Publicado em 23 de maio de 2019 às 09:24
No primeiro dia do Airbus Innovation Days 2019, evento em Toulouse (França) no qual a fabricante europeia apresenta novidades, o avião que estava na boca de todos atendia pelo nome de Boeing 737 MAX.>
Após dois acidentes em cinco meses, o jato foi aterrado até que a Boeing apresente uma atualização do software que é apontado como principal causa das quedas do 737 MAX 8 da Lion Air, em outubro, e da Ethiopian, em março.>
Questionados, executivos da Airbus afirmaram que a crise da rival americana não ajuda o setor.>
Em geral eu gosto de ver um concorrente em crise. Mas não quando se trata de segurança, disse o novo CEO da Airbus, Guillaume Faury, que assumiu o cargo em abril.>
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Um eventual impacto positivo em encomendas do A320, rival direto do 737, foi descartado.>
Em 10 de março [dia da queda do 737 MAX 8 da Ethiopian] a demanda estava igual à do dia 9, afirmou o diretor comercial, Christian Scherer.>
Ele lembrou que a Airbus já trabalha com sua capacidade máxima de produção do A320, que é de 63 aeronaves por mês.>
Desde o acidente da Ethiopian, cresceram as críticas à atualização de projetos antigos. O 737 MAX é a nova geração do avião mais popular do mundo, o 737, que entrou em serviço em 1968.>
Scherer, no entanto, defendeu o modelo de negócio em que se atualiza um projeto já existente e descartou que os problemas do rival decorrem do fato de ser um upgrade. O MAX não é um esgarçamento dele [737].>
A própria Airbus tem feito o mesmo com a sua família A320, desenvolvida nos anos 1980. Já se contam 31 anos desde que o A320 original entrou em serviço.>
Outros destaques do primeiro dos dois dias do Airbus Innovation Days deste ano foram o A321LR, o A220 e o A350.>
A321LR, O HÍBRIDO>
Uma das maiores apostas da fabricante europeia é uma atualização de um avião introduzido em 1994, com um projeto concebido nos anos 1980.>
O A321LR (Long Range, alcance longo), que começou a voar em julho passado com a Turkish Airlines, é uma aeronave de fuselagem estreita (narrowbody).>
Mas as melhorias aerodinâmicas e, principalmente, nos motores, permitirão que ele faça rotas antes só possíveis para widebodies (de fuselagem larga ou dois corredores).>
Com capacidade para cerca de 240 passageiros, a nova geração do A321 deve revolucionar o mercado de aviões intermediários, o chamado MOM (Middle of the Market), segmento abandonado pela Boeing com a descontinuação do 757 em 2004. A Airbus domina esse mercado, com 80% de participação.>
Por isso, o modelo é considerado um híbrido, unindo o alcance de aviões de dois corredores com o menor custo de uma aeronave de corredor único.>
A220>
A Airbus tem se esforçado para mostrar que o A220 não é apenas um filho adotivo, segundo o diretor comercial, Christian Scherer.>
Desde que a empresa europeia comprou o programa de jatos C-Series da canadense Bombardier, em 2017, o mercado de aviões de 80-100 passageiros tem esquentado. A jogada da Airbus levou a Boeing a comprar a divisão de aviação comercial da Embraer após um ano de negociação.>
Nesta terça-feira (21), a Airbus anunciou que o A220 ganhou cerca de 830 km de alcance graças a melhorias estruturais e melhor aproveitamento de armazenamento de combustível.>
Isso eleva a 6.200 km o alcance do A220-300, concorrente direto do E-195 da Embraer, que chega a 4.900 km em sua segunda geração a ser lançada neste ano.>
Segundo a Airbus, o A220 tem um backlog (encomendas a ser entregues) de 530 aeronaves.>
O modelo deve acabar prevalecendo sobre os A318 e A319, versões encurtadas do A320 e até então os menores aviões do portfólio da Airbus.>
A eficiência econômica diminui ao se encurtar um avião como o A318 e A319, afirmou Scherer, para quem um design do zero para o mercado menor, como o A220, em vez de redesenhar nosso avião é a melhor escolha.>
A350>
Talvez o mais moderno avião em operação atualmente, o A350 teve reforçada sua apresentação como o novo produto premium da Airbus.>
A variante maior, o A350-1000, que leva até 410 passageiros no esquema de três classes, é a aposta da empresa para viagens de longa distância. As inovações na cabine com a configuração Airspace diminuem o ruído, melhoram a renovação do ar e aumentam o espaço.>
De acordo com Christian Scherer, o A350 pode crescer em alcance e em capacidade, mas não é a necessidade no momento.>
Ele lembrou, duas vezes, que o uso de fibra de carbono na fuselagem do A350 diminui em 45 toneladas seu peso na decolagem em comparação com o 777, chamado de tanque com motor novo pelo executivo da Airbus.>
A Boeing espera o fim da crise com o 737 MAX para lançar neste ano a nova geração desse avião, o 777X.>
O SUMIÇO DO A380>
Na apresentação de slides com os planos atuais e futuros da Airbus, uma ausência foi sentida. Mas o elefante branco foi chamado à sala assim que os jornalistas puderam fazer questões sobre o A380.>
A fabricante anunciou em fevereiro o fim da produção do Super Jumbo depois de apenas 12 anos desde o lançamento do gigante.>
O A380 é o que é, disse o novo CEO da Airbus, Guillaume Faury, para quem a empresa não seria o que é hoje sem o A380.>
Às vezes você precisa botar um fim em algo que não teve a performance que você esperava, afirmou Scherer, que também pontuou a importância do A380 para o desenvolvimento de tecnologias aplicadas no A350.>
*O repórter viajou a convite da Airbus.>
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