentes faixas etárias na China e a transmissão do novo coronavírus, na comparação com doenças de características semelhantes, dizem os autores do estudo.>
A proibição de viagens impediu a expansão da doença para outras regiões e atrasou o aparecimento de casos em outras áreas, dando mais tempo para que os sistemas de saúde se recuperassem.>
Na província de Hubei, o confinamento reduziu a velocidade de transmissão, permitindo o controle da pandemia. Com 81.218 casos confirmados até esta quarta, a China registra 3.281 mortes, menos da metade das que já ocorreram na Itália. Recuperaram-se 73.650 doentes, e 1.399 estão hoje em estado grave.>
O trabalho do CMMID mediu o impacto das medidas adotadas em Wuhan comparando a evolução dos casos na cidade com a que seria esperada caso nada houvesse sido feito. "O controle da circulação das pessoas foi efetivo para reduzir a magnitude do pico da epidemia e para atrasar a fase mais crítica", concluem os pesquisadores.>
Segundo eles, medidas como fechar escolas e lojas reduz o contato com desconhecidos, mudando a dinâmica de transmissão do vírus.>
Cálculos feitos em 200 simulações de evolução da epidemia mostram que o fechamento drástico de escolas e o prolongamento do feriado reduziram a taxa de contágio em todas as faixas etárias, com efeitos maiores entre crianças e idosos.>
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