Publicado em 19 de junho de 2019 às 11:49
O número de pessoas em todo o mundo que deixaram suas casas para fugir de guerras, violência, perseguições políticas e crises humanitárias bateu um recorde em 2018, chegando a 70,8 milhões -o dobro do que era há 20 anos. >
Isso representou um aumento em relação as 68,5 milhões que estavam nesta situação em 2017. Os dados fazem parte de um novo relatório divulgado nesta quarta-feira (19) pelo Acnur (agência da ONU para refugiados).>
Segundo o documento, 13,6 milhões de pessoas foram deslocadas à força apenas em 2018, o que significa uma média diária de 37 mil. Em compensação, 11,3 milhões de pessoas conseguiram deixar essa situação -por exemplo voltando para casa ou adquirindo uma nova nacionalidade. >
A maior parte (41,3 milhões) das pessoas obrigadas a deixar suas casas é de deslocados internos -ou seja, pessoas que permanecem em seus países de origem.>
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O restante inclui 25,9 milhões de refugiados (que buscaram abrigos em outros países) e 3,5 milhões de solicitantes de refúgio (que ainda aguardam uma definição de seu futuro).>
Para Federico Martinez, representante-adjunto do Acnur no Brasil, essa situação deve continuar piorando. "É o sétimo ano seguido que vemos essa tendência de crescimento. As causas que levam a esse problema não estão sendo resolvidas", afirmou à reportagem.>
A situação, disse ele, é especialmente preocupante na América Latina. Primeiro porque as décadas de conflito armado na Colômbia geraram 8 milhões de deslocados internos no país -só a Síria, com 13 milhões, tem mais.>
Apesar do acordo de paz entre o governo e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), ainda deve demorar alguns anos até a questão começar a melhorar no país, segundo Martinez.>
A isso se soma o grande fluxo de imigrantes gerado pela crise na Venezuela. No total são 4 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes -mas apenas 450 mil pediram refúgio. >
"É o maior deslocamento na história da região", disse Martinez. Em um cenário tão pessimista, ele destaca o trabalho feito pelos países da América Latina para receber os refugiados venezuelanos, facilitando especialmente o acesso a documentos. >
"A maior parte dos refugiados acaba procurando abrigo nos países vizinhos. É o que acontece, por exemplo, com venezuelanos indo para a Colômbia. E também com sírios indo para a Turquia", afirmou ele.>
Os números do relatório confirmam sua declaração. A cada cinco refugiados no mundo, quatro vivem em um país vizinho ao seu, e um terço mora em países pobres, contra 16% em nações ricas.>
Por causa da guerra civil que assola a Síria desde 2011, 6,7 milhões de refugiados já deixaram o país, o maior contingente do planeta. O número fica bem acima dos 2,7 milhões que deixaram o Afeganistão, segundo no ranking.>
A maior parte dos sírios, aliás, procurou abrigo exatamente na Turquia, o que fez o país se transformar no que mais recebe refugiados no mundo, com 3,7 milhões.>
O segundo na lista, com 1,4 milhão, é o Paquistão, vizinho do Afeganistão, seguido de Uganda (1,2 milhão) e Sudão (1,1 milhão) -os dois últimos vizinhos do Sudão do Sul, de onde já saíram 2,3 milhões de refugiados.>
O relatório do Acnur chama a atenção ainda pelo grande fluxo de crianças e jovens obrigados a fugirem de seus locais de origem.>
Cerca de metade dos refugiados no planeta tem menos de 18 anos , dos quais 138 mil são crianças desacompanhadas.>
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