As trilhas desafiadoras que levam ao ponto mais alto do Estado, o Pico da Bandeira, no Parque Nacional do Caparaó, foram vencidas por Daniel Pinto Pereira, de 46 anos, e seu filho Isaac Rocha, de 10 anos. No último domingo (22), o menino, que é cadeirante, chegou ao topo nas costas do pai, com uma mochila improvisada.
Acostumados a fazer corridas com o apoio de um triciclo, a dupla decidiu que faria o desafio após treinar em pequenas trilhas. Já tinha subido duas vezes sozinho e sabia das dificuldades. Peguei uma mochila de escaladas e fiz dois buracos para colocar as pernas dele. No dia, esperamos até 7h30 na portaria do Parque para subir. Gastamos quatro horas e 17 minutos. Andava uma hora e descansava 15 minutos, conta o pai.
Os desafios para chegar aos 2.890 metros do topo do Pico da Bandeira foram aumentando ao longo do caminho, segundo Daniel. O Sol escaldante, sem sombras ao longo do trajeto e o cansaço físico quase o fizeram desistir.
Após três horas, as energias se esgotaram. Cheguei a chorar, pensando que não conseguiria chegar. Mas, um rapaz, chamado Elias, ficou sabendo na portaria que eu estava subindo com meu filho cadeirante e decidiu que iria me alcançar para ajudar. Ele me achou e dividiu o trajeto comigo, carregando o Isaac, diz Daniel Pinto.
A chegada foi marcada pela emoção. Um grupo de trilheiros o esperava para celebrar a vitória dos aventureiros. Não imaginei que ele (Isaac) ficaria tão feliz. Deus não nos abandonou. Na portaria me disseram que foi a primeira vez que um pai sobe com um filho cadeirante. Não foi para realizar meu sonho, mas foi uma realização para Isaac, contou.
SUPERAÇÃO
O servidor público é ex-atleta profissional de corridas. Por problemas de saúde, passou por sete cirurgias e foi orientado a não mais disputar provas. O menino Isacc Rocha nasceu com paralisia cerebral, hidrocefalia e epilepsia. Por conta dele, Daniel voltou a correr.
Após o divórcio, se apaixonou pela mãe de Isaac e adotou o menino há cerca de seis anos. O pai e o filho de coração hoje são especialistas nas corridas de rua e viajam pelo país e pelo Espírito Santo atrás de provas. Segundo Daniel, 90% de suas participações são em solo capixaba.
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