Publicado em 23 de abril de 2025 às 08:39
Elon Musk, CEO da Tesla, anunciou que vai reduzir sua participação no governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, depois que os resultados financeiros da empresa, divulgados na terça-feira (22/4), mostraram uma queda acentuada no lucro e na receita nos primeiros meses deste ano.>
As vendas da montadora despencaram, e a marca vem enfrentando críticas diante do envolvimento político cada vez maior de Musk na nova gestão da Casa Branca.>
De acordo com os resultados divulgados, o lucro da Tesla despencou 71% no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2024, uma queda atribuída, entre outros fatores, às atividades políticas de seu CEO.>
A empresa americana de veículos elétricos registrou US$ 409 milhões de lucro entre janeiro e março, em comparação com US$ 1,4 bilhão no mesmo período do ano anterior.>
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Esta queda coincide com uma crescente controvérsia em torno de Musk, cuja participação no governo Trump e apoio a políticos de direita radical na Europa provocaram protestos, boicotes e danos à imagem da marca.>
A empresa, de fato, citou a "mudança no sentimento político" como uma das razões para a queda no lucro, assim como a "incerteza nos mercados automotivo e de energia".>
A receita das vendas da Tesla também registrou uma queda de 9% em comparação com o mesmo período do ano anterior, entre janeiro e março, totalizando US$ 19,3 bilhões, abaixo das expectativas de Wall Street de US$ 21,1 bilhões.>
As entregas de veículos caíram 13%, para 336.681 unidades, representando o pior trimestre de vendas desde 2022.>
A empresa alegou na apresentação dos resultados que a "incerteza nos mercados automotivo e de energia", assim como a "rápida evolução das políticas comerciais", afeta negativamente a cadeia de suprimentos global e a estrutura de custos da Tesla e de seus concorrentes.>
"Esta dinâmica, junto à mudança no sentimento político, pode ter um impacto significativo na demanda por nossos produtos no curto prazo", acrescentou.>
As ações da Tesla perderam mais de 40% do valor no acumulado do ano, uma queda mais acentuada do que a de outras empresas que também sofreram os primeiros efeitos da guerra tarifária de Trump.>
Embora as ações da companhia tenham subido na Bolsa de Valores de Nova York após a divulgação dos resultados, o consenso entre os analistas é de que a reputação da empresa foi prejudicada.>
A queda nos lucros da Tesla foi atribuída não apenas a fatores comerciais e logísticos, mas também à figura cada vez mais controversa de Elon Musk.>
Seu papel como assessor de Trump no Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês), órgão federal que cortou milhares de empregos e orçamentos públicos, gerou críticas entre determinados setores nos EUA.>
A Tesla viu suas vendas caírem drasticamente em seu principal mercado doméstico, a Califórnia, um Estado caracterizado por suas fortes tendências progressistas, onde Trump perdeu na votação para Kamala Harris na eleição de novembro passado.>
Além disso, clientes habituais optaram por abandonar a marca, e houve protestos e atos de vandalismo em concessionárias.>
Em paralelo, a imagem negativa do governo Trump na Europa e em outros mercados pode ter dissuadido muitos clientes em potencial de comprar um Tesla.>
Diante deste contexto, cada vez mais analistas acreditam que Musk deveria renunciar ao cargo político para se concentrar mais na gestão da empresa.>
Esta mudança parece estar prestes a se concretizar.>
Pouco depois da divulgação dos resultados financeiros da Tesla na terça-feira, Musk anunciou em uma teleconferência com analistas de Wall Street que, a partir de maio, vai reduzir "significativamente" sua dedicação ao Doge.>
Ele disse que provavelmente vai continuar a dedicar um ou dois dias por semana para trabalhar em questões governamentais, "enquanto o presidente quiser que eu faça isso, e enquanto for útil".>
Musk afirmou que as "reações negativas" vêm de pessoas que "vão tentar atacar a mim e à equipe do Doge". Mas descreveu seu trabalho à frente do departamento como "crucial", e declarou que "colocar ordem na sede do governo é algo que está praticamente concluído".>
Como principal fator externo da queda dos lucros da Tesla, os especialistas citaram o enfraquecimento da demanda a nível mundial e a concorrência cada vez mais acirrada de outras empresas de veículos elétricos, especialmente da China.>
Entre elas, estão a gigante chinesa BYD, que se expandiu rapidamente fornecendo carros elétricos com bom desempenho a preços baixos, assim como as mais sofisticadas Xpeng e Nio, que se concentram no mercado de luxo e tecnologia avançada.>
A BYD apresentou recentemente um sistema inovador de carregamento ultrarrápido, enquanto outras marcas, como Volkswagen e Hyundai, lançaram modelos elétricos com tecnologia avançada.>
As tensões tarifárias entre os EUA e a China agravaram ainda mais a situação nos últimos meses.>
A Tesla teve que suspender as importações de certos componentes fabricados na China depois que as tarifas dos EUA subiram para 145%.>
Em retaliação, Pequim impôs suas próprias tarifas, forçando a Tesla a suspender temporariamente os pedidos dos Modelos S e X no país asiático.>
Embora produza a maioria de seus veículos americanos em fábricas na Califórnia e no Texas — o que a protege parcialmente das tarifas —, a companhia depende de peças importadas que agora estão mais caras.>
Isso, de acordo com os especialistas, poderia forçar a montadora a aumentar os preços ou a aceitar margens de lucro menores.>
A Tesla também admitiu que sua divisão de energia, que fabrica baterias e sistemas de armazenamento, vai ser ainda mais afetada pelo novo cenário comercial.>
Em contrapartida, a empresa reafirmou no balanço financeiro de terça-feira seu compromisso com a tecnologia de direção autônoma, como uma importante fonte de receita futura.>
Musk prometeu lançar um serviço de táxis-robôs em Austin, no Texas, em junho, e, ainda este ano, na Califórnia.>
E a Tesla também prometeu produzir um modelo novo e mais barato neste ano, embora ainda não tenha mostrado um protótipo.>
Na apresentação dos resultados, a empresa não ofereceu uma previsão de vendas ou lucro para este ano devido à incerteza em torno da economia e das cadeias de suprimentos globais.>
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