Publicado em 15 de setembro de 2020 às 17:44
Em um momento como o atual, de crise sanitária mundial, educação e ciência se mostram ainda mais relevantes. Incentivar e dar visibilidade a quem promove as duas áreas é papel de todos que buscam uma sociedade avançada em conhecimento e, sobretudo, na garantia de direitos fundamentais. Assim, a Rede Gazeta se juntou à Shell para transmitir a Live Prêmio Shell de Educação Científica, voltada a professores das redes públicas capixaba e fluminense.
O evento, que vai reunir educadores do porte de Claudia Costin, Mozart Neves e Cesar Callegari , é apenas uma etapa da iniciativa que, desde 2014, visa ao reconhecimento de professores de Ciências, Biologia, Física, Química e Matemática, do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, ao premiar projetos inovadores desenvolvidos com os estudantes.
A live será realizada no próximo dia 22, às 17h, e, no bate-papo que poderá ser acompanhado pelo site de A Gazeta, a Covid-19 será tema central. Os especialistas vão debater sobre a importância do conhecimento científico para a reconstrução do mundo pós-pandemia.
Cesar Callegari
Sociólogo e avaliador master do Prêmio ShellCallegari, também um especialista em gestão de políticas, programas e instituições públicas nos setores de educação, cultura, ciência e tecnologia, avalia que estimular a produção de conhecimento científico é o caminho para a solução de muitos problemas que vivemos, tal qual a Covid-19, e, mais ainda, uma forma de enfrentamento ao que chama de inimigo oculto: o negacionismo da ciência.
Essa prática remonta à Idade Média, quando as pessoas acreditavam que apenas as preces poderiam resolver situações do dia a dia, da vida. Mas as soluções são baseadas em evidências científicas, e a construção desta forma de agir tem que começar desde cedo, a partir da educação infantil, cuidando para que as posturas derivem de evidências e não de crenças. Nenhum de nós pode ficar no campo do achismo; é preciso saber pensar e pensar com método, frisa.
Esse processo de construção, destaca Callegari, contribui para a formação de um espírito crítico, não apenas para as atividades escolares, mas para a vida. O pensamento crítico e criativo é totalmente necessário para todos e, segundo o sociólogo, permite maior discernimento em um mundo com abundância de informações, muitas falsas ou deformadas.
O Prêmio, portanto, é um estímulo para professores que fazem da sala de aula - presencial ou virtual - um lugar de aprendizado com estratégias inovadoras, pois, na opinião de Callegari, prestigia as respostas criativas que eles são capazes de oferecer, mesmo em momentos adversos como o ano de 2020 tem se mostrado devido à pandemia. Nesse contexto, inclusive, a inovação se destaca ainda mais, porque inovar não significa fazer algo extremamente elaborado; na verdade é, ainda que de maneira simples, tão somente promover o conhecimento.
Na live, ele aponta, todos esses aspectos serão abordados e, particularmente, os desafios que atingem educadores, estudantes e suas famílias, como as dificuldades de acesso à tecnologia, os problemas decorrentes do isolamento prolongado, os desaprendizados do período e a desigualdade social evidenciada nos últimos meses.
"Os professores, através da experiência prática, promovem a fixação de conceitos em uma visão mais interdisciplinar, e não segmentada. A interdisciplinaridade é um caminho que pode favorecer a recuperação deste tempo longe da escola, que não é um tempo totalmente perdido, porque as vivências de cada um, algumas vezes dramáticas, podem ser matéria-prima no trabalho dos professores. E o Prêmio Shell vem num momento oportuno e valoriza esse profissional", atesta Callegari.
A valorização dos profissionais de Ciências e Matemática é, de fato, o princípio que norteia o Prêmio Shell de Educação Científica há sete anos. A proposta é que o conhecimento científico seja estimulado desde a infância, e a atuação do professor é fundamental para despertar o interesse de crianças e jovens. A premiação é composta por uma viagem educativa a Londres, na Inglaterra, equipamentos para a escola e prêmios em dinheiro, de R$ 4 mil a R$ 8 mil, a depender da colocação.
As categorias são divididas em ensino fundamental II e ensino médio e, neste ano, haverá uma premiação especial para professores que fizeram projetos relacionados à Covid-19.
Para participar, o professor precisa inscrever uma experiência educativa que tenha desenvolvido com duração de pelo menos quatro encontros com seus alunos. Devido à pandemia, projetos on-line também vão ser aceitos.
Todos os inscritos passam por uma comissão de avaliadores que faz a primeira triagem. Depois, seguem para análise dos avaliadores masters, que vão escolher, entre os pré-selecionados, os três vencedores de cada categoria.
Claudia Costin
Fundadora e diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getulio Vargas, CEIPE/FGV. Foi diretora global de Educação do Banco Mundial, membro da comissão global sobre o futuro do trabalho da Organização Internacional do Trabalho (OIT), professora da PUC-SP, do Insper, da Enap (Canadá) e, mais recentemente, da Faculdade de Educação da Universidade de Harvard. Foi ministra da Administração e Reforma do Estado, secretária de Cultura do Estado de São Paulo e secretária de Educação do município do Rio de Janeiro.
Mozart Neves Ramos
Educador, escritor e químico brasileiro. Foi diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, secretário de Educação de Pernambuco e presidente-executivo do Todos Pela Educação. Foi reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Atualmente, é membro do Conselho Nacional de Educação (CNE) e coordenador da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira da Universidade de São Paulo (USP). Graduado em Engenharia Química pela UFPE, doutorado em Química pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pós-doutorado em Química pela Politécnica de Milão Itália. Em 2008, foi eleito pela Revista Época como uma das 100 pessoas mais influentes do Brasil.
Cesar Callegari
Sociólogo, especialista em gestão de políticas, programas e instituições públicas nos setores de educação, cultura, ciência e tecnologia. É presidente do Instituto Brasileiro de Sociologia Aplicada (IBSA) e membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), onde é presidente da comissão de elaboração da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e relator da Comissão de Formação de Professores. Foi diretor da Faculdade SESI-SP de Educação, secretário municipal de Educação de São Paulo, Secretário de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), diretor de Operações do SESI-SP e membro do Conselho de Governança do Movimento Todos pela Educação. Na área científica, foi secretário executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia e presidente do Conselho da FINEP. Foi deputado estadual por dois mandatos e é autor de vários trabalhos publicados sobre educação pública
O Prêmio Shell de Educação Científica reconhece e incentiva os professores das áreas de ciências e matemática do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, premiando os inovadores projetos de educação dessas disciplinas, e também as experiências educativas frente à Covid-19 que, por meio de metodologias diferenciadas, imprimam novas formas de ensinar e de aprender.
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