Publicado em 8 de dezembro de 2025 às 11:44
Em ação criminosa ocorrida na manhã de domingo (7/12) dois bandidos armados invadiram a Biblioteca Municipal Mário de Andrade, no centro de São Paulo, e roubaram obras do francês Henri Matisse (1869-1954) e do brasileiro Candido Portinari (1903-1962).>
Foram levadas oito gravuras do primeiro e cinco do outro, segundo informou, em nota divulgada à imprensa, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa da cidade. As obras faziam parte da exposição Do Livro Ao Museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade, que se encerrava no domingo.>
De acordo com a administração municipal, as gravuras, assim como todas as obras expostas, contavam com seguro. O prefeito Ricardo Nunes declarou, no domingo, que os criminosos foram identificados pelas câmeras de segurança e estão sendo procurados pela polícia.>
Um funcionário da pasta afirmou à reportagem que, pelas imagens colhidas pela câmera, fica claro que os bandidos sabiam exatamente quais gravuras pretendiam levar. A ação foi rápida. Todas as obras subtraídas estavam no mesmo setor da exposição.>
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De acordo com o servidor, que pediu para não ter seu nome divulgado, tudo indica que os autores do roubo tenham visitado anteriormente a exposição pelo menos uma vez. A mostra entrou em carta no dia 4 de outubro, com entrada gratuita. E os trabalhos de Matisse e de Portinari foram amplamente divulgados como destaques.>
Em nota publicada no domingo, a Secretaria de Segurança Pública detalhou que os dois homens armados renderam uma vigilante e um casal que visitava a mostra. Como era de manhã, o local estava tranquilo.>
Os criminosos seguiram até a cúpula de vidro da instituição e ali pegaram as pinturas de Matisse e de Portinari. Colocaram tudo em uma sacola de lona e, então, fugiram pela porta principal.>
As oito obras de Matisse roubadas foram Le Clown, Le Cirque, Monsieur Loyal, Cauchemar de L'Eléphant Blanc, Le Codomas, La Nageuse Dans L'Aquarium, L'Avaleur de Sabres e Le Cowboy. Já as gravuras de Portinari eram de uma série sobre o romance Menino de Engenho, de José Lins do Rego (1901-1957).>
A exposição foi realizada em parceria pela biblioteca com o museu. Ficou em cartaz desde o início de outubro até ontem e celebrou a conexão histórica de ambas as instituições com o modernismo, tendo como fio condutor o papel do sociólogo, artista e escritor Sérgio Milliet (1898-1966), que dirigiu a Mário de Andrade e ajudou a fundar o MAM — foi diretor artístico do museu e organizou três bienais, na época em que estas eram realizadas pela entidade.>
Considerada a mais importante biblioteca pública de São Paulo, a Mário de Andrade foi fundada há 100 anos e é a mais antiga coleção pública de livros do município. Tem hoje o segundo maior acervo documental do país, somente atrás da Biblioteca Nacional, do Rio de Janeiro.>
Entre livros, periódicos, mapas, fotos e outros documentos, são mais de 7 milhões de itens em suas coleções.>
Já o Museu de Arte Moderna, cuja sede atual fica no Parque do Ibirapuera, é uma instituição fundada em 1948, sob inspiração do homônimo nova-iorquino, o MoMA. Em seu acervo, de cerca de 5 mil obras, predominam criações de artistas brasileiros do século 20.>
O francês Henri Matisse é considerado, ao lado de Pablo Picasso (1881-1973) e de Marcel Duchamp (1887-1968), como um dos três nomes seminais da arte do século 20. Ao longo de sua carreira ele trafegou entre o fauvismo à defesa da tradição clássica na pintura.>
Portinari é considerado um dos maiores artistas brasileiros de todos os tempos. Costuma ser lembrado globalmente pelos painéis Guerra e Paz, realizados especialmente para adornar a sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York.>
Não à toa, o artista é o nome brasileiros das artes plásticas que alcançou maior projeção internacional.>
Em 2006, 12 gravuras do século 19 foram furtadas da Biblioteca Mario de Andrade. Raras, as obras de 1834 e 1835 tinham como destino o mercado clandestino de colecionadores de arte.>
São ilustrações pintadas à mão pelo artista suíço Johann Jacob Setinmann (1800-1844), mostrando paisagens brasileiras. As pinturas integram a obra Souvenirs de Rio de Janeiro, uma publicação do alemão Karl Hermann Konrad Burmeister (1807-1892).>
Elas foram recuperadas em 2024 pela Polícia Federal. Conforme divulgado na época, o material estava com um colecionador brasileiro que havia adquirido as peças de forma legal em um casa de leilões de Londres.>
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