Projeto social Aviva Jiu-Jitsu
Projeto social Aviva Jiu-Jitsu. Crédito: Fernando Madeira

Aviva Jiu-Jitsu: o projeto que resgata crianças da violência e ensina a disciplina do tatame

Sediado em Jaburuna, a cooperação entre esporte e educação muda a vida de jovens e suas famílias em um dos bairros mais violentos de Vila Velha

Tempo de leitura: 6min
Vitória
Publicado em 26/09/2025 às 15h07

O esporte é uma das ferramentas sociais mais impactantes na vida de crianças e adolescentes, principalmente quando estão inseridas em regiões periféricas e bairros onde a criminalidade predomina e se beneficia da vulnerabilidade socioeconômica das famílias. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a prática esportiva é compreendida como potente fator de proteção contra violência, desde que aplicada coletivamente e trabalhada de forma pedagógica, atentando-se sempre aos contextos nas quais a pessoa está inserida.

É com este objetivo que nasce o Aviva Jiu-Jitsu, um projeto social sediado no bairro Jaburuna, em Vila Velha, que completa três anos de existência em setembro deste ano. Atualmente, a iniciativa atende cerca de 60 crianças e oferta aulas de jiu-jítsu de forma gratuita durante toda a semana, com turmas para alunos de 4 a 17 anos. Além da recreação, o instituto já formou uma equipe de competição com 18 atletas, que acumulam medalhas e levam orgulho para toda a comunidade.

Nascido em Belém do Pará, no norte do país, mas criado desde cedo em Vila Velha, o fundador e professor do Aviva Jiu-Jitsu, Vitor Cerutti, teve contato com a modalidade pela primeira vez aos 17 anos. A partir daí, ele se apaixonou pelo esporte e diz que teve a vida transformada por ele, o que desencadeou no desejo de também compartilhar deste amor com outras pessoas, especialmente com as crianças do morro de Jaburuna.

"O meu professor, Ronald Mineiro, tinha criado este projeto há muitos anos, no bairro de São Torquato, só que tinha sido interrompido por conta da pandemia. Eu já trabalhava nesse local aqui, que é o Instituto Social de Jaburuna, mas com reforço escolar, que tem até hoje. E aí, com a disponibilidade do espaço e encontrando o Ronald, eu voltei com as atividades (jiu-jítsu) neste local. Ele me cedeu as placas de tatame, e abri o projeto social para a comunidade", disse Vítor.

Projeto social Aviva Jiu-Jitsu
Professor Vitor Cerutti e seus alunos. Crédito: Fernando Madeira

Luta contra a violência

Jaburuna é um território conflagrado pela violência, e o Aviva Jiu-Jitsu é o único projeto social localizado na região. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo, no primeiro semestre de 2025 foram realizadas 301 operações policiais no bairro de Vila Velha.

Patrícia Silveira

Mãe de Kauã, aluno do Aviva Jiu-Jitsu que já acumula 15 medalhas

"Ajuda muita gente aqui mesmo, muita criança lá de cima. Se não fosse o projeto, tem muita criança daqui, da idade do meu filho ou menos ainda, que estaria em outro lugar hoje em dia. Elas não estariam nessa vida boa hoje, estariam em outro lugar"
Projeto social Aviva Jiu-Jitsu
Patrícia e seu filho Kauã 'Bahia'. Crédito: Fernando Madeira

Antônio Carlos Cerutti, pai de Vitor e presidente do Instituto Social de Jaburuna, diz que, para além das aulas, eles sentiram a necessidade de trabalhar também com os pais dos alunos, para que as crianças desenvolvessem a parte moral em conjunto com a física. "Pensamos em uma forma de envolver as famílias. Assim, os jovens podem ter um horizonte, uma visão, uma perspectiva de futuro melhor. Para que eles possam ter mais força para vencer as dificuldades inerentes ao bairro, que é um bairro de violência, cercado de conflitos", disse.

Giovana de Siqueira Novaes, assistente social contratada pelo projeto em parceria com uma empresa privada, é responsável por analisar e trabalhar os diferentes contextos sociais dos assistidos. Ela relata que agregada à atividade esportiva como base na territorialidade, o projeto estabelece laços com a comunidade local, atuando de forma integrada aos serviços da rede pública e fortalecendo os mecanismos de proteção social. Além disso, por ser o único instituto no bairro, os colégios e outros estabelecimentos centrais da comunidade também enxergam e trabalham em conjunto com o Aviva Jiu-Jitsu, criando uma rede acolhedora que vai além do tatame.

"É certo que os jovens são aliciados, principalmente pelo tráfico. E ainda muito novos. O projeto se constitui como fator de proteção, pois todo o trabalho é alinhado com a família e com os serviços públicos. Nossas crianças são estimuladas a frequentar a escola, alcançar boas notas, apresentar postura respeitosa, cuidadosa e acolhedora. A partir das demandas identificadas no cotidiano lançamos mãos dos encaminhamentos às unidades de saúde, ao conselho tutelar, a serviço de emissão de documentos pessoais, ao programa de adolescente aprendiz, a curso de educação profissional, e ao Sine, para uma possibilidade de inserção no mercado de trabalho. Acessamos toda a rede de serviços e garantias de direito visando contribuir com a família e com os jovens, adolescentes e crianças que são atendidos pelo projeto", relata Giovana.

Projeto social Aviva Jiu-Jitsu
Professor 'Capoeira' observando a luta dos alunos. Crédito: Fernando Madeira

Esporte e educação lado a lado

Além das atividades físicas, aulas de reforço escolar de português e matemática também acontecem na sede do Aviva Jiu-Jitsu. Cerca de 20 crianças frequentam o local todos os sábados para aprenderem com professores da rede pública e privada que se voluntariam para contribuir no crescimento do âmbito principal da vida de cada jovem: a educação. "O jiu-jítsu é fundamental, ele é muito importante para a vida dessas crianças. Mas a gente tem a noção que o fator transformador na vida delas é o estudo.  Por isso a gente faz um trabalho de reforço escolar em conjunto com o esporte", explica Vítor, que além de professor da arte marcial, é formado em Administração pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e leciona matemática.

Antônio Carlos Cerutti

Pai de Vitor e presidente do Instituto Social de Jaburuna

"A gente enfrentava algumas situações de jovens com problemas na escola, e isso mudou a realidade. A gente tem respostas das escolas, que a gente tem uma parceria bem próxima. Qualquer problema deles, os colégios procuram a gente para, às vezes suspender o treino, ou dar um rigor maior neles"
Projeto social Aviva Jiu-Jitsu
Antônio Carlos Cerutti, pai de Vitor e presidente do Instituto Social de Jaburuna. Crédito: Fernando Madeira

Somado a isso, discussões sobre tópicos e ensinamentos para além das disciplinas ordinárias também acontecem no projeto. Giovana relembrou de acontecimento recente quando uma criança foi vítima de racismo e o instituto realizou uma roda de conversa para discutir e informar sobre a temática, por exemplo. Em outra oportunidade, também foi tratada sobre a questão do uso indevido de drogas e substâncias psicoativas, com o objetivo de construir intervenções práticas e ajudar na formação do caráter de crianças.

Patrícia Silveira

Mãe de Kauã

"O projeto, para mim e para ele, serviu para salvar o Kauã. O projeto mudou muito a vida dele, vou mentir não, porque esse aqui era abençoado por Deus. Ele era uma pessoa que queria debater, não aceitava as coisas... e hoje em dia é outra pessoa, totalmente diferente"
Projeto social Aviva Jiu-Jitsu
Projeto social Aviva Jiu-Jitsu, em Jaburuna. Crédito: Fernando Madeira

Parcerias e financiamento

Em busca de ferramentas para expandir ainda mais as atividades do Aviva Jiu-jítsu, Vítor e Carlos passaram a selar parcerias e contar com o cooperativismo para viabilizar o desenvolvimento do projeto, como é o caso da aplicação pelo segundo ano consecutivo no Edital de Projetos Sociais do Sicoob ES, que contribuiu com cerca de R$ 5 milhões em 213 projetos sociais, em 80 municípios nos quatro estados onde o sistema regional atua: Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia.

"Há três anos, quando eu comecei a fundar esse projeto, era muito difícil levar tudo sozinho, e graças a esse apoio, a gente conseguiu elevar a nossa rede de alunos. Eu comecei com 13 crianças, e graças a esse apoio, hoje a gente está atendendo 60 crianças aqui, com professores capacitados. Hoje eu tenho três professores atuando dentro do projeto social, o que é fundamental para a permanência do projeto, fundamental para que a gente consiga ampliar a nossa área de atuação e possa expandir ainda mais para os bairros paralelos aqui na região", disse Vitor Cerutti.

Projeto social Aviva Jiu-Jitsu
Projeto social Aviva Jiu-Jitsu. Crédito: Fernando Madeira

O pai do professor conta que quando eles começaram, o trabalho era 100% voluntário e, com o passar do tempo, perceberam a necessidade de criar uma estrutura maior para garantir o futuro do projeto. Com o auxílio do Sicoob, eles passaram a ter a verba necessária para pagar o professor, um coordenador das tarefas, e conseguiram melhorar os lanches ofertados para as crianças de segunda a sábado.

Segundo Jaqueline Timm, diretora Operacional do Sicoob Coopermais, quando uma criança tem acesso a atividades esportivas e educativas, ela leva consigo disciplina, saúde, autoestima e outras características importantes para ela e sua família, em um ambiente de cuidado e novas perspectivas. A dirigente ainda salientou que o Aviva Jiu-Jitsu, ao aliar esporte e educação, garante que os alunos permaneçam na escola e encontrem muitos desses valores e práticas. 

"Para o Sicoob, como cooperativa, é importante saber que ajudamos a construir essa caminhada. O projeto está formando atletas, fortalecendo vínculos familiares, abrindo caminhos para a educação e oferecendo uma alternativa concreta frente às vulnerabilidades sociais da comunidade”, concluiu.

Além disso, o instituto também tem uma parceria com a Plamont Engenharia, empresa privada da Serra, que fornece mão de obra capacitada para atuar no projeto através do seu Programa Cuidar. Através deste contato, foi possível contratar também a assistente social, um auxiliar administrativo, um professor de educação física, além da doação de quimonos adequados e padronizados para os alunos, permitindo que os lutadores do Aviva Jiu-Jitsu participem de competições oficiais e levem estampado no peito o nome da instituição que mudou e segue mudando a realidade do bairro onde vivem.

Projeto social Aviva Jiu-Jitsu, em Jaburuna

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Projeto social Aviva Jiu-Jitsu. Fernando Madeira
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