Governo define regras para volta às aulas, mas pais não estão seguros

Protocolos incluem transporte escolar, distanciamento dos alunos, cuidados de higiene pessoal. Responsáveis, no entanto, pois apontam que medidas para prevenir o contágio são difíceis de serem cumpridas por crianças e adolescentes

Publicado em 10/08/2020 às 11h45
Atualizado em 10/08/2020 às 11h45
Sala de aula: governo do ES definiu regras para retomada das atividades nas escolas
Sala de aula: governo do ES definiu regras para retomada das atividades nas escolas . Crédito: Pixabay

A data para o retorno às aulas presencias ainda não foi definida, mas o governo do Espírito Santo já antecipou as medidas administrativas e sanitárias para a retomada das atividades. Uma portaria que traz as regras a serem seguidas pelas escolas em todas as etapas e modalidades, durante a pandemia do novo coronavírus, foi publicada no Diário oficial no sábado (8).

O documento, elaborado em conjunto pelas secretarias de Estado da Saúde e da Educação, traz orientações para todas as áreas do ambiente estudantil. Os protocolos incluem transporte escolar, distanciamento dos alunos, cuidados de higiene pessoal, dos ambientes e alimentos, ações em casos de suspeita ou confirmação de Covid-19, grupos de risco, e ainda monitoramento e obrigações de cada instituição.

De acordo com o último decreto estadual que trata do tema, a suspensão das aulas segue até o dia 31 de agosto. Mas muitos pais estão temerosos de que o governo determine a retomada do calendário escolar antes da vacinação, pois apontam que as regras para prevenir o contágio são difíceis de serem cumpridas por crianças e adolescentes. Confira alguns comentários postados nas redes sociais de A Gazeta:

Pode ter distanciamento dentro da sala, mas e fora da sala? Onde uma criança ou um adolescente tem noção das coisas. Quando sair da sala é um pulando nas costas do outro. Quem depende de condução vai ter aglomerações dentro de vans, topics e ônibus. Será que estão pensando em tudo para a volta? (Claudia M. F. Ferrari)

Máscaras incomodam adultos, que com frequência levam a mão ao rosto para arrumar. Imagina crianças e adolescentes? Se protocolos sanitários são eficazes, como justificar o aumento de número de casos, com as pessoas usando máscaras, passando álcool? Porque prevenir não é garantia que não haverá contaminação. Será mesmo que o retorno das aulas é baseado apenas em protocolos sanitários? E a qualidade do ensino? Testagem de alunos, famílias e profissionais de educação, deslocamento até a escola, ônibus e transporte escolar cheios, hora do recreio, alunos e profissionais com comorbidades, alunos e profissionais que têm em casa idosos ou familiares com comorbidades etc. etc. etc. Quem vai se responsabilizar? Afinal, especialistas como a doutora Ethel Maciel têm dito sobre os riscos. A vida e saúde são um direito constitucional, nessa ordem. Também está no Estatuto da Criança e Adolescente. Não há unanimidade sobre a doença, especialistas estão “trocando o pneu com o carro em movimento”. (Claudia Cristina)

A minha filha não vai. As escolas não têm estrutura nem do básico, muitas vezes falta até papel chamex. Sou professora e sei muito bem a realidade! Absurdo! (Milena Rangel)

Especialistas da Fiocruz dizem que se medidas de combate à transmissão da Covid-19 não melhorarem, até dezembro serão 200 mil mortos. Duvidam? Duvidaram lá em abril da projeção de 100 mil mortos. É real, ultrapassou. Que pai vai ter coragem de estimular seus filhos a voltar às aulas presenciais correndo o risco de se contaminarem e levarem o vírus para dentro de casa, contaminando outras pessoas? (Emilia Carreiro Ribeiro)

Eu sempre fui contra, mas depois de sexta e sábado mudei de opinião. Laranjeiras estava lotada de famílias com os filhos sem nenhum distanciamento e inclusive vi muitas crianças sem máscaras. Sei que existe exceção, mas a maioria carrega os filhos para lugares cheios e para a escola não pode. É complicado, por causa da irresponsabilidade da maioria, alguns pagam. Rumo às aulas. (MonaKelly Costa)

Mas preciso falar que a vida está normal. Afinal, as crianças estão na rua curtindo como se estivessem de férias, praias cheias e por aí vai. Então, chega dessa história de que “meu filho não vai”. Se os pais realmente tivessem esse medo todo, as crianças estariam dentro de casa. (Vinicius Sousa)

Eu não mando meus filhos pra escola nem pagando, a vida deles é mais importante que qualquer ano letivo. Se tivesse uma vacina até que seria de se pensar no caso. (Claudiane Barreto)

Eu quero saber como vão fazer com o transporte público, que não está suprindo nem a demanda de quem está trabalhando, imagina quando começarem as aulas. Já disse que os meus não vão. Piada mesmo. (Polyane de Oliveira Baesse Canuto)

Querem voltar às aulas? Beleza!! Porque do portão da escola para dentro a responsabilidade não é mais do papai e da mamãe cansados, né, que estão mortos para controlar energia de 1, 2, 3 crianças na quarentena. Do portão para dentro a responsabilidade é do professor, que tem que controlar 18, 20 crianças e adolescentes, que não ouvem ninguém, que às vezes nem estão notando que tão perto demais ou nem têm a noção do verdadeiro perigo. Papai e mamãe não estão lá vendo isso, professor ficando rouco de falar mil vezes… o risco é do profissional da educação que está lá com eles. Se até hoje 80% do comércio não liberaram entrada de menores de 10 anos e maiores de 60 anos, tudo bem encher as escolas. (Michele Farias)

Só deveria voltar às aulas depois da vacina, aí sim teríamos confiança dos nossos filhos nas escolas. Essas medidas para crianças não funcionam, principalmente para os pequenos, é muito perigoso. Sinto muito, mas se voltarem, meus filhos não irão, pois já perderam o ano mesmo. Isso nem deveria passar pela cabeça sem antes vacinarem as crianças. (Sandra Frasson Gomes)

Eu devo estar tendo um pesadelo... Morrem mais de 1.000 por dia no país de uma doença cujo principal meio de contágio é o contato, e o ES quer retornar às aulas... Me poupe. Escola também é socialização, contato, amizade, lá existem crianças e adolescentes e não robôs!!! Sem contar que os profissionais que lá estão podem não ser do grupo de risco, mas têm familiares que vivem com eles que são!!! (Susana Cassundé)

Estou começando a achar que pode voltar mesmo. A quantidade exorbitante de adultos e suas crianças que estão circulando nas ruas, praias, shopping etc. sem necessidade. Então estudar também pode! (Rafaela Cosmo)

Vai ser terrível a Covid aqui… praias lotadas, bares lotados... mas também a culpa não é só dos governantes. O povo pede. Ninguém é irracional para não saber que estamos em pandemia. (Leonardo Benjamim)

Eu sinceramente gostaria de ver na prática se as pessoas que afirmam que não vão mandar seus filhos para a escola cumprirão a promessa ou se é só uma crítica. Pois o que realmente acontece são os pais enviarem os filhos para a escola (que funciona como uma creche de luxo ou depósito de crianças) e irem para a academia, para lojas ou dormir. Quem trabalha em escola sabe exatamente como funciona. Muitas vezes a mãe chega arrastando o aluno com um vidro de remédio dizendo que o mesmo não dormiu e teve febre, vomitou etc. Impossível manter distanciamento, pois os alunos não têm limites e não obedecem professores. Uma situação complicada para resolver. (Maria Da Penha Fonseca)

Eu como mãe não fui consultada nem pude observar as atualização com meus amigos pais, mas já posso adiantar meu pensamento: não à volta ás aulas. Sem politicagem, o que importa aqui é os filhos nosso bem maior. (Sil Farias Moreira)

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.