Publicado em 15 de março de 2018 às 19:08
No hipismo, para se executar um bom salto é necessário uma perfeita sintonia entre cavalo e cavaleiro. O que a grande maioria das pessoas não está familiarizada, porém, é com o nível de preparação a qual o animal é submetido. Claramente podemos dizer que estamos falando de superatletas, que combinados à destreza de quem toca às rédeas, proporciona um belo espetáculo na pista.>
É o caso da amazona Ana Paula Santos, de 32 anos. Natural de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado, a também jornalista é apaixonada por cavalos desde a infância, mas somente há quatro anos teve a oportunidade de realizar o sonho de saltar. Proprietária do cavalo Andrew RJ, da raça Brasileiro de Hipismo, e de oito anos, ela conta que começou tarde na modalidade, porém vive o esporte intensamente, no Jockey Clube, em Vila Velha.>
"Eu já sabia montar, mas equitação é outra coisa. Existe todo um trabalho de postura e condução do animal. O entendimento e a compreensão das reações dele e a formação de um conjunto são fundamentais. Quando se consegue ter esta sintonia, você passa para um grau mais elevado, de pura parceria e evolução. Saltar também foi uma experiência nova e única. Requer confiança mútua, por isso a importância do conjunto", explica Ana Paula, que compete na categoria amadora.>
A rotina dos animais é pré-estabelecida e intensa. No caso da amazona, por conta do trabalho paralelo ao hipismo, ela necessita do auxílio de uma equipe composta por um tratador e uma veterinária, que deixam o animal nas melhores condições físicas.>
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"Tento treinar três vezes na semana, mas quando não vou ele trabalha. O meu instrutor o monta. Em geral faz trabalhos de flexionamento (importante para melhorar a movimentação), engajamento de posteriores (para que tenha uma pisada e galope mais proveitoso) e trabalhos voltados para melhoria do rendimento nas pistas. Uma vez por semana os veterinários passam em vistoria, e se necessário prescrevem alguma complementação alimentar. Uma vez ao mês é feita a vistoria do ferrador e a troca da ferradura quase sempre nesta frequência. Um tratador dispensa cuidados diariamente, com banho, escovação, passa ração e feno, troca de serragem, limpeza de baia. Quando eu vou lá, sempre depois do treino o solto ele pra pastar, pois cavalo também gosta de ser cavalo. Essa proximidade fora da pista é muito importante", detalha a amazona, que chega a investir quase R$ 2 mil mensais no animal.>
O trabalho preventivo e de suplementação também são importantes, mas essa parte fica a cargo de outros profissionais. No caso do Jockey Clube de Vila Velha, Fernanda de Almeida Teixeira é uma das veterinárias responsáveis por cuidar dos quase 100 animais do local. Desses, aproximadamente 60 são saltadores. "Realizamos os trabalhos de plano, onde são trabalhados os muitos grupos musculares, fazemos o uso de aminoácidos e BCAA, para que melhorem o desempenho, mantenham a massa muscular e estejam aptos para competir. São atletas de fatos. Animais preparados para saltar, competir e completamente diferentes de um animal de fazenda, por exemplo.">
ENTRE UM SALTO E OUTRO, PAUSA PARA O MIMO>
Estresse é algo presente nesse meio. A rotina treino, salto e baia acaba por deixar os animais agitados e nessa hora alguns truques ajudam a deixá-los mais tranquilos. Da cenoura ao torrão de açúcar, vale de tudo para que o cavalo fique calmo e focado no trabalho. A veterinária Fernanda Teixeira explica a importância que uma atenção diferenciada pode trazer em termos competitivos.>
"Sempre estamos em conversa com os proprietários e quando o trabalho é bem realizado, geralmente o cavalo é agraciado com uma cenoura, maça, manga, torrão de açúcar, sempre no intuito de mostrar ao animal que ele foi bem na atividade. É um mimo, mas sempre com a questão do merecimento pelo o que ele realizou. Há também os procedimentos para diminuir o estresse nas colcheiras, aí indicamos o uso de feno para que ele se distraia. Chega a ser engraçado, pois se assemelham muito ao comportamento humano. Tem cavalo que é muito tranquilo, já outros são agitados, de temperamento forte.>
RAÇAS E MODALIDADES>
Existem uma grande variedade de raças e cada uma delas tem a própria potencialidade. Cabe ao cavaleiro identificar o potencial específico do animal e desenvolver as habilidades do cavalo à base de treinos.>
"Cada cavalo tem uma aptidão. Os Quarto de Milha são mais indicados para as provas de tambor e laço. Os de salto, geralmente são utilizados o Brasileiro de Hipismo, o Puro Sangue Inglês. Já o Manga Larga é indicado para as provas de marcha. Mas assim como acontece no esporte, os fatores genéricos influenciam, da mesma forma que há animais que executam o exercício proposto com mais facilidade. Especificamente sobre os cavalos de salto, o início é um pouco tardio se comparados aos animais de outras provas e raças. Normalmente a introdução é feita com três ou quatro anos de idade, e com o acompanhamento que recebem, a longevidade desse animal é muito boa. Atendo um cavalo que já com seus 27 anos continua muito bem, vencendo provas, batendo tempos e ganhando dos mais novos. O acompanhamento diferenciado faz com que o animal siga em alto nível", finaliza a veterinária.>
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