Publicado em 5 de janeiro de 2023 às 17:01
LISBOA - Morreu nesta quinta-feira (5) o surfista brasileiro Márcio Freire. O atleta tinha 47 anos de idade e sofreu um acidente na descida de uma das ondas gigantes de Nazaré, em Portugal.>
A região, que é conhecida pelas grandes ondulações, atrai surfistas de todo o mundo e já foi palco de acidentes graves, como o ocorrido com a também brasileira Maya Gabeira em 2013. Márcio Freire, no entanto, foi a primeira vítima fatal registrada no chamado "Canhão da Nazaré".>
O que aconteceu>
Segundo informações da Polícia Marítima, o surfista foi resgatado e rebocado de moto aquática até a areia, onde os salva-vidas constataram que ele se encontrava em parada cardiorrespiratória. As manobras de reanimação começaram imediatamente e prosseguiram até a chegada das equipes de socorro. >
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"Após várias tentativas [de reanimação], não foi possível reverter a situação, tendo o óbito sido declarado no local pelos elementos do INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica)", afirma, em nota, a autoridade marítima portuguesa.>
O corpo do atleta foi transportado para o Instituto de Medicina Legal de Leiria.>
De acordo com frequentadores da praia do Norte, as ondas no momento do acidente estavam com cerca de 6 metros. O recorde de maior onda surfada no local é de 26,2 metros.>
Familiares do atleta estavam na praia no momento e estão recebendo apoio do gabinete de psicologia da Polícia Marítima.>
Quem era Márcio Freire>
Natural da Bahia, Márcio Freire foi um dos pioneiros no surfe de ondas gigantes. O atleta colecionou aventuras em praias de todo o mundo. Em 1998, o surfista desembarcou em Maui, no Havaí, onde começou a chamar a atenção no esporte.>
Sua atuação em terras havaianas, sem equipamentos de segurança e encarando a temida onda Jaws "na remada" (sem jetski), fez com que recebesse, junto com Danilo Couto e Yuri Soledade, o apelido de "mad dog" (cachorro louco).>
A história do trio foi contada em 2016 no documentário "Mad Dogs".>
Em entrevista ao canal Let's Surf, em novembro de 2022, Márcio Freire afirmou que a produção foi uma das poucas ocasiões em que ganhou dinheiro com o esporte. "Nunca vivi do surfe, nunca ganhei dinheiro com surfe", afirmou ele, que disse que trabalho com "com tudo o que podia" para se autopatrocinar.>
"Como as empresas nos EUA não iam patrocinar um brasileiro, e eu estava fora do Brasil, era mais difícil de negociar. E eu também não corria muito atrás porque estava me bancando, vivendo minha vida", completou.>
Nas redes sociais, o baiano postava diversos registros em cima das pranchas. As últimas cinco publicações do surfista foram feitas em Portugal. Em uma sequência de fotos e vídeos, em 4 de dezembro, ela declara sua admiração pela praia do Norte, na Nazaré. "Lugar lindo, onde as ondas são incríveis de grande", escreveu.>
Nas redes sociais, surfistas amadores e profissionais lamentam a morte do "mad dog". Muitos deles também estão na Nazaré, que tem agora, no inverno europeu, sua principal temporada de ondas gigantes. >
O surfista luso alemão Nic von Rupp prestou homenagem em uma publicação. No texto, ele afirma que viu Márcio Freire surfar "o dia inteiro com um enorme sorriso", e é justamente com essa imagem que irá se lembrar do brasileiro.>
"Hoje nós perdemos um dos nossos. Sempre tive muito respeito pelo Márcio como um dos pioneiros em Jaws", destacou.>
O brasileiro Rodrigo Koxa, que entrou para o livro dos recordes com uma onda gigante surfada na Nazaré, exaltou o legado de Márcio Freire. "Que o oceano seja seu templo, meu irmão. Sentiremos saudades", escreveu.>
Outro especialista em ondas gigantes, Thiago Jacaré, que também está em Nazaré, exaltou as qualidades do amigo. "Mais que um ídolo, um verdadeiro herói e exemplo de pessoa. Sentirei muito sua falta", disse.>
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