Publicado em 29 de junho de 2025 às 10:27
Onde o aprendizado acontece? Seria apenas dentro da sala de aula, com livros e lápis? Ou também no meio de uma horta, diante de uma obra de arte, ao lado de um colega curioso ou no contato com quem vive realidades diferentes das nossas? >
Na Escola Monteiro, essas perguntas não ficam sem resposta. Elas guiam escolhas pedagógicas que valorizam a escuta, a autonomia e o pensamento crítico desde cedo. E é nesse contexto que o estudo do meio se consolida como uma das práticas mais potentes do currículo do ensino fundamental 1. >
“Trabalhamos o estudo do meio como uma possibilidade viva de aprender, que atravessa os portões da escola e convida as crianças a enxergarem o mundo como ele é – cheio de histórias, possibilidades e saberes”, afirma a diretora pedagógica da instituição, Penha Tótola.>
A ideia, segundo ela, é criar a ponte entre teoria e prática, conectando o mundo e o conhecimento e dando sentido ao aprender. >
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Para as professoras Tatiana Pissaia e Lílian Valin, do 2º ano do ensino fundamental, a metodologia é parte essencial – e um grande diferencial – do projeto pedagógico da escola. >
“É a oportunidade de transformar o aprendizado em algo concreto e significativo, estimulando a curiosidade e a vontade de aprender”, diz Tatiana. >
Para Lílian, pelo estudo do meio as possibilidades de aprendizado se ampliam. “Geramos vivências e experiências que serão marcos na trajetória do aluno”, ressalta. >
Essa visão é compartilhada por Graciela Schuwartz, coordenadora do ensino fundamental 1, que ressalta o valor das experiências diretas e concretas fora do ambiente escolar tradicional. >
Ela acredita que o estudo do meio amplia o aprendizado ao conectar os conteúdos com a realidade, o que desperta a curiosidade natural das crianças e estimula a autonomia e a capacidade de observação. >
Na prática, a construção de cada saída pedagógica começa com a definição de temas e objetivos, escolha do local e preparação logística. Mas vai além.>
“Há um tempo dedicado à escuta, à pesquisa e ao despertar do interesse das crianças. Os alunos exploram, ainda em sala, conteúdos que os ajudarão a interpretar melhor o que será observado fora dela. Esse preparo prévio é essencial para que o estudo do meio seja uma experiência rica e significativa, permitindo um aproveitamento mais efetivo e a conexão entre o aprendizado teórico e prático”, ressalta Graciela.>
Durante o planejamento, diferentes áreas do conhecimento são integradas, o que torna a aprendizagem interdisciplinar, contextualizada e alinhada aos objetivos pedagógicos.>
No mês de maio, por exemplo, a turma da professora Tatiana visitou a Fazenda Urbana Cooltiva, dentro do projeto “Quem planta cuidado, colhe saúde”. >
Lá, os alunos observaram o cultivo de hortaliças livres de agrotóxicos, aprenderam sobre o ciclo de vida das plantas, sustentabilidade e alimentação saudável. Também discutiram as diferenças entre o campo e a cidade e criaram gráficos e ilustrações a partir das observações.>
As crianças participam, perguntam, divertem-se aprendendo e interagem. Uma aluna, por exemplo, demonstrou surpresa diante da técnica de hidroponia: “Não sabia que era este o nome e nem que as plantas eram tratadas com água rosa!”, disse, demonstrando o quanto o novo pode provocar encantamento e aprendizado real.>
Já a turma de Lílian participou de um estudo do meio com a artista Margarete Freitas, integrando arte, literatura e história. A experiência inspirou reflexões sobre linguagem, cultura e criatividade. Outra aluna, encantada, disse: “Quero vir aqui mais vezes! É muito divertido fazer essas pinturas”.>
Após cada vivência, os alunos retornam à escola para compartilhar, sistematizar e refletir. Em rodas de conversa, textos e ilustrações, relembram o que viram, sentiram e pensaram. “Esse momento fortalece a escuta, a empatia e o respeito às opiniões dos colegas”, diz Tatiana.>
Segundo Graciela, o ambiente externo desperta uma empolgação que amplia a escuta, a atenção e a capacidade de observação. Nessas vivências, surgem espontaneamente atitudes de liderança, solidariedade e cuidado com o outro, além de um engajamento que, muitas vezes, vai além do que se observa em sala de aula.>
As professoras observam transformações reais nos estudantes. O envolvimento aumenta, a curiosidade se intensifica e os vínculos se fortalecem. Os alunos desenvolvem competências cognitivas e socioemocionais, como autonomia e protagonismo, capacidade de trabalhar em equipe, empatia, habilidade de resolução de problemas, criatividade e consciência ambiental, social e cultural.>
A coordenadora reforça que o estudo do meio dialoga diretamente com os valores que a Monteiro busca cultivar. “A autonomia é estimulada quando os alunos participam do planejamento e execução das atividades; a escuta se faz presente nas trocas e reflexões; e o pensamento crítico se fortalece ao analisarem o que vivenciaram e ao se questionarem sobre o mundo ao redor”, conclui.>
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