Publicado em 22 de março de 2018 às 14:14
Devido a guerras e desastres naturais, o mundo registrou um aumento expressivo de casos de "fome aguda": hoje, existem 124 milhões de pessoas, em 51 países, precisando de ajuda urgente para se manterem vivas. É o que revela um relatório divulgado nesta quinta-feira pelas Nações Unidas e pela União Europeia.>
O aumento é de 14,8%, se comparado a 2016, quando o mundo tinha 108 milhões de pessoas como fome aguda espalhadas por 48 países de acordo com o último relatório mundial sobre crises alimentares.>
O estudo alerta que a situação tende a ser agravada sobretudo pelos conflitos na Birmânia, na Nigéria, no Iêmen e no Sudão do Sul, além da seca que aflige boa parte do continente africano.>
O relatório global, preparado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), pela União Europeia e por outras organizações internacionais especializadas, define "a insegurança alimentar aguda como uma fome de tal gravidade que representa uma ameaça imediata à vida das pessoas".>
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O documento considera que as crises alimentares são cada vez mais determinadas por causas complexas, como conflitos, eventos climáticos extremos e altos preços dos alimentos básicos, fatores que muitas vezes acontecem ao mesmo tempo.>
A ONU pede aos países e organizações que ajam "simultaneamente para salvar vidas, meios de subsistência e, ao mesmo tempo, abordar as causas profundas das crises alimentares".>
CONFLITOS AFETAM 74 MILHÕES>
Para especialistas das Nações Unidas, os conflitos ainda são a principal causa da fome em 18 países, 15 deles localizados na África ou no Oriente Médio, afetando 74 milhões de pessoas.>
Os desastres climáticos, particularmente a seca, causaram crises alimentares em 23 países, dois terços deles na África, segundo o relatório.>
"São crises complexas que têm consequências devastadoras e duradouras", enfatiza, em nota, a FAO, agência especializada da ONU para o combate à fome.>
O relatório, com mais de 200 páginas, estima que cerca de três milhões de latino-americanos sofrem de insegurança alimentar, a maioria deles residindo em países como Haiti, Honduras, Nicarágua, El Salvador e algumas regiões da Venezuela.>
As crianças e as mulheres são as mais afetadas pela falta de alimentos e é necessário "encontrar soluções permanentes para reverter a tendência", reconhece a FAO, cuja sede é em Roma.>
'SEGURANÇA ALIMENTAR PARA SALVAR VIDAS'>
Com o objetivo de alcançar maior coordenação na luta contra a fome e os conflitos, as agências das Nações Unidas e a União Europeia consideram que, além da ajuda humanitária urgente, "iniciativas de desenvolvimento" devem ser estabelecidas com antecedência.>
Para este fim, a Rede Global Contra Crises Alimentares foi criada em 2016 com o apoio da União Europeia, da FAO e do Programa Alimentar Mundial (PMA).>
Em face dos desastres naturais e aqueles causados pelo homem, devemos fornecer uma resposta global mais robusta e estratégica às crises alimentares reconhece Christos Stylianides, comissário europeu para Ajuda Humanitária e Gestão de Crise.>
Diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva destacou que investimento em segurança alimentar "salva vidas" e contribui para a "manutenção da paz":>
Temos de reconhecer e abordar a ligação entre a fome e os conflitos se quisermos alcançar fome zero. Investir na segurança alimentar e em meios de subsistência em conflito salva vidas, fortalece a resiliência e também pode contribuir para a manutenção da paz.>
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