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Falta de oxigênio em caverna na Tailândia preocupa autoridades

Falta de oxigênio em caverna na Tailândia preocupa autoridades

Autoridades tentam instalar mangueira para bombear ar para câmara onde está presa

Publicado em 6 de julho de 2018 às 11:50

Meninos e treinador em caverna na Tailândia Crédito: Reprodução

As autoridades tailandesas correm contra o tempo para definir uma estratégia para resgatar os 12 meninos e seu treinador de futebol presos há 13 dias em uma caverna inundada no Norte da Tailândia. A operação agora se concentra em três principais tarefas, enquanto se analisam os métodos de salvamento: drenar água, disponibilizar mais oxigênio para a zona da caverna onde está o grupo e instalar uma linha de comunicação entre as vítimas e as autoridades.

As autoridades tentam instalar uma mangueira entre a área onde estão os meninos e uma caverna próxima, chamada de Câmara 3, para bombear ar para à câmara dos meninos, chamada de Pattaya Beach. A distância entre os dois pontos de 1,7 quilômetro, segundo as autoridades.

A equipe de resgate também pretende estabelecer uma linha direta entre as duas áreas para facilitar o resgate e permitir contato com as famílias. Até agora, a única forma de comunicação é presencial, o que exige uma jornada de pelo menos seis horas de ida até os meninos e cinco de volta até o centro de comando, devido ao sentido favorável do fluxo da água.

A situação ficou mais tensa na madrugada desta sexta-feira, quando um voluntário morreu por falta de oxigênio enquanto fazia a travessia de volta ao centro do comando, após entregar mantimentos aos 13.

Diante da perspectiva de fortes chuvas no fim de semana, falta de experiência em mergulho e ainda a desnutrição de alguns dos 12 meninos e de seu treinador de futebol, a Tailândia mobilizou um verdadeiro exército de militares e especialistas de vários países que avaliam duas principais estratégias de resgate. Na quinta-feira, mais 30 mergulhadores de elite se juntaram aos 80 já no local, enquanto as autoridades enviavam entre 20 e 30 equipes para rastrear a área sobre a caverna para tentar encontrar uma fenda ou chaminé que a ligue a superfície e evite o resgate subaquático.

O primeiro cenário é retirar, com a necessidade de mergulho, somente aqueles que estiverem prontos e saudáveis. O plano é aproveitar ao máximo a drenagem já feita em zonas alagadas e minimizar a necessidade de fazer arriscadas travessias submersas.

A segunda opções, ainda hipotética, equipes mobilizadas tentariam cavar um túnel para extrair o grupo a partir da superfície acima da caverna. Para isso, no entanto, buscam alguma abertura que facilite a tarefa, uma vez que a caverna está a entre 800 metros e um quilômetro da superfície.

Algumas autoridades também defendem que o grupo seja mantido na caverna no local seco onde estão, até que a temporada de chuva na Tailândia, que vai até novembro, normalize as condições da cavera, e eles possam sair em segurança. No entanto, a preocupação com a perspectiva de mais chuva é maior.

— Estamos numa corrida contra a água, que continua fluindo, apesar da drenagem — disse o governador da província de Chiang Rai e chefe da célula de crise, Narongsak Osatthanakorn.

A melhora da previsão climática para hoje deu mais tempo às equipes de socorro para preparar a logística da retirada. Espera-se chuva para esta sexta-feira. Novas previsões indicaram que a precipitação mais forte, que potencialmente alagará todo o complexo, será só no domingo.

— Se a condição estiver adequada e a pessoa estiver 100% pronta, poderá sair — garantiu Osatthanakorn.

TRAJETO DE 11 HORAS

A célula de crise precisa garantir ação rápida. Segundo o governo, os mergulhadores podem levar até 11 horas para resgatar cada adolescente: seis horas para chegar até eles, e mais cinco para voltar — o trajeto de saída tem a corrente a favor.

De acordo com Poonsak Woongsatngiem, funcionário sênior de resgate do Ministério do Interior, o volume de água na caverna já foi reduzido em 40% — numa média de 1,5 centímetros por hora. A intenção é bombear e drenar o suficiente para que as crianças não precisem mergulhar — ou que mergulhem por pouco tempo e com menos risco. No atual estágio, 1,5km do trajeto seria a pé, em terrno seco, e os 2,5km restantes seriam feitos a nado ou em mergulhos mais rasos.

Mas um boletim médico dos adolescentes, obtido pela CNN, mostrou que dois dos garotos e o treinador, de 25 anos, sofrem de exaustão e desnutrição, por causa dos nove dias isolados antes de serem encontrados. E três deles têm problemas intestinais, segundo um mergulhador.

— Se você pede a um garoto de 11 anos que faça um mergulho em que um ex-mergulhador da Marinha especializado teria dificuldades, algumas crianças vão morrer — advertiu, à CNN, o ex-membro de elite da Marinha americana Cade Courtley.

Os receios sobre o resgate fazem a força-tarefa ampliar a busca por chaminés que sirvam de atalho para tirar o time sem mergulhar. Como os meninos respiram normalmente após duas semanas no ambiente, onde o ar é rarefeito, autoridades acreditam ser “muito provável” que haja chaminés ligando a caverna ao exterior.

Enquanto isso, o clima é de otimismo entre os garotos, todos fãs de futebol.

— Sempre perguntam sobre a Copa do Mundo. Disse a eles que as grandes seleções tinham ido para casa — disse um socorrista ao jornal britânico “Guardian”.

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