Publicado em 19 de abril de 2025 às 09:07
Com a consolidação do estilo industrial na arquitetura e no design de interiores, materiais que antes eram ligados à rusticidade e simplicidade, hoje ganharam protagonismo em composições sofisticadas. É o caso do cimento queimado e do concreto aparente, dois acabamentos que ajudam a empregar personalidade aos ambientes.
“Eles deixaram de ser vistos como truncados e desfavorecidos. Além da execução tradicional, o mercado oferece uma ampla variedade de cores e texturas inspiradas no cimento queimado e no concreto aparente, o que permite o uso em pisos, paredes, lajes, forros, colunas, bancadas e outros elementos arquitetônicos. Cada um tem suas vantagens e pode ser combinado de diferentes formas para criar projetos únicos”, afirma o arquiteto Bruno Moraes, à frente do BMA Studio.
O cimento queimado é uma solução amplamente utilizada para revestir pisos, paredes e forros e entrega uma aparência apurada aos espaços. Derivado da mistura entre cimento, areia e água, a composição é aplicada na superfície e alisada com a desempenadeira para obter o efeito característico.
“Considero como um melhor custo-benefício e nos projetos pode ser executado em diversas tonalidades, a depender da pigmentação adicionada. Mas ele deve ser apenas utilizado na função de acabamento e, estruturalmente falando, não deve ser cogitado em hipótese alguma”, ressalta Bruno Moraes.
O arquiteto, entretanto, adverte que o cimento queimado exige alguns cuidados. Para evitar trincas e fissuras, é fundamental prever juntas de dilatação e escolher um profissional especializado para a aplicação. “Se for executar em áreas constantemente úmidas, para não apresentar manchas ao longo do tempo, eu aconselho o uso de uma seladora ou aditivo durante o preparo da argamassa”, explica.
Além disso, após a execução, é importante aplicar uma seladora na superfície e reaplicá-la periodicamente, conforme orientação do fabricante, para selar a permeabilidade do cimento queimado e evitar manchas causadas pela água.
Apesar da aparência semelhante, o concreto aparente, por sua vez, é um elemento estrutural que não recebe camadas de acabamento, deixando a matéria-prima das edificações expostas. Esse revestimento é muito presente em projetos brutalistas e industriais, proporcionando um visual urbano e autêntico. “A superfície do concreto é extremamente resistente e demanda baixa manutenção, sendo ideal para ambientes internos e externos”, complementa o arquiteto.
Entretanto, para obter esse acabamento, o concreto precisa ser bem planejado, desde a fase da obra, com o emprego de formas adequadas e acabamento bem executado. Em reformas, é possível revelar o concreto bruto por meio de lixamento e aplicação de seladora incolor ou fosca para preservar o aspecto natural.
“É muito comum que construtoras entreguem os apartamentos com uma laje ou pilar com essas características, porém é preciso que profissional de arquitetura certifique a segurança para a realização do projeto. Além disso, para chegar no concreto bruto, é preciso usar uma máquina específica para o processo”, detalha Bruno Moraes.
Ambos os materiais possuem boa durabilidade, mas o profissional à frente do BMA Studio salienta as diferenças de manutenção: quanto mais fina a camada de cimento queimado, mais estará suscetível às trincas e desgaste ao longo do tempo, o que exige reaplicações de resina ou seladores para prolongar a vida útil.
Já o concreto aparente, sendo parte da estrutura da construção, apresenta alta resistência e demanda pouca manutenção, sendo necessário apenas um tratamento ocasional com seladores para evitar infiltrações e desgaste da superfície.
Em linhas gerais, assim como o concreto aparente, o cimento queimado pode compor projetos pautados no décor industrial, contemporâneo, brutalista, rústico e retrô, entre outros. Ambos os revestimentos harmonizam bem com outros materiais, como madeira, metal, tijolos aparentes, pedras e mármores.
“Por serem de uma paleta relativamente neutra, mesclamos diversas cores de tecidos com tons correlatos. Sempre dou preferência por não introduzir cores muito escuras, que podem proporcionar a sensação de encolhimento do projeto”, revela.
Quanto às alternativas, para quem deseja o visual do cimento queimado, mas sem riscos de trincas, pode incorporar alternativas como porcelanatos, microcimento e tintas texturizadas que reproduzem o efeito com praticidade. Já o concreto aparente pode ser substituído por placas cimentícias e painéis pré-moldados que conferem um resultado similar sem a necessidade de estrutura específica.
Independentemente da escolha, é preciso entender as características de cada material para garantir um resultado visual e funcional. “O concreto aparente traz mais robustez e autenticidade, enquanto o cimento queimado é versátil e acessível, permitindo sua personalização nos projetos”, finaliza Bruno Moraes.
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