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EUA e mais 60 países pedem livre saída a quem quer deixar Afeganistão

EUA e mais 60 países pedem livre saída a quem quer deixar Afeganistão

Ao longo do domingo e da manhã desta segunda-feira (16), um tumulto no aeroporto de Cabul deixou mortos e feridos

Publicado em 16 de agosto de 2021 às 11:40

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Afegãos tentam entrar no Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul, em meio à tentativa de fuga após o Taleban entrar na capital
Afegãos tentam entrar no Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul, em meio à tentativa de fuga após o Taleban entrar na capital. (Reuters/Folhapress)
Redação O Estado de S. Paulo

Após o Taleban reassumir o controle do Afeganistão, os Estados Unidos e mais 60 países emitiram um comunicado conjunto no domingo, 15, pedindo que cidadãos afegãos e estrangeiros tenham permissão para deixar o país se assim desejarem. Ao longo do domingo e da manhã desta segunda-feira (16), um tumulto no aeroporto de Cabul deixou mortos e feridos.

As pessoas estão tentando deixar o país após o Taleban tomar a capital Cabul e voltar ao poder depois de 20 anos. O presidente do país fugiu do Afeganistão e o palácio presidencial foi tomado no domingo.

"Devido à deterioração da situação de segurança, nós apoiamos, estamos trabalhando para garantir e pedimos que todas as partes respeitem e facilitem a saída segura e ordenada de estrangeiros e afegãos que desejam deixar o país", diz o texto divulgado pelo Departamento de Estado norte-americano.

O Brasil não está entre as nações signatárias do documento. A lista inclui, entre outros países, França, Alemanha, Reino Unido, Portugal, Canadá, Japão, Coreia do Sul e Catar. Entre os governos sul-americanos, Chile, Colômbia, Paraguai e Guiana assinam o texto.

O comunicado pede que estradas, aeroportos e postos de fronteiras permaneçam abertos. "O povo afegão merece viver com segurança, proteção e dignidade. Nós, da comunidade internacional, estamos prontos para ajudá-los", conclui.

Nesta segunda-feira (16), um dos porta-vozes do Taleban disse à Reuters que ainda é cedo para afirmar como o grupo vai governar o Afeganistão. "Nós queremos que todas as forças estrangeiras deixem o país antes de começarmos a reestruturar a governança."

Combatentes do Taleban montam guarda na estrada que leva ao Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul, no Afeganistão
Combatentes do Taleban montam guarda na estrada que leva ao Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul, no Afeganistão. (RAHMAT GUL/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)

MORTOS E FERIDOS EM TUMULTO NO AEROPORTO

Um tumulto no aeroporto de Cabul deixou mortos nesta segunda-feira, quando uma multidão tentava embarcar em aviões para deixar o Afeganistão, agora dominado pelo Taleban. O número de mortos não foi confirmado.

O jornal americano The Wall Street Journal fala em três mortos por armas de fogo.

A agência de notícias Reuters cita relatos de testemunhas de que cinco pessoas foram mortas, sem dizer se as vítimas foram atingidas por disparos de armas de fogo ou pisoteadas durante a confusão.

VOOS  COMERCIAIS CANCELADOS

Os voos comerciais foram cancelados, e apenas viagens militares ocorrem no local. "Por favor, não venha para o aeroporto", disse uma autoridade do aeroporto.

Durante o tumulto, tropas dos EUA, que estavam no aeroporto para ajudar os cidadãos americanos a embarcarem, atiraram para o alto. "A multidão estava fora de controle", afirmou um oficial à Reuters. "O disparo foi feito apenas para neutralizar o caos."

Entre domingo e segunda, voos comerciais foram suspensos e grandes companhias aéreas, entre elas a Emirates e a United Airlines, anunciaram que, por enquanto, vão evitar o espaço aéreo afegão.

SITUAÇÃO PACÍFICA E DIÁLOGO COM A RÚSSIA

Autoridades do Taleban disseram nesta segunda que não receberam relatos de confrontos em todo o país desde que tomaram Cabul. "A situação é pacífica, de acordo com nossas informações", disse um dos principais membros do grupo extremista.

O encarregado russo para o Afeganistão, Zamir Kabulov, afirmou nesta segunda que o embaixador de seu país em Cabul se reunirá na terça-feira, 17, com os taleban e que a Rússia decidirá se reconhece ou não o governo do Taleban de acordo com suas "ações".

"Nosso embaixador está em contato com líderes taleban e amanhã se reunirá com o coordenador do Taleban", disse Kabulov à rádio Ekho Moskvy. "O reconhecimento ou não dependerá das ações do novo regime."

A VOLTA DO TALEBAN AO PODER

  • 1994 Grupo fundamentalista islâmico é criado no norte do Paquistão após a retirada das tropas da antiga União Soviética do Afeganistão, país fronteiriço
  • 1996 Após confrontos com outras facções, os combatentes capturam Cabul, capital afegã, derrubam o regime do então presidente, Burhanuddin Rabbani, e instituem o Emirado Islâmico do Afeganistão
  • 2001 Depois de cinco anos no poder, o regime colapsa com os ataques de uma coalizão militar liderada pelos EUA; os americanos alegavam que o Taleban dava proteção à rede terrorista Al Qaeda, que realizou os ataques de 11 de setembro ao World Trade Center
  • 2012 Se organizando no exterior, principalmente no Paquistão, o grupo realiza um dos ataques de maior repercussão internacional: atira na estudante paquistanesa Malala Yousafzai, então com 14 anos, que se opunha publicamente ao Taleban
  • 2020 Em fevereiro, grupo assina um acordo de paz histórico com os EUA, cujas tropas estavam no Afeganistão desde 2001, para tentar colocar fim a um conflito de quase 20 anos; em outubro, o republicano Donald Trump, então presidente, anuncia a retirada das forças americanas
  • 2021 Em maio , o presidente Joe Biden inicia a retirada efetiva das tropas americanas; em agosto, o Taleban lança sua mais forte ofensiva em anos no Afeganistão e, em menos de três semanas, captura novamente a capital, Cabul

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*Com agências internacionais

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