Publicado em 15 de novembro de 2019 às 08:00
Mesmo mal gerido e à margem dos grande centros, o futebol do Espírito Santo sempre revelou jogadores para as principais equipes do país e para a Seleção Brasileira. Tanto que, hoje, em todas as categorias, tem ao menos um capixaba representando o Estado. >
Nesta semana, mais uma promessa da base vai dar continuidade a essa tradição e vestirá a camisa amarela. Aos 18 anos, o lateral-direito Ramon Rocha, do Palmeiras, foi convocado pelo técnico André Jardine para a Seleção Sub-20, que enfrenta Peru e Colômbia, em um torneio amistoso na Granja Comary, no início de dezembro.>
Nascido em Baixo Guandu, cidade com pouco mais de 30 mil habitantes e localizada na divisa do Espírito Santo com Minas Gerais, Ramon lembra que levou um susto quando soube da convocação.>
"Essa foi a minha primeira convocação e, para mim, foi um susto. Uma coisa dessa às vezes te deixa sem acreditar. Mas isso é o resultado do trabalho que venho fazendo no Brasileiro. Sabia que esse ano ainda teria uma convocação de Sub-20 e, se eu desse o meu melhor, poderia ter uma oportunidade. Estou muito feliz e tenho certeza que terei um experiência incrível, quero aprender e aproveitar a chance da melhor forma possível".>
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Ramon, que foi convocado pela primeira vez, é o segundo guanduense a figurar em uma das categorias da seleção. O meia-atacante Pedrinho, do Grêmio, também está representando o Brasil, mas na Sub-17, que nesta quinta-feira garantiu a vaga na final da Copa do Mundo.>
Amigos de infância, as jovens promessas estão sempre em contato, por telefone, e se encontram nas férias em Baixo Guandu. Ramon afirma que recebeu uma ligação de Pedrinho, minutos após saber da sua convocação.>
"Ele (Pedrinho) é um irmão que tenho de outra mãe. Nós crescemos juntos. Nas férias, quando vamos para Baixo Guando, estamos sempre juntos, curtindo, brincando, conversamos bastante... E, minutos após eu receber a notícia da minha convocação, ele me ligou para trocar uma ideia. Me passou qual foi a sensação dele ao saber da primeira convocação e essas coisas. Ele é meu irmãozão".>
Lateral saiu de casa com apenas 11 anos>
A história de Ramon até a primeira convocação para a Seleção Brasileira começou em 2012, quando saiu de casa, aos 11 anos, e foi jogar no Ubaense, clube formador de Minas Gerais. O jogador foi descoberto por um olheiro e passou quatro anos no time mineiro. Ramon lembra que abriu mão da vida ao lado da família e dos amigos para apostar no sonho de ser jogador profissional, assim como o seu irmão Júnio Rocha, lateral do Rio Ave, de Portugal.>
"João Carlos (Tatu) me levou para o Ubaense, clube formador de jogadores, quando eu tinha 11 anos. Quando eu saí de Baixo Guandu, abri mão de muitas coisas, família, amigos... E tudo isso, no começo, foi muito difícil. Mas meus pais sempre acreditaram no meu sonho de ser jogador, assim como meu irmão, que hoje é profissional. Eu sempre quis seguir a trajetória dele e o tenho ele como exemplo". >
Ao mesmo tempo que buscava se firmar como jogador, o então adolescente Ramon teve que aprender cedo a se tornar adulto. O lateral sempre teve como objetivo maior mudar a vida da sua família.>
"A minha força para superar isso foi o apoio dos meus pais Lucimar e Eraldo, dos meus irmãos Vitor, Eduarda e Júnio e da vontade de conquistar algo para dar o melhor para a minha família. Aos poucos fui me acostumando, tive que virar adulto rápido, criar responsabilidades e hoje vou sempre nas férias para visitá-los".>
Campeão Mundial pelo Palmeiras>
Quatro anos após iniciar a carreira no Ubaense, Ramon conseguiu chegar à base do Palmeiras, onde conquistou muitos títulos, entre eles o Mundial em cima do Real Madrid, e assinou o seu primeiro contrato profissional, que vai até o 2021.>
"Em 2015 fui observado por um olheiro do Palmeiras (Douglas), que me viu jogando e decidiu me levar para São Paulo. Passei um mês sob avaliação, depois acabei ficando, onde estou aqui até hoje. Nesse tempo, conquistei diversos títulos: Paulistas, na Itália e o Mundial contra o Real Madrid".>
Em São Paulo há quatro anos, hoje Ramon mora em um hotel, que tem parceria com o Palmeiras. O lateral-direito treina durante o dia e estuda à noite.>
"Moro em um hotel muito bom com os jogadores, em quartos duplos, em um bairro bem bonito, perto de shopping... A gente treina de manhã, em um local a 20 minutos de ônibus do hotel e estuda à noite. De tarde ficamos livres. No ano que vem acho que vou sair para morar em um apartamento".>
Vivendo há quase oito anos longe de Baixo Guandu, Ramon sente saudades de casa mas segue em busca do seu sonho.>
"São Paulo é uma cidade com muitos sonhadores. No nosso time tem jogadores que, assim como eu, jogam fora dos seus estados. Todo mundo buscando acreditando e correndo atrás dos seus sonhos".>
Semifinal do Brasileirão Sub-20>
Antes de se apresentar na Seleção Brasileira, Ramon Rocha estará com o Palmeiras na disputa do jogo de volta das semifinais do Campeonato Brasileiro Sub-20, contra o Vasco. Após o empate de 1 a 1, na ida em São Paulo, o Alviverde precisa de uma vitória, no Rio de Janeiro, para avançar à decisão.>
Confiante na classificação, o lateral-direito diz que o seu time está preparado para buscar a vaga e posteriormente brigar pelo título com Corinthians ou Flamengo.>
"Temos um grupo bem experiente e não tem muito o que se fazer de diferente. A gente trabalha todo dia e o nosso time já sabe o que tem que ser feito. Vamos jogar com alegria e vai passar o time que merecer. Por isso, temos que fazer por merecer para sairmos classificados para a final. Se a gente chegar, não tenho preferência entre Corinthians ou Flamengo. Sendo qualquer um, o Palmeiras vai impor o seu jogo e buscar mais um título".>
A partida acontece neste sábado, às 14h, no estádio Nivaldão, em Nova Iguaçu.>
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