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Peão capixaba concorre a prêmio milionário em rodeio nos EUA

Peão capixaba concorre a prêmio milionário em rodeio nos EUA

Jovem Manoelito participa das semifinais do The American Run neste final de semana

Publicado em 28 de fevereiro de 2019 às 16:07

Um capixaba pode ficar milionário neste final de semana. O peão Manoelito de Souza Júnior, 23 anos, natural de Ponto Belo, no extremo Norte do Espírito Santo, vai competir no The American Run, um rodeio que dará ao campeão U$ 1 milhão – cerca de R$ 3.75 milhões. A competição acontece neste sábado (2) e domingo (3), na cidade de Fort Worth, no estado do Texas (EUA).  

Peão capixaba Manoelito de Souza Júnior no Rodeio de Barretos 2018 Crédito: André Monteiro

Depois de pegar o primeiro dos três voos da primeira viagem internacional da vida, Manoelito disse que a conquista é um sonho virando realidade. “Quando a gente se torna peão profissional, todo mundo quer, primeiro, ganhar Barretos; e, depois, ir para os Estados Unidos, porque lá é o principal palco do rodeio mundial”, comentou.

Manoelito chegou em solo texano uma semana antes do início da competição. A ida antecedente faz parte da preparação. “Quero montar em touros parecidos com os do rodeio e também me acostumar com o clima, porque agora é inverno por lá, o que me prejudica um pouco, já que estou acostumado com o calor capixaba”, explicou.

Conquistada no dia 19 de agosto do ano passado, a classificação para o torneio estadunidense aconteceu em Barretos, cidade do interior de São Paulo. A segunda fase do rodeio contava com 15 peões, dos quais os cinco melhores avançaram para o segundo dia de competições. Por fim, conseguiram as duas vagas, o paulista Victor Soares e o Manoelito.

Antes de participar do maior rodeio do país, no entanto, o capixaba precisou superar 135 adversários de três estados brasileiros em um torneio que aconteceu no Espírito Santo, cerca de duas semanas antes. Contra peões de Goiás, Mato Grosso e do próprio Espírito Santo, Manoelito ficou entre os cinco melhores de cada estado e terminou, de novo, entre os dois melhores. 

EXPECTATIVAS

Peão capixaba Manoelito de Souza Júnior no Rodeio de Barretos 2018 Crédito: Divulgação

Depois de um 2018 de muito sucesso – dos 22 rodeios em que participou, Manoelito foi finalista em 17; e subiu ao pódio (de 1º a 5º lugar) 16 vezes, nove delas como campeão – o jovem capixaba tem as melhores expectativas possíveis acerca do torneio no EUA.

Vivendo de novo na Capital Capixaba desde o ano passado e exclusivamente de rodeios, Manoelito certamente pode voltar com a conta bancária recheada nos próximos dias. E olha que a temporada de rodeios de 2019 está apenas começando. 

SEGURA, PEÃO

Nos rodeios, para poder ser avaliado, o competidor precisa ficar pelo menos oito segundos em cima do touro. Se cair antes, ele estará automaticamente desclassificado. Ao todo, os juízes consideram seis quesitos: cinco do animal (pulo, giro, coice, intensidade e dificuldade) e uma do peão (desenvoltura).

A nota final da montaria, que pode variar de zero a 100, é composta pela nota total do touro e pela nota do peão, somadas e com igual peso. Se a performance do animal for muito abaixo da esperada, o competidor tem direito ao chamado “touro de repete”. Em ambos os casos, o touro que cada peão irá montar é definido por sorteio.

Pelos animais serem imprevisíveis, os peões costumam consultar uns aos outros antes da montaria. “Na maioria das vezes, a gente consulta quem já montou no touro para saber como ele pula e já se preparar. Normalmente ajuda, porque tem touros que são bastante fiéis, mas também há outros que agem cada vez de um modo”, contou Manoelito.

PASSADO NO INTERIOR

Nascido e criado em uma fazenda no distrito de Itamira, Manoelito é filho de um homem que também se arriscou no mundo dos rodeios e que guarda na casa fotos, troféus e esporas – acessório de metal, atualmente liso, que é usado preso ao calçado e serve para ajudar o peão a se manter em cima do touro.

Quando criança, o capixaba frequentou duas escolinhas de rodeio, uma na cidade de Pinheiros e outra em Santa Maria, distrito de Boa Esperança. Com 16 anos recém-completados, ele começou a montar em bezerros na própria fazenda como passatempo; e apenas um ano depois, em 2012, deixou os filhotes de lado e passou a subir em touros. 

Peão capixaba Manoelito de Souza Júnior Crédito: Arquivo pessoal

REVIRAVOLTA NA CAPITAL

No início de 2013, Manoelito se mudou para Vitória a fim de cursar técnico em mecânica. Os acessórios de montaria foram com ele, mas apenas por desencargo de consciência. “Achei que não ia encontrar essas coisas de rodeio na capital. Graças a Deus eu me enganei e foi lá onde comecei a montar para valer”, contou.

A dedicação exclusiva, porém, veio apenas no ano seguinte. Durante aqueles 12 primeiros meses, ele trabalhava de dia em uma fábrica de camas e colchões, estudava à noite e treinava apenas aos domingos. O primeiro rodeio profissional do qual participou aconteceu em Montanha, no Norte do Estado, em julho de 2013.

No final daquele ano, Manoelito também participou de um curso na cidade fluminense de Cardoso Moreira, no qual aprendeu técnicas que utiliza até hoje. “Um exemplo é de como segurar a corda e como utilizar a mão de equilíbrio; além de como agir quando um touro gira a favor da mão, no meu caso, para o lado esquerdo”, explicou.

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