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Atleta capixaba faz vaquinha para tratar-se de um câncer raro na Espanha

Atleta capixaba faz vaquinha para tratar-se de um câncer raro na Espanha

O tratamento de Raquel será no Centro de Prontoterapia Quirón Salud (CPQS), em Madri. Todo o procedimento e tratamento, além da estadia na Espanha, estão orçados em R$ 600 mil

Publicado em 15 de março de 2024 às 16:08

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Atleta Raquel Zambon precisa de um tratamento especial, na Espanha, para tratar do seu câncer
Atleta Raquel Zambon precisa de um tratamento especial, na Espanha, para tratar do seu câncer. (Acervo Pessoal)
Vitor Antunes
Reporter / [email protected]

A nadadora paralímpica capixaba Raquel Zambom Fabri Rodrigues, 14 anos, foi diagnostica no último dia 6 com Sarcoma de Ewig, câncer raro, que atinge principalmente os ossos. E no desafio de lutar contra a doença, a jovem, que reside na Serra, precisa arrecadar R$ 600 mil para fazer um tratamento especializado na Espanha. E para isso, famílias e amigos iniciaram uma corrente do bem com uma vaquinha on-line para que todos possam ajudar a atleta.

Em janeiro deste ano a atleta estava num camping de treinamento para adolescentes organizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), destinado àqueles que tiveram destaque na sua categoria em 2023, quando os sinais do câncer se manifestaram. Entretanto, esta não foi primeira vez que Raquel convive com uma neoplasia. Em 2020 ela teve o mesmo Sarcoma de Ewig, que a deixou monoplégica por conta do tratamento. 

"Foi localizada uma massa [tumoral] de 9.2 cm no mediastino. Atualmente, Raquel está com derrame pleural e tanto a veia cava como a artéria pulmonar direita estão sendo pressionadas por ele", afirmou a mãe da atleta, Lauren Zambon. O financiamento coletivo para ajudar Raquel está disponível neste link.

O câncer de Raquel está localizado no mediastino, no tórax, onde constam órgãos sensíveis como a traqueia, o coração, o esôfago, o timo e parte dos sistemas nervoso e linfático. A sensibilidade do tumor exige um cuidado ainda maior para o tratamento, já que a quimioterapia e a radioterapia não são opções viáveis.

"Diante do quadro dela, no Brasil foi indicado um tratamento paliativo - inclusive com médicos paliatiativistas - o que não admitimos fazer. Como alternativa, surgiu a possibilidade do tratamento por meio de protonterapia, uma técnica muito mais precisa e com menor toxicidade quando comparada à quimioterapia ou radioterapia no tratamento desses tipos de tumor, cuja remoção é muito invasiva e pode deixar sequelas. Optamos por este tratamento não só em razão do risco de vida, mas por conta das sequelas que podem limitá-la, na prática de esportes", disse a mãe.

Ainda que já tenha a aprovação da Agência Nacional de Vigilancia Sanitária (Anvisa), não há centros de protons no país. Hoje, um paciente precisaria buscar hospitais em outros países, como nos Estados Unidos e na Europa. O tratamento de Raquel será no Centro de Prontoterapia Quirón Salud (CPQS), em Madri. Todo o procedimento e tratamento, além da estadia na Espanha, estão orçados em R$ 600 mil.

Segundo Lauren, o CPQS só atende casos de grande risco. A família entrou em contato com os diretores do hospital e em face da gravidade do caso de Raquel, ela foi escolhida para passar pelo tratamento. Ela já está numa dieta rigorosa para viajar para a Europa e a corrida contra o tempo já começou para se angariar os fundos para a viagem. Para se ter uma ideia, a passagem de ida para Madri custa cerca de R$ 4 mil. A família precisa chegar à meta até o início de abril.

"Temos que nos instalar até o dia 8 e o procedimento acontecerá dia 23. Até lá temos que estar com esse dinheiro". Até o momento, a família conseguiu arrecadar R$ 50.082,20, doado por 626 pessoas, valor que está distante da meta. Trata-se de uma corrida contra o tempo.

A protonterapia utiliza prótons em vez de raio-x (como na radioterapia). Consta de um equipamento chamado ciclotron em uma velocidade altíssima e que ganha energia suficiente para penetrar no corpo e atingir o tumor. Quando desaceleram liberam energia na forma de irradiação até desacelerarem completamente. Desta forma, com uma uma profundidade controlada e conhecida, não se atingem tecidos mais profundos além do tumor. Trata-se de uma técnica com grande chance de bons resultados por conta disso. Em contrapartida, lança mão de equipamentos complexos, sofisticados e caros - mais dispendiosos que uma radioterapia convencional.

Raquel Zambron é atleta paralímpica e está em tratamento oncológico
Raquel Zambron é atleta paralímpica e está em tratamento oncológico. (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Raquel e a natação

A atleta iniciou no esporte após haver concluido a quimio em outubro de 2021. Em janeiro de 2022 ela começou na escolinha de natação. Em agosto ela participou da primeira competição disputando com pessoas que não eram PCD, e ficou em quarto lugar. Em setembro do ano passado fez um teste no Clube de Natação e Regatas Álvares Cabral, foi aprovada e passou a treinar no clube.

Em 2023 competiu já entre os paralímpicos e nas regionais capixabas ficou em primeiro lugar. Em janeiro esteve em duas competições nas quais recebeu prata e bronze. "A natação mudou a vida e suas perspectivas. O esporte a fez sentir especial e importante", disse a mãe da atleta.

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