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Morte em Vila Velha: transporte de bobinas estava irregular, diz polícia

Morte em Vila Velha: transporte de bobinas estava irregular, diz polícia

Uma das oito bobinas transportadas por carreta desprendeu-se do veículo e atingiu um motociclista, na Avenida Vale do Rio Doce

Publicado em 9 de outubro de 2019 às 14:52

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Motociclista morre após ser atingido por carretel que se soltou de carreta em Vila Velha. (Internet)

O transporte de bobinas em carreta envolvida em acidente com morte na manhã desta quarta-feira (9), em Vila Velha, estava totalmente irregular, segundo informações da Polícia Civil. Um professor, que pilotava um moto, foi atingido em cheio por uma das bobinas e morreu na hora. 

De acordo com os peritos da Polícia Civil, que foram ao local do acidente, das oito bobinas que estavam na carreta, cinco estavam soltas e três estavam amarradas de forma irregular. Os peritos explicaram que a fita catraca deve ser passada por dentro e por cima das bobinas para a amarração correta. Porém, as três bobinas estavam presas apenas pelas extremidades. As outras cinco estavam soltas, com amarrações irregulares feitas até com fitas plásticas, o que não é permitido.

TESTE DO BAFÔMETRO

O motorista da carreta realizou o teste do bafômetro, que deu negativo para o uso de álcool. Segundo a Polícia Civil, tanto o motorista, quanto o dono da carreta foram encaminhados a delegacia para esclarecimentos.

CÂMERA DE MONITORAMENTO FLAGROU ACIDENTE

FAMÍLIA REVOLTADA

Familiares da vítima foram ao local do acidente, muito abalados. O guarda municipal Fábio Defendente, primo da vítima, estava em casa quando viu a colisão pela TV. Logo depois, ele recebeu por telefone a notícia de que a vítima era o primo. Revoltado com a situação, ele falou com a reportagem que as bobinas estavam amarradas com plástico.

"Falta fiscalização. É muito imposto. O brasileiro não dá conta de comprar corda (para prender a carga) e compra plástico.  Como vai ficar minha família agora? O que eu vou falar para minha tia, mãe dele? O que eu vou falar para o meu tio, idoso? O meu primo era um cara astuto, pilotava há muito tempo. Ele manjava de rua. Mas vivemos em um país que não gosta de ser fiscalizado. Meu primo era pai de dois filhos. Era um brasileiro que se virava para ganhar o sustento, de 6h às 23h na rua", lamentou.

Guarda municipal Fábio Defendente, primo de Mauro Celso Azevedo Guimarães, que morreu atingido por bobina. (Elis Carvalho)

"O CAPACETE QUEBROU", DIZ AMIGO

Amigo da vítima, o professor de inglês David Pinto dos Santos, de 34 anos, viu toda a cena da colisão. "Nós saímos juntos da escola em Aparecida, cada um em sua moto, e iríamos dar aula na mesma escola, em Alvorada. Existem outros caminhos para ir de Vila Velha para Cariacica, mas a gente preferia esse trajeto por ser mais rápido. Ele estava na minha frente quando as bobinas caíram da carreta. Uma delas foi em cheio no rosto do Mauro. Eu ainda parei pra ver se ele estava bem, mas ele morreu na hora. O capacete quebrou e o rosto ficou desfigurado. Ainda estou em choque", relatou.

Bonina cai de carreta, atinge e mata motocilista em Vila Velha(Elis Carvalho)

De acordo com  David, os dois saíram da Escola Municipal de Ensino Fundamental Arthur da Costa e Silva, em Cariacica, onde deram aula pela manhã.  Depois, seguiriam para Escola Municipal de Ensino Fundamental Gil Bernardes, em Vila Velha. 

"Chegamos a andar lado a lado na região de Porto Santana, em Cariacica. Mas na reta da orla da baía de Cariacica, perto da Polícia Federal, ele acelerou na frente. Foi quando o acidente aconteceu. Nem consigo acreditar. Poderia ter sido comigo. A bonina certou em cheio o rosto dele. Ele era um cara gente boa, alto astral, querido por todos. Pretendia almoçar em casa, em Alecrim, antes de ir para Alvorada. Nem consigo mais trabalhar hoje, estou arrasado".

VÍTIMA ERA PROFESSOR

O motociclista atingido pela bobina era o  professor de história Mauro Celso Azevedo Guimarães, de 44 anos. Ele tinha acabado de dar aulas em uma escola de Aparecida, em Cariacica. Ele seguia de moto para Vila Velha, onde pretendia almoçar em casa, no bairro Alecrim, para dar aula no período da tarde em um colégio de Alvorada, mesmo município.

Professor morto atingido por bobina de carreta em Vila Velha. (Reprodução)

"Para nós, está sendo um choque muito grande. Ele andava de moto para facilitar o trajeto de uma escola para outra. O pessoal da escola já sabe, funcionários e alunos, e todos ficaram muito tristes e transtornados. Porque o Mauro era uma pessoa muito bacana, que estava sempre de bom humor, pra cima... Ele era ótimo professor. A gente gostava muito dele, tínhamos uma ótima relação", disse Bruno Souza Marques, diretor da Escola Municipal de Ensino Fundamental Arthur da Costa e Silva, em Cariacica, onde a vítima trabalhava. 

MOTORISTA PRESTA DEPOIMENTO E É LIBERADO

O motorista que dirigia a carreta, Gilson Antônio Pena, ficou em estado de choque. Ele foi levado para a Delegacia Regional de Vila Velha para prestar depoimento, que durou cerca de três horas. Em seguida foi liberado. Por enquanto, não foi indiciado.

A Polícia Civil informou que não viu, até o momento, indícios de responsabilidade por parte do motorista no acidente. O delegado também considerou que ele não fugiu do local.

"Foi apurado já que o motorista estava com a documentação compatível, que estava trafegando na velocidade compatível também e que ele não tinha ingerido bebida alcoólica. A Delegacia de Trânsito vai apurar quem colocou a bobina no caminhão e as demais perícias, quando estiverem prontas, vai apontar de quem foi a responsabilidade", falou o delegado Alexandre Campos.

Em depoimento, Gilson contou que é contratado pela empresa RR Transportes e Locação, de Vila Velha, que estava apenas dirigindo o veículo e que não foi ele quem colocou as bobinas. De acordo com o motorista, as bobinas foram amarradas por uma empresa chamada Prysmian.

O QUE DIZ A EMPRESA DAS BOBINAS

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O Grupo Prysmian, responsável pela carga de bobinas transportada pela carreta envolvida no acidente, se manifestou por meio de nota e limitou-se a informar que "está colaborando com os órgãos públicos no trabalho de apuração do acidente".

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