Publicado em 13 de novembro de 2024 às 18:21
O estudo “O Custo da Burocracia no Imóvel”, realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), mostra que o excesso de burocracia para a construção e aquisição da casa própria no Brasil aumenta em até 12% o valor final do imóvel para o proprietário. >
“Isso equivale a R$ 18 bilhões por ano, considerando-se os financiamentos com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e da caderneta de poupança, com base na média de unidades novas entregues anualmente. Esse custo extra onera toda a cadeia do setor e é pago pela sociedade brasileira”, avalia o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Espírito Santo (Sinduscon-ES), Douglas Vaz.>
Portanto, uma das ações do setor no Espírito Santo tem sido buscar formas de reduzir o tempo de espera e otimizar os processos para aprovação de projetos imobiliários no Estado, em conversas e parcerias com as prefeituras.>
“O setor da construção tem feito propostas para a redução desses custos burocráticos, por meio de melhores práticas para análise e aprovação dos projetos imobiliários, padronização e revisão das legislações municipais, estaduais e federais, maior informatização dos processos e antecipação dos financiamentos aos compradores”, complementa Vaz.>
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Esse diálogo entre o poder público e o setor da construção tem trazido resultados positivos para ambos os lados. Municípios da Grande Vitória, como Serra e Cariacica, recentemente revisaram seus planos diretores municipais (PDMs) com a intenção de atualizar regras que poderiam servir de entraves, além de reduzir parte da legislação. A digitalização e até mesmo a utilização da inteligência artificial (IA) têm contribuído para acelerar e otimizar processos.>
Em Vitória, foi lançada a página “Aprovação Online”, em que é possível solicitar e obter em meio digital a aprovação de projetos arquitetônicos, licenciamento de obras de edificações, dispensa de alvará e consulta a projetos aprovados, bem como acessar os painéis de indicadores de licenciamento de edificações. Além disso, foram simplificados os modelos de representação de projetos arquitetônicos para imóveis residenciais e retrofit. Este último é voltado à reforma de prédios antigos. Houve ainda flexibilização dos parâmetros construtivos para edificações do Centro, com objetivo de incentivar investimentos na revitalização da região.>
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento da Cidade e Habitação da Capital, haverá ainda um novo formato simplificado do Termo de Referência (TR) do Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), que avalia o impacto dos projetos no entorno da construção.>
Outro exemplo é a Prefeitura da Serra, que implantou o Licenciamento Integrado de Obras e Ambiental, realizado pelas secretarias de Meio Ambiente (Semma) e de Desenvolvimento Urbano (Sedur).>
“Nossa cidade é a única no país a emitir, em um único documento e em cerca de 20 dias, tanto a licença ambiental quanto a licença de obras. Antes, era necessário obter as licenças separadamente, o que atrasava o processo. A unificação das secretarias de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente foi essencial para essa inovação”, explica o secretário das pastas, Claudio Denicoli.>
Vila Velha também implementou, entre outras medidas, o processo eletrônico para análise dos projetos e, segundo a prefeitura, 1.212 novas obras foram aprovadas, em quase quatro anos. Além disso, está em fase final de desenvolvimento o projeto “Vila Velha Ágil”, que permitirá a aprovação dos empreendimentos por meio de um processo integrado entre secretarias visando à redução do tempo de tramitação.>
Já a Prefeitura de Viana implantou o Sistema Desenvolve Legal, que utiliza inteligência artificial para aprovação de projetos e está integrado aos demais sistemas utilizados pela prefeitura, como o tributário, o imobiliário e o protocolo, além do Plano Diretor Municipal (PDM) e do Código de Obras, que foi recentemente atualizado.>
Cariacica também tem usado a tecnologia para agilizar a aprovação de projetos por meio da implantação do sistema eletrônico “Aprova Legal”, que permite protocolar e acompanhar processos de licenciamento de forma remota.>
Outra questão que vem sendo debatida é a burocracia quando esses projetos chegam aos cartórios para serem aprovados, dependendo das exigências. Segundo o diretor do Conselho Federal do Colégio Notarial, Rodrigo Reis Cyrino, é essencial o diálogo entre empreendedores da construção e órgãos públicos, levando soluções com o intuito de chegar a um denominador comum.>
“Desburocratizar é simplificar procedimentos que não causem insegurança jurídica. Se é exigida aquela lei, houve um debate democrático, e os cartórios vão cumpri-la. Se não houver consenso, isso deve ser levado à Justiça ou ao Legislativo para que aquela lei seja mudada ou atualizada”, avalia.>
Ele afirma, ainda, que os cartórios, cada vez mais, podem ser cobrados em adotar uma padronização, tendo essas regras claras, mas a lei precisa ser observada. “As leis existem para dar segurança jurídica, e os cartórios fiscalizam o cumprimento da legislação”, complementa. >
A seguir, confira as ações das prefeituras da Grande Vitória para agilizar os procedimentos.>
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