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De goleiro promissor a lutador: capixaba ganha tudo nos Estados Unidos

De goleiro promissor a lutador: capixaba ganha tudo nos Estados Unidos

Após desistir do futebol no Espírito Santo, o ex-goleiro Carlos Alves passou pelo jornalismo e experimentou a vida de empresário até se encontrar no jiu-jítsu. Aos 37 anos, esse capixaba de Linhares brilha nas lutas em solo americano

Publicado em 28 de janeiro de 2020 às 13:00

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Carlos mostra com orgulho as quatro medalhas de ouro conquistadas no último final de semana. (Arquivo pessoal)

Aos 20 anos de idade, o então goleiro Carlos Alves encerrava a carreira como jogador profissional de futebol, em Linhares. Fim do vínculo dele com o esporte? Naquele momento, sim, mas o melhor ainda estava por vir quase uma década depois.

Com passagens pela base do Internacional de Porto Alegre, o jovem goleiro se destacava debaixo das traves, porém as poucas oportunidades no futebol capixaba o fizeram repensar em relação ao futuro.

"Comecei como goleiro aos 12 anos, na escolinha do Linhares. Com 16 anos fui fazer teste no Internacional, onde fiquei por quase um ano e meio. Joguei pelo Serra, Jaguaré e outras equipes menores aqui do Estado, mas com 20 anos resolvi parar para estudar e comecei no Jornalismo, pois via que o futebol capixaba não estava bem. Havia muita cobrança dos meus pais também. E como o esporte em geral no Estado não tem uma estrutura, a gente tem que ter uma segunda opção. A minha foi começar a trabalhar e entrar na faculdade", disse.

VIDA DE EMPRESÁRIO

A meta era ser jornalista, mas a realidade foi fora de uma redação de jornal. Na faculdade, o jovem ex-goleiro comprou uma loja de celular em parceria com um amigo e administrava o tempo entre as aulas e a gestão do comércio.

"Eu me formei, mas não cheguei a exercer a profissão. Quando ainda estudava,  deixei de ser funcionário para ser patrão. Adquiri uma loja de celulares em sociedade com um amigo, em Colatina. Fiquei lá por uns cinco anos. Depois de um tempo, vendi minha loja e montei uma lanchonete na cidade. Cheguei a ter duas, mas decidi fechá-las. Depois me mudei para Serra, também abri outro comércio, mas na área de Açaí. Fiquei nisso por uns nove anos", foi quando o esporte voltou para minha vida", detalhou.

Carlos já somou mais de 100 títulos no jiu-jítsu e agora vive nos Estados Unidos. (Arquivo pessoal)

Foi na Serra que mais uma transformação ocorreu na vida do ex-goleiro. Com quase 30 anos, um amigo o convidou para fazer uma aula de jiu-jítsu. Mal sabia ele que os primeiros golpes no tatame se transformariam em títulos e também no reconhecimento tão sonhado pelo mérito esportivo.

"Um amigo me chamou para fazer uma aula e comecei a treinar. Só conheci a modalidade já mais velho, com 29 anos, mas nunca se é velho demais para viver, como diz o ditado. Depois que fiz o primeiro treino, no dia seguinte já comprei um kimono. Com três meses comecei a competir. Ainda faixa branca, lutei nas etapas do Estadual, depois passei a treinar em Vitória e levei o esporte mais a sério, virou quase uma segunda fonte de renda", contou.

DESTINO: EUA

Já vitorioso no Espírito Santo e acumulando pontos nos rankings nacional e internacional, Carlos já ganhava projeção no Brasil e fora. As muitas viagens para competir o aproximou de uma referência no mundo das artes marciais. Por meio do jiu-jítsu, o árbitro brasileiro do UFC Mario Yamasaki apareceu na vida do lutador e um novo destino se desenhava.

"Meu objetivo sempre foi chegar à faixa preta e fazer meu nome pelo país. Tinha a vontade de vir para os Estados Unidos e comecei a batalhar por isso. Acabou que conheci o Mario Yamasaki e ele me convidou para passar uma temporada na academia dele em Washington. Nesse tempo também recebi outro convite, mas na Califórnia. Acabei optando por essa segunda opção. Gostei daqui e planejo tirar meu visto de atleta. Tenho uma audiência agendada com o setor de imigração para iniciar o processo. Com o visto, posso permanecer por três anos aqui, trazer minha família e ficar legalmente. Não pretendo retornar ao Brasil, quero trazer meus familiares para cá, mas tudo dentro da legalidade", disse o linharense.

Residindo na cidade de Redondo Beach, no estado da Califórnia, Carlos Alves agora enumera troféus e medalhas. Só no último final de semana foram quatro ouros no American International, competição valiosa em solo americano, disputada em etapas mensais, sempre em cidades diferentes. A próxima etapa será em San Diego, em fevereiro.

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Com planos ambiciosos dentro da modalidade, Carlos já tem em mente o que deseja: o Pan-Americano de jiu-jítsu, em março. Desta vez, mudar não é uma opção. Mudança mesmo será apenas de quimono entre uma luta e outra.

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