Publicado em 8 de dezembro de 2025 às 14:44
Há 45 anos, em 8 de dezembro de 1980, o ex-Beatle John Lennon foi morto a tiros quando voltava para sua casa no Edifício Dakota, em Nova York. >
Tom Brook, da BBC, foi o primeiro jornalista britânico a fazer uma reportagem ao vivo na cena do crime. >
Em um texto de 2020, no aniversário de quatro décadas da morte do cantor, ele refletiu sobre a cobertura do evento histórico. Confira a seguir:>
Em Nova York, ao fazer minhas rotinas diárias, sou constantemente lembrado de John Lennon, tanto de sua vida quanto de sua morte.>
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Hoje moro a apenas quatro quarteirões do Edifício Dakota. >
Passo pelo prédio praticamente todos os dias e a minha academia, na West 63rd Street, faz parte de um complexo que também abriga um hotel, que foi onde o assassino de Lennon, Mark David Chapman, ficou em sua primeira noite em Nova York.>
Lennon também continua a definir minha carreira. Sou jornalista há mais de 40 anos. >
Nesse período, já enviei mais de 3 mil reportagens para a BBC e entrevistei a maioria dos grandes nomes da indústria do cinema.>
Mas todas as pessoas querem saber, quando me conhecem, como foi cobrir a morte de John Lennon.>
Bem, eu tenho que admitir que foi uma grande história, mas a logística da reportagem era, na verdade, muito simples. >
Eu ocupei uma cabine telefônica pública à vista do Dakota, de onde respondi perguntas do apresentador da BBC Radio Four, Brian Redhead, entre outros, em Londres, passando as informações mais recentes.>
Quando não estava fazendo isso, entrevistava algumas das centenas de fãs de Lennon que se reuniam na rua.>
Todo mundo ao meu redor chorava, alguns fãs estavam histéricos. Eu mesmo também era um grande seguidor de Lennon.>
Outro dia, olhei para a fotografia em meu primeiro cartão de identificação oficial da BBC daquela época — é uma visão assustadora e fiquei surpreso que a empresa tenha me dado um emprego!>
Mas eu definitivamente parecia um fã de John Lennon. Então, sim, eu estava emocionalmente afetado naquela noite também, mas consegui não engasgar ao vivo.>
As pessoas sempre me pedem para descrever como foi estar no Edifício Dakota logo após a morte dele.>
Nunca esquecerei de uma jovem que disse: "Sinto como se tivesse levado um soco no estômago". Acho que as palavras dela resumiram perfeitamente.>
Dois anos depois da morte do ex-Beatle, voltei ao Dakota para entrevistar Yoko Ono. Ela havia acabado de começar a comentar a morte de Lennon e ainda falava dele no presente.>
Ela me disse: "Ele ainda está vivo, ele ainda está conosco, o espírito dele continuará, você não pode matar uma pessoa tão facilmente".>
Isto talvez seja o que é mais notável 40 anos após a morte de Lennon: o quanto seu espírito ainda está vivo em termos dos milhões de jovens que agora estão migrando para sua música.>
Na corrida para este aniversário, passei os últimos dias falando com alguns deles. Eles me dizem que são atraídos pela música de Lennon, suas letras e seu tipo particular de pacifismo idealista, que eles acham que traz algum conforto nestes tempos de pandemia.>
Mas, para ser objetivo, sei que nem tudo em relação a Lennon foi maravilhoso. Ele podia ser mau e desagradável — e admitiu que abusou de mulheres.>
Nada disso realmente afetou seu legado — na verdade, sua estatura como músico cresceu desde que ele morreu.>
Acho que o que mais gostava em Lennon era que ele tinha uma voz autêntica. Não apenas musicalmente. Ele fez e disse algumas coisas controversas, mas ele não era uma farsa, sempre foi ele mesmo.>
Ele foi uma das figuras mais significativas da história da cultura pop do século 20, um verdadeiro britânico e, quatro décadas depois de sua morte, ainda sou fascinado por ele.>
*Talking Movies é transmitido pela BBC World News e pelo canal de notícias da BBC.>
Esse texto foi originalmente publicado em 8 de dezembro de 2020>
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