Publicado em 29 de junho de 2019 às 15:21
Até 2021, a licença maternidade e paternidade serão equiparadas na Espanha (16 semanas). A decisão foi aprovada em abril desse ano e faz parte de uma política de equiparação de direitos, instaurada em 2007.>
O que seria motivo de comemoração para muitas mulheres evidenciou uma mudança no comportamento nos homens. Foi o que revelou um estudo recente publicado na Revista de Economia Pública.>
Segundo as economistas Lídia Farré, da Universidade de Barcelona e Libertad Gonzalés, da Universidade Pompeu Fabra, os pais que usufruíram do benefício -que entrou em vigor em 2007- se tornaram de 7 a 15% menos propensos a ter outro filho.>
Ainda de acordo com o levantamento espanhol, famílias que tiveram filhos antes da lei mostraram pais mais ausentes e menos comprometidos em participar da criação dos filhos. Já as famílias que tiveram filhos após a ampliação da licença para os homens evidenciaram pais mais atuantes e envolvidos na rotina familiar, mesmo após o retorno ao trabalho. A pesquisa foi realizada com homens entre 21 e 40 anos que tiraram licença paternidade de duas semanas.>
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Muitos são os fatores que podem explicar essa redução, entre eles o senso de responsabilidade, a consciência do esforço e até o custo da criação de uma criança.>
Para Anna Chiesa, professora sênior da USP especialista na promoção do desenvolvimento infantil, é papel da sociedade desconstruir a ideia que só a mulher tem instinto para cuidar do recém-nascido. "O vínculo afetivo se constrói com presença. A conexão do pai com o bebê só vai ser gerada se houver participação em sua criação".>
Para ela, colocar o bebê para arrotar, trocar, dar banho ou dar colo também resulta em benefícios emocionais para a mãe -que vive uma oscilação hormonal comum no puerpério.>
Quem vive essa mudança de paradigma é o desenhista William Mur, 34. Ele e a namorada, Daiana Vidal,30, esperam o primeiro filho. "Quando nasci, meu pai saiu para um viagem de trabalho em outro estado. Ele pensava que não poderia ajudar em nada estando ali. Para mim, hoje é inadmissível agir dessa forma".>
Além de idas em exames médicos, leituras sobre parto e participação em roda de pais, William diminuiu o ritmo de trabalho para acompanhar a gravidez de perto e se organiza para aproveitar ao máximo a primeira infância do bebê.>
VANTAGENS>
Um estudo da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal mostra que pais presentes no início da vida dos filhos geram reflexos importantes no desenvolvimento infantil.>
Crianças de pais que fizeram uso da licença paternidade apresentaram maior probabilidade de serem amamentadas no primeiro ano de vida.>
Além disso, o aumento da licença paternidade pode ajudar a diminuir a diferença entre homens e mulheres no mercado de trabalho e mudar o comportamento das famílias em relação à divisão das tarefas domésticas.>
E POR AQUI?>
No Brasil, mulheres têm direito a quatro meses de licença e homens a cinco dias. A maioria (que tem direito) tira férias para ampliar o tempo com o recém-nascido.>
Empresas cidadã permitem que mulheres tirem seis meses de licença (lembrando que esse é o período sugerido pela OMS para amamentação exclusiva no peito) e estabelecem 20 dias para os homens ficarem em casa.>
Também tramita no Senado um projeto de lei que prevê a ampliação da licença paternidade para 15 dias.>
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