Publicado em 20 de setembro de 2019 às 09:55
O governador Renato Casagrande recebeu na manhã desta sexta-feira (20) a analista de comércio exterior Anna Moscon. No último sábado (14), a capixaba teve que jogar fora a bandeira do Espírito Santo para poder entrar no estádio do Maracaná, no Rio de Janeiro. Impedida, Anna tentou argumentar com os seguranças, porém foi em vão. >
Nesta sexta, ela recebeu das mãos do governador outra bandeira do Espírito Santo. "Hoje, comecei a agenda recebendo a Anna no meu gabinete e a presenteando com uma nova bandeira do Espírito Santo, uma forma simbólica de pedir que ela (e todos os capixabas) não deixe de se orgulhar do nosso Estado! Ótima sexta-feira, amigos!", disse Casagrande.>
Surpreendida com a repercussão que a história ganhou, Anna mostrou-se um pouco chateada com o posicionamento de algumas pessoas.>
"Foi uma loucura, muitos vieram falar comigo e me mandaram mensagem. O que me chateou um pouco foram alguns comentários negativos dizendo que eu não deveria ter jogado a bandeira fora, que isso só ocorreu porque eu torço para um time de fora. Cada um torce para o time que quiser. Amo o Espírito Santo e só fiz isso porque não tive escolha, infelizmente", disse. >
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Mas já de posse da nova bandeira, Anna disse estar feliz por novamente ter uma bandeira, ainda mais tendo a recebida das mãos do governador. >
"Ele se mostrou por dentro de toda a história e até me agradeceu por eu exaltar e defender o Estado. Também entendeu que ocorreu uma situação atípica. Fui muito bem recebida por todos e saí de lá muito feliz", contou a analista de comércio exterior.>
Voltar em breve ao Maracanã, ainda mais com a bandeira, não está nos planos no momento para Anna. "Não pretendo ir logo não (risos). A bandeira estará protegida, vou ver os jogos em casa ou com meus amigos por aqui mesmo", detalhou. >
ENTENDA A POLÊMICA>
Foram dias de ansiedade à espera do jogo entre Flamengo e Santos no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, no último sábado (14), pela 19ª do Brasileirão.>
Após mais de oito horas de viagem em uma excursão de ônibus, eis que chega o momento da analista de comércio exterior Anna Moscon entrar pela primeira vez no "Maior do Mundo".>
Na fila exclusiva para as mulheres veio a ingrata surpresa. Ana carregava uma bandeira do Espírito Santo, porém foi impedida de entrar no estádio com o símbolo máximo do Estado.>
Pelas redes sociais, Anna demonstrou a insatisfação com o que passou e recebeu o apoio de amigos e conhecidos.>
VEJA VÍDEO>
Inconformada e tensa com a situação, Anna tentou argumentar com os seguranças, porém em vão. "Expliquei a eles que vim de longe, de ônibus, e que era minha primeira vez no Maracanã, mas não teve jeito. Eles me disseram que ou descartava a bandeira ou não entraria. Fiquei sem escolha e, contra minha vontade, tive de jogar a bandeira no lixo. Até pedi que guardassem, mas também se recusaram", detalhou.>
ANNA NÃO, MAS OUTRO CAPIXABA SIM>
Ao que parece o caso de Anna é difícil de ser explicado. Isso porque no mesmo jogo outras torcedores entraram com bandeiras, inclusive a do Espírito Santo, como é possível ver nas fotos do momento da comemoração do gol anotado por Gabriel Barbosa.>
Logo atrás do local onde os jogadores se abraçam é possível identificar facilmente a bandeira capixaba. Ao se deparar com essa foto, Anna mostrou-se ainda mais resignada. "Como uma regra não vale para todos. isso que me revolta", disse. >
CONSTRANGIMENTO>
A cena chamou a atenção de vários outros torcedores e a flamenguista chegou a ser questionada por algumas pessoas. "Alguns cariocas viram eu jogando a bandeira fora e vi que estavam me julgando. Eu jamais faria isso por vontade própria, amo meu Estado e havia levado a bandeira para poder mostrar isso no Maracanã. Foi revoltante demais, contou a analista de comércio exterior.>
Anna ficou ainda mais revoltada, pois além de não entrar com a bandeira, sequer foi revistada. "Veja como são as coisas. Com bandeira não posso entrar, mas não olharam minha bolsa, nem me revistaram. Priorizam algo que não oferece risco algum e ignoram outras com potencial de risco. Não sabia dessa proibição, caso contrário jamais levaria a bandeira. Fora o fato de não encontrar nenhuma orientação nesse sentido".>
NA MEMÓRIA>
A bandeira não era meramente um adereço. Anna já viveu experiências com a mesma, que agora ficarão apenas na memória.>
"Eu ganhei essa bandeira ainda em 2016 e fui com ela na Jornada Mundial da Juventude, na Polônia. A levei à Europa, mas não consegui entrar com ela no Maracanã. Ainda estou chateada com tudo o que aconteceu", disse a torcedora.>
RESPOSTAS>
A reportagem de A Gazeta entrou em contato com a assessoria do Flamengo, que atualmente administra o estádio em parceria com o Fluminense em busca de uma explicação para o incidente.>
O clube, contudo, limitou-se a dizer através da assessoria de imprensa, que a segurança que atua nos jogos do time segue uma recomendação da Polícia Militar do Rio de Janeiro, porém sem especificar os critérios para o impedimento.>
Já a Polícia Militar do Rio de Janeiro disse, em nota, que a regulamentação de entrada de bandeiras em estádios brasileiros segue as normas do Estatuto do torcedor, porém frisou não ser responsável por essa fiscalização.>
ESTATUTO DO TORCEDOR>
O artigo 13-A, que trata da segurança do torcedor em evento esportivo, diz que o torcedor não pode portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, inclusive de caráter racista ou xenófobo, o que não era o caso da torcedora capixaba.>
O mesmo artigo ainda veda a utilização de bandeiras, inclusive com mastro de bambu ou similares, para outros fins que não o da manifestação festiva e amigável.>
A Secretaria de Estado de Polícia Militar também informou que a revista no estádio é de responsabilidade da concessionária responsável pela administração do estádio. O Batalhão Especializado em Policiamento de Eventos apenas realiza intervenções quando solicitado. >
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