É raro conhecer alguém que nunca vivenciou a cena: pegar o celular e se deparar com uma notificação daquele aplicativo de delivery oferecendo um desconto, uma ativação do comércio do bairro divulgando ofertas e condições do mês pelo WhatsApp ou uma ação do seu restaurante preferido por um story interativo no Instagram. Todas essas iniciativas se utilizam de recursos dos dispositivos móveis, como smartphones ou tablets, para interagir ou influenciar o público-alvo. Em resumo, são estratégias de mobile marketing, que significa organizar e estruturar estratégias diretamente voltadas para o consumo nos dispositivos móveis. E, ao observar os números, fica fácil entender por que essa é uma das mais importantes modalidades de marketing da atualidade.
Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), e considerando apenas os smartphones, o Brasil tem 249 milhões de dispositivos em uso, o que resulta em uma média de 1,2 celular por habitante. Outra pesquisa, da Mobile Time, aponta que 93% dos consumidores que têm acesso a dispositivos móveis no país já realizaram alguma compra por meio dele.
E as marcas já entenderam que precisam aparecer nos locais em que o público está.
Para Mariana Munis, professora de Marketing da Universidade Presbiteriana Mackenzie de Campinas, estratégias de mobile marketing bem estruturadas vão além do simples envio de notificações para os consumidores, mas podem servir até mesmo como uma forma de fortalecer o branding das marcas.
Um case interessante nesse contexto, segundo ela, é o da marca de camisas Insider, que nasceu na internet e se tornou conhecida fazendo mobile marketing em canais de YouTube e em podcasts que tinham aderência com a faixa de público que a marca queria atingir.
Além das ações de venda e de branding, o mobile marketing pode ser útil também para estabelecer uma relação de proximidade com os clientes.
Mas, para usar esses recursos de forma benéfica, é preciso estar preparado. Entre os diferenciais oferecidos, está a possibilidade de segmentação de anúncios e interações com os consumidores. Por meio de ferramentas como a geolocalização, as ações podem ser direcionadas de uma forma mais assertiva, aumentando a possibilidade de conversão.
“Por meio da geolocalização, a marca pode enviar uma notificação personalizada, dependendo de onde o dispositivo móvel estiver. Isso rompe com a lógica da comunicação massiva e oferece às empresas a possibilidade de conversar com o consumidor a partir do que ele está vivenciando naquele exato momento, com um excelente timing. Você passa a poder oferecer soluções para as dores do seu cliente a partir da análise de dados sobre o seu cotidiano”, pondera Leonardo Laruccia, diretor da agência WL Connections.
Para muitos especialistas, uma das principais vantagens das estratégias de mobile marketing está na redução dos custos. Ainda que haja exceções, as campanhas no ambiente digital, no geral, são mais baratas do que no off-line, o que pode se traduzir em oportunidades, sobretudo, para negócios em estágio inicial ou de pequeno porte.
“Plataformas como o YouTube e o Instagram, na comparação com o off-line, podem oferecer uma redução de custos e proporcionar maior alcance de clientes. O diálogo com os consumidores também melhora porque o cliente pode interagir e tirar dúvidas. Além disso, no on-line, enquanto agência, podemos mensurar e apurar números, entendendo onde acontecem eventuais erros e corrigi-los rapidamente”, enumera Thiago Freitas, diretor-executivo e criativo da Resultate.
Outro diferencial importante a favor do mobile é a adaptação desse modelo de marketing para empresas de diferentes segmentos, áreas de atuação e porte. Desde pequenos negócios até grandes transnacionais, passando por startups, praticamente todo tipo de negócio pode tirar proveito do marketing diretamente pensado para a interação através dos dispositivos móveis.
“O mobile marketing permite uma variedade grande de estratégias, mas é sempre preciso co-nhecer muito bem sua buyer persona, os hábitos e as necessidades do seu público, para estimulá-lo da maneira correta. Também é possível combinar ações orgânicas com ações patrocinadas e casar o mobile marketing com influenciadores que tenham a ver com o seu produto ou negócio. Essa estratégia pode ser útil até mesmo para players iniciantes no mercado, que podem casar estratégias de mobile marketing com micro ou nanoinfluenciadores”, explica a professora Mariana Munis.
Tudo isso, é claro, sem falar na grande facilidade de interagir com seus consumidores por ferramentas como os aplicativos de celular. Uma vez que as pessoas estão com um smartphone em mãos na maior parte do dia, a rapidez e a facilidade para a interação são um elemento que não podem passar despercebido pelas marcas.
“É sempre importante enfatizar a importância da humanização das comunicações na interação entre o público e as marcas. O cliente quer se sentir verdadeiramente acolhido pela empresa”, ressalta Sander Antunes.
Apesar das vantagens das plataformas mobile para as estratégias de marketing, é importante que as agências e as marcas pensem em formas de calibrar os estímulos para evitar saturar os consumidores.
Num universo em que tudo muda tão rápido como o do marketing digital, os especialistas já vislumbram os próximos passos do mobile marketing.
“A gente vai deixar de se curvar ao smartphone para começar a estruturar estratégias de marketing para dispositivos vestíveis, como óculos e relógios, de forma cada vez mais interativa”, acredita Mariana Munis.
Além da próxima revolução na forma como o marketing vai ser apresentado aos consumidores, o mercado também espera um refinamento na forma de apurar e mensurar os dados.
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